Vices são a “cereja do bolo” das chapas que disputam as eleições e o fato do escolhido assumir a titularidade na ausência do governador influencia na decisão
Por Rayani Santa Cruz – Jonal O Estado do MS
Com o quadro de postulantes ao governo formado em Mato Grosso do Sul, os oito candidatos a governo do Estado escolheram seus vices por diversos motivos. As qualidades, experiência, e linha ideológica foram levadas em consideração.
O analista político e advogado Tércio Albuquerque preferiu não particularizar cada candidato e disse de uma maneira geral, ao jornal O Estado, que são vários pontos relevantes a se considerar nessa formação. Ele destacou alguns pontos. “Primeiro, uma identidade partidária. Então, na hora de escolha de um vice, sempre alguém que tem a mesma caminhada partidária, a mesma agremiação. Um segundo ponto é que sempre há um envolvimento do candidato a vice em regiões em que o titular do mandato, ou o candidato titular, não alcança tanto. O vice é escolhido porque ele tem circulação naquele outro colégio eleitoral e pode agregar votos àquela candidatura, o que é importante.”
O terceiro ponto é a a estrutura financeira e em que o vice pode contribuir. Ele afirma que essas questões de estrutura partidária, financeira, particular, inclusive, observando em como ele poderá auxiliar na divulgação da campanha política com recursos financeiros para que haja uma alavancagem na candidatura.
O analista Tércio Albuquerque diz que o quarto ponto relevante é a relação de amizade entre o candidato e o vice. “Por vezes é imperioso existir entre o candidato principal e o seu escolhido para vice. Uma interlocução, uma liberdade de contato, de conversa, de familiaridade, de convivência para facilitar esse tipo de relacionamento que passa a existir neste momento.”
“E por último podemos destacar que o titular vai ficar por algum período, vai conceder para o vice assumir.”
Para o analista político professor Tito Machado, chapas como a de Adonis Marcos, Giselle Marques, e até do indígena Magno de Souza, são chamadas candidaturas alternativas, e que a elas não interessa somente o fator “vencer eleições”, e sim mostrar que existem concorrentes com pensamentos diferentes do habitual. “Não cabe a uma candidatura alternativa esconder a verdade ou minimizar fatos e atos. Vencer é para a candidatura alternativa, simplesmente, um mero detalhe, o seu compromisso é dizer, afirmar e reafirmar que existem grupos de pessoas que pensam diferente e se propõem agir e fazer diferentemente.”
Para Machado, a chapa do PRTB destoa do formato alternativo, mas é como se fosse. O empresário e advogado Humberto Figueiró disputa o cargo de vice, em chapa pura com o Capitão Contar. Eles apostam no eleitorado bolsonarista e conservador. “As diferenças substanciais – considerando o fato de ser de um partido de extrema-direita – se estabelecem perante a postura e uma condução do que é público [para todos] perante a postura ou à guisa de governo. Neste caso não é uma alternativa a considerar ante o que aqui está se discutindo.”
“Minha escolha foi uma história de trabalho”, diz Tânia Garib
A ex-secretária de Assistência Social Tânia Garib (MDB) foi a primeira a participar da rodada de entrevistas do jornal O Estado entre os candidatos a vice. Ela foi escolhida pelo ex-governador André Puccinelli (MDB), e diz que está preparada para enfrentar os 45 dias de campanha até 2 de outubro.
Garib acredita que sua chapa chegará ao segundo turno, e pondera que, se eleitos, a administração será técnica e baseada nas demandas da população. Garib destacou a importância de se ter um vice com capacidade técnica e diz que sua experiência de trabalho foi fundamental para ser escolhida.
“Acredito que o que pesou para minha escolha foi uma história de trabalho. O doutor André não ficou só no pensamento dele a escolha do meu nome. Ele deve ter ouvido as pessoas, porque faço parte da vida dele há muito tempo, desde que morávamos em Fátima do Sul. Creio que a maior razão tenha sido essa história de trabalho em todos esses anos que se passaram, como secretária, achando caminhos para que ele pudesse implantar projetos que efetivamente melhorasse a nossa população, corrigindo rumos quando necessário. E a segurança de que tem uma parceira para o que der e vier, e que estará pronta para a construção de projetos que beneficiem Mato Grosso do Sul.”
Na vida política, ela disputou cargo de vereadora em Campo Grande, e de vice-governadora ao lado de Junior Mochi em 2018.
“Na posição de vice-governadora com o André, quero destacar que temos uma sintonia de trabalho muito grande. Temos conhecimento de muitos anos. Fui secretária dele por 16 anos, além de ter sido secretária do Juvêncio [ex-prefeito de Campo Grande], e secretária do Nelsinho [ex-prefeito e atual senador]. E com André, a gente fala só de se olhar.”
Puccinelli já afirmou que, se eleito, Tânia ocupará a gestão da pasta, mas ela é ponderada, e cita que prefere aguardar as coisas acontecerem para destacar se haverá mudanças ou não. Porém, ela assegura que o período pós-pandemia exige que os gestores ajudem as pessoas a resgatarem suas vidas e retornarem ao mercado de trabalho, entre outras ações urgentes, imediatas e permanentes em setores de educação e saúde.
“Mato Grosso do Sul voltará a crescer, tanto no âmbito do direito das pessoas, a uma moradia, saneamento básico, e a uma educação que deve ser uma bandeira e fundamental. Não é mais possível falarmos em educação, sem olhar para as pessoas e não ver o sofrimento que estão passando.”
Tânia explica que o papel de vice, de maneira institucional, é substituir o titular em suas ausências e ele pode contribuir para adequar o financeiro, adequar as prioridades que o André Puccinelli já colocou em seu plano de governo.
“E irei ajudá-lo no que for necessário porque sei da dedicação e da garra que ele tem com o povo sul-mato-grossense. O doutor André sabe que a Tânia não é assim. Eu estarei ao lado, e trabalharei dobrado se ele precisar. Se também for escolhida como secretária de Assistência, estarei nos municípios de MS com qualificação profissional dos técnicos, cuidando religiosamente do financeiro para que todos os municípios recebam seus repasses. Serei uma parceira diária do governador, discutindo e apreendendo muito mais. Sou ávida ao conhecimento, mas fundamentalmente olhando para o povo mais vulnerabilizado de MS.”
As entrevistas continuam nesta terça-feira (16).
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