Pleiteantes ao cargo se mobilizam em torno de um novo projeto na cidade
Nos bastidores da política, em Dourados, um cenário intrigante começa a se desenhar a aproximadamente um ano antes das eleições municipais, com a possibilidade de uma frente ampla entre PSDB e PT, na cidade. Os protagonistas dessa conversa são o deputado federal Geraldo Resende, representante do PSDB, e o superintendente da SPU (Superintendência do Patrimônio da União), Tiago Botelho, do PT.
Em um cenário político onde o prefeito Alan Guedes, do PP, planeja a reeleição, a possível aliança entre Resende e Botelho, se concretizada, tornará difícil o embate político na maior cidade do interior de Mato Grosso do Sul.
Questionado sobre o assunto, Tiago Botelho afirmou, ao jornal O Estado, que teve uma conversa com Geraldo Resende sobre as dificuldades que a cidade enfrenta, atualmente. No entanto, ele enfatizou que, por enquanto, não foram discutidas alianças eleitorais. Botelho salientou que a preocupação atual é o bem-estar e o futuro de Dourados. “O presidente Lula nos ensina que a política é aliança de pessoas que pensam diferente em torno de um projeto comum. Tenho sempre dito que estou à disposição do diálogo. Dourados está no buraco. Para tirarmos o município da gestão incompetente do atual prefeito, precisamos de um projeto que vá além de nomes. Hoje, vejo mais nome do que projeto. Geraldo e eu conversamos sobre os desafios de Dourados. Falamos sobre a importância da união para melhorar a saúde, a educação e as questões centrais de Dourados. Em nenhum momento falamos de ser pré-candidato a vice ou a prefeito um do outro”, disse.
O petista também enfatizou que antes de conversar sobre futura aliança, o ninho tucano teria de resolver situações internas quanto aos pré-candidatos. “O PSDB tem vários pré-candidatos e eles terão que se resolver. O PT já optou por candidatura própria e eu estou pronto para ser pré-candidato a prefeito de Dourados. Isso não nos impede de ter um vice do PSB, PSDB, entre tantos outros. Uma coisa é certa: por onde passo, o que se comenta é o pífio desempenho do atual prefeito de Dourados. Até seus aliados bem próximos, ontem [quinta-feira, no lançamento do Novo PAC em Campo Grande], no evento, comentaram sobre a dificuldade de sua reeleição.”
A afirmativa de Botelho é correta, já que o PSDB em Dourados enfrenta desafios internos, com três possíveis interessados em concorrer à prefeitura: Zé Teixeira, Geraldo Resende e Lia Nogueira. Além disso, o ex-deputado Marçal Filho está prestes a trocar o PP pelo ninho tucano, acrescentando mais um elemento à equação política da cidade. Ainda no quadro, há conversas de bastidores de que o ninho tucano tenha convidado o vice-governador Barbosinha (PP) para auxiliar o partido, dando apoio na campanha que virá, claro que, nada oficial. O vice-governador disputou a prefeitura contra Alan Guedes em 2020 e perdeu. Enquanto deputado estadual, teceu duras críticas a Guedes e se filiou ao PP em 2022, após a senadora Tereza Cristina assumir o partido.
Novo projeto
O deputado Geraldo Resende explicou que tem conversado com todos os atores políticos do Estado, não só com o PT, mas também com lideranças locais que enxergam que Dourados precisa de um novo projeto. Resende diz que mantém boas relações e diálogos com deputados petistas como Zeca do PT, Vander Loubet e que isso é natural. Ele diz que não descarta união e alianças com nenhum partido.
“Logicamente entendo que tudo é baseado no diálogo e tenho a interpretação de que se nós não nos unirmos para resgatar e dar perspectiva de uma nova Dourados, tendemos a ficar com esse inconformismo. Estou conversando com diversos atores políticos que querem apresentar um projeto eficiente para a cidade de Dourados. A gente sabe que a situação está ruim há muito tempo, as gestões anteriores também foram sofríveis e não é só crítica à atual gestão, como também aos outros ex- -prefeitos, que passaram e não mudaram a realidade da cidade”, disse Resende.
O parlamentar afirma que Dourados caminha para ser uma metrópole e que, daqui a cinco anos pode chegar a meio milhão de habitantes, o que obriga os próximos gestores a preparar o município para atender a essa população. Ele faz críticas a serviços públicos que não funcionam.
“A saúde é uma calamidade. Todos os dias eu sou abordado por cerca de 10 a 15 pessoas, que não conseguem atendimento na rede municipal e estão nas filas. Na educação, não temos eficiência, não há foco em relação a vagas nas escolas, na educação básica e nas creches. Não me conformo com isso, porque é uma cidade muito rica. A folha de pagamentos da prefeitura é estratosférica e isso é um problema”, disse Geraldo.
O tucano reafirmou que está à disposição do partido e que, se for escolhido como pré-candidato, irá aceitar e que se não for, apoiará o melhor projeto. “Precisamos de projeto para colocar Dourados em um patamar de uma grande cidade. Quem tiver o melhor programa, com a melhor qualidade e apontar caminhos terá o meu apoio, se não for eu o escolhido. Ainda temos várias questões no partido e se eu for o candidato consenso, escolhido por diversas forças partidárias, eu aceito.”
Reeleição
Sobre os rumos políticos e as alianças que podem se formar, o prefeito Alan Guedes declarou, ao jornal O Estado, que está conversando com pessoas e partidos e que firmará acordos com aqueles que compartilhem de seu projeto e defendam bandeiras similares. “Temos conversado com vários atores do processo eleitoral, partidos, pessoas e agentes políticos. A questão das alianças ficará para o ano que vem, ou seja, uns 6 meses antes do período eleitoral. Estamos construindo um arco de alianças que tenha viabilidade político-eleitoral, para disputar a reeleição.”
Por Rayani Santa Cruz – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul
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