As plataformas se tornam cada vez mais o púlpito de políticos, e IAs são debatidas na Justiça Eleitoral
Nas últimas eleições, as redes sociais se tornaram uma das principais ferramentas para a conquista de voto e para a visibilidade de figuras políticas. Em Mato Grosso do Sul, os perfis dos deputados federais que mais chamam a atenção pelo quantitativo de engajamento são Marcos Pollon (PL) e Rodolfo Nogueira (PL), na ala direitista da Câmara Federal, e a Camila Jara (PT) na esquerda. Os vídeos publicados chegaram a ultrapassar 100 mil visualizações.
Já para os outros deputados, os números são mais modestos. Dr. Luiz Ovando (PP) conta com 88 mil seguidores, sendo o quarto mais seguido. Seguido pelo ex-candidato a prefeitura, Bato Pereira (PSDB) conta com 39 mil. Geraldo Resende (PSDB), Dagoberto Nogueira (PSDB) e Vander Loubet (PT) possuem menos de 20 mil cada.
O perfil de cada parlamentar varia. Pollon, Rodolfo Nogueira e Ovando seguem um viés mais militante; Beto Pereira, Dagoberto, Resende e Loubet apresentam uma imagem mais institucional do seu mandato; já a petista Camila Jara, é a que mais se diferencia, com uma imagem mais descontraída e que se aproxima mais dos jovens.
Ailton de Souza, professor de ciências políticas, explica que os lares brasileiros estão com maior acesso à internet e os políticos estão acompanhando a tendência. “Fazer uso das redes sociais é sempre importante e traz impactos significativos. Eu diria que hoje não usar redes sociais seria como um apagamento de um determinado nome”.
Há um outro fator que impacta a imagem de uma figura política são os posts patrocinados. Para o professor, os políticos que pagam para aparacerem nas ferramentas de buscas e na timeline para promover a candidatura. “Ao abrir a rede social vai dar sempre aquela matéria ou aquela notícia que favorece um candidato não tão conhecido ou faz lembrar daqueles que já são conhecidos. Então, uma vez
que se usa das redes sociais, o candidato, ele tem mais chance, tem um maior impacto no processo eleitoral”.
O uso desse espaço virtual deve se potencializar ao passo que a data do pleito se aproxima. O domínio dos algoritmos é fundamental para ter melhores resultados. Um candidato pode se tornar conhecido por um eleitor quando se pesquisa sobre um assunto e vê que ele o defende.
Arma
Ao mesmo tempo, as redes sociais se tornaram uma forma de propaganda eleitoral propensas a fake news e ao mau uso das Ias (inteligências artificiais) generativas. Imagens, vídeos, áudios e podcasts podem ser facilmente manipulados e criados para espalharem desinformações e mentiras. Com produções que o olho humano despreparado consegue entender como verídico, é preciso tomar cuidado ao consumir conteúdos políticos.
Em artigo, Vinícius Monteiro Paiva, advogado e especialista em Direito Público e Eleitoral, aponta que as fake news, aliadas as IAs, representam novas formas de falsificação e é a principal ameaça ao processo democrático. Seriam instrumentos de manipulação da opinião pública e as ferramentas de criação de áudios e imagens danificam à lisura eleitoral.
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) vedou o uso de conteúdo fabricado ou distorcido usado para espalhar informações falsas ou descontextualidades quando comprometem as Eleições. Reafirma que a liberdade de expressão não é irrestrita a fraude, punindo candidatos que divulgarem fake news.
Para Ailton, o uso da ferramenta não deve ser um problema, ao menos para uso direto do candidato e acredita que será uma tendência entre as figuras. “Acho que o ponto importante é fazer que se cumpra o que está estabelecido nas normativas. Uma vez que é cumprida, o candidato pode fazer uso, criar vídeos, etc., sempre obedecendo aos preceitos do que exige o direito eleitoral”.
Por Lucas Artur