A crescente onda de furtos de fios de cobre foi tema de audiência pública na Câmara Municipal de Campo Grande, na manhã desta sexta-feira (27). O debate foi convocado pela Comissão Permanente de Meio Ambiente, composta pelos vereadores Zé da Farmácia (presidente), Silvio Pitu (vice), Dr. Jamal, Betinho e Prof. André Luís, e reuniu representantes de empresas que prestam serviços de telefonia e representantes do poder público.
“Temos que bater a mão na mesa e resolver esse problema. E, para isso, é preciso ter coragem. Precisamos ter um serviço de inteligência para combater o furto de fios de cobre: onde ocorre? Como ocorre? Quem participa? As leis deveriam ser mais rígidas”, disse o vereador Prof. André Luís, proponente do debate.
Criminosos roubam a fiação elétrica pelo interesse no fio de cobre, já que o material está valorizado no mercado ilegal. O material furtado teria, inclusive, destino certo: ferros-velhos espalhados pela Capital e até mesmo o estado de São Paulo.
Segundo o advogado do Sindicel (Sindicato da Indústria de Condutores Elétricos, Trefilação e Laminados de Metais Não Ferrosos do Estado de São Paulo), Ricardo Junqueira Penteado, o material é furtado e reutilizado como sucata.
“Esses produtos irregulares são cabos elétricos que utilizam menos cobre. Você causa prejuízo ao consumidor e causa risco à vida, já que houve vários acidentes com morte. Em 2021, foram 40 mortes resultantes de incêndios causados por cabos irregulares”, alertou.
Para Luciano Sebastião Vilela, representante da Vivo, a empresa tem sofrido com o aumento no número de casos. “Esse ano, temos sofrido com um aumento de furtos acima do aceitável para nós. Vários clientes têm sido afetados em todo o Estado. O furto de cabos metálicos cresceu muito e a empresa não estava preparada para atender esse número”, alertou.
Rosemagno Pereira dos Santos, da empresa Claro, tem a mesma opinião. “O negócio está a cada dia piorando. A telefonia vem sendo massacrada. Você anda a cidade inteira e os cabos continuam sendo cortados. Precisamos sanar ou resolver um pouco esse problema. A telefonia vem sendo penalizada. Trabalhamos com empenho para melhorar o atendimento ao cliente, que não pode ser penalizado com isso”, cobrou.
Desde abril do ano passado, foram furtados mais de 15 mil metros de fios de cobre, causando mais de R$ 200 mil em prejuízo. E, segundo Emerson Gonçalo Pereira, representante da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), foram 17 mil metros de cabos furtados em 2021 e 2022 na Capital.
“Isso atrapalha o trânsito e as pessoas pensam que é problema da Agetran. Temos feito manutenção, colocando concertina, fazendo o que podemos. Fazemos, em média, 500 a 600 boletins de ocorrência por ano”, afirmou.
No último dia 9, a prefeita Adriane Lopes assinou o decreto que regulamenta a punição e intensifica ações sobre a proibição de aquisição, estocagem comercialização, reciclagem, processamento e beneficiamento de materiais metálicos ferrosos sem comprovação.
Conforme o decreto, o estabelecimento que comercializar o produto sem a comprovação da procedência ou origem, pode sofrer multa de R$ 10 mil reais, além da reclusão de 1 a 4 anos, cassação do alvará de atendimento do proprietário e sócio por 10 anos.
Para o Secretário Especial de Segurança e Defesa Social, Anderson Gonzaga da Silva Assis, os ferros-velhos ilegais têm crescido na Capital, o que agrava o problema. “Isso é um atrativo para que haja o aumento do furto, e o cobre é trocado por entorpecente. Tem que sair bons frutos daqui, principalmente do apoio das forças de segurança pública, principalmente da Polícia Civil”, defendeu.
Para o delegado Wellington de Oliveira, da Polícia Civil, é preciso ampliar a fiscalização e repressão sobre o crime. “É preciso videomonitoramento, as empresas identificando os suspeitos, mapeando pontos vulneráveis para identificar um padrão criminal para saber se uma, duas ou dez pessoas estão causando esse caos. Temos que aumentar essa cadeia de informantes para que possamos melhorar e chegar em um denominador comum”, sugeriu.
Em sua fala, o vereador Zé da Farmácia destacou a necessidade de denunciar os casos. “Tem que chegar a denúncia. Aí é onde envolve a sociedade, pois é um problema de todos nós. Não só da Guarda ou da Polícia. As autoridades precisam ser provocadas. A prefeita lançou o decreto e agora é hora de colocar em prática. É preciso combater esse crime, que traz inúmeros prejuízos para a população”, afirmou.
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