Campo Grande tem peso decisivo nas eleições estaduais, diz cientista político

Foto: arquivo
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Com mais de 646 mil eleitores aptos, segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de 2024, Campo Grande representa cerca de 31% do eleitorado de Mato Grosso do Sul. Essa concentração torna a capital um território estratégico para qualquer candidatura a cargos estaduais. No entanto, vencer na capital não significa vitória garantida no estado.

Quem afirma isso é o Doutor em Ciência Política e professor da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), Ailton de Souza, que analisou, em entrevista, o papel de Campo Grande nas disputas eleitorais e as dinâmicas entre capital e interior.

“Campo Grande é decisiva, tem um peso muito significativo para os candidatos a deputados estaduais, mas não é determinante. Ter um número de votos expressivo em Campo Grande vai ajudar, certamente, no processo de disputa eleitoral , mas não garante por si só a vitória”, afirma.

De acordo com Ailton, o peso da capital varia conforme o tipo de eleição. No cenário federal, a influência é mais limitada. “Campo Grande é a 19ª capital em número de eleitores. É um peso significativo? Sim, mas ele ainda é muito intermediário. A 19ª posição não coloca como um colégio eleitoral tão decisivo”.

Já nas eleições estaduais, o cenário é diferente: “Campo Grande hoje, sozinha, equivale a praticamente os quatro maiores municípios do Estado — pegando aí Dourados, Três Lagoas e Corumbá. Já há um número de eleitores de Campo Grande que supera”.

Além disso, a capital concentra os principais meios de comunicação de MS. “Campo Grande tem o maior número de jornais, tem também as televisões com sede em Campo Grande, tudo isso ajuda na penetração visual, audiovisual para todo o Estado”, destaca. “Mesmo que a gente tenha hoje as redes sociais e a internet como meio de divulgação de propostas, estar em Campo Grande, usar Campo Grande, é sempre algo significativo. É algo potencializador das campanhas”.

Quando questionado sobre a correlação entre vencer em Campo Grande e garantir a vitória no estado, Ailton é cauteloso: “Não temos um dado específico que aponte essa correlação positiva. Embora Campo Grande seja decisivo, não é certo que ganhar na capital vai levar esse candidato ao governo do Estado ou à eleição como deputado”.

Segundo ele, a campanha eleitoral é complexa e depende de múltiplos fatores. Ele cita um exemplo da eleição de 2022: “Após uma fala do ex-presidente Bolsonaro dizendo que o seu candidato no Estado era o Capitão Contar, o Capitão Contar saiu das últimas posições de preferência para o governo do Estado para passar para um dos candidatos com alto potencial de ser eleito. Mesmo sendo de Campo Grande, o peso do interior foi determinante para sua projeção eleitoral”, analisa Souza.

Outro caso semelhante ocorreu também nas eleições de 2022, onde o então prefeito de Campo Grande Marquinhos Trad renunciou a prefeitura para disputar o Governo do Estado e ficou em 5° lugar, também sendo de Campo Grande. Ou seja, a capital é estratégica, mas não substitui o trabalho nos pequenos e médios municípios, que somados representam uma parcela significativa do eleitorado estadual.

Por Brunna Paula

 

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