Bolsonaro prepara viagem para Suriname e Guiana com foco em cooperação em energia

Divulgação/Facebook
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RICARDO DELLA COLETTA E MARIANNA HOLANDA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Jair Bolsonaro (PL) deve viajar na próxima semana para Guiana e Suriname, em uma agenda voltada para cooperação na área de energia e na qual haverá um diálogo exploratório sobre possíveis projetos de conexão da rede de eletricidade guianesa com o estado de Roraima.

De acordo com interlocutores, a ida do mandatário aos dois países fronteiriços estava prevista desde antes da pandemia de coronavírus, mas precisou ser adiada em diferentes ocasiões devido à crise da Covid-19. A viagem deve durar dois dias, com início previsto para 20 de janeiro.

Embora compartilhem fronteiras com o Brasil, ambos países registram um tímido comércio com o vizinho. Com o Suriname, o Brasil exportou US$ 38,5 milhões em 2021 e importou US$ 1,2 milhão. Com a Guiana, o fluxo de comércio foi de US$ 111,7 milhões exportados e US$ 6,8 milhões importados.

O plano é que Bolsonaro e os presidentes dos dois países tratem principalmente de cooperação em energia. O presidente deve passar pelas capitais Georgetown, na Guiana, e Paramaribo, no Suriname. Os dois países sul-americanos registraram recentes descobertas nas áreas de petróleo e gás.

A ideia, afirmam diplomatas, é aproveitar a demanda guianesa e surinamense por projetos de cooperação em energia e em outras áreas para uma aproximação política com o Brasil.

Visitas presidenciais a Guiana e Suriname são pouco frequentes. Segundo o Itamaraty, Dilma Rousseff (PT) foi a última presidente a visitar Paramaribo, em 2013, devido à cúpula da Unasul (União de Nações Sul-Americanas). Já o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o último mandatário brasileiro a passar por Georgetown. Ele esteve na capital guianesa em 2007, para a cúpula do Grupo do Rio.

Também está no cardápio das conversas um diálogo inicial sobre possíveis planos de conexão da rede de energia da Guiana com Roraima. O estado no norte do Brasil é o único que não faz parte do SIN (Sistema Interligado Nacional) e dependeu durante anos de eletricidade importada da Venezuela, mas, com a crise no país caribenho, passou a ser abastecido cada vez mais por termelétricas.

Uma das prioridades do governo Bolsonaro é a construção do linhão de Tucuruí, para ligar Roraima ao SIN. A avaliação, no entanto, é a de que a viagem a Guiana e Suriname pode ser usada para avaliar novas opções de parceria para reforçar o abastecimento de eletricidade ao estado.

Consta na agenda de Bolsonaro reuniões com os presidentes Irfaan Ali, da Guiana, e Chandrikapersad Santokhi, do Suriname. Diplomatas ainda tentam confirmar se haverá uma reunião trilateral. De acordo com interlocutores, diante das recentes descobertas, os governos de ambos os países manifestaram interesse em saber como funcionam órgãos reguladores do Brasil, como a Agência Nacional do Petróleo.

Também deve haver conversas sobre capacitação de forças policiais da Guiana e do Suriname e uma apresentação sobre o funcionamento da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos). Por fim, está na agenda discussões sobre temas consulares, uma vez que existe uma comunidade expressiva de brasileiros nos dois países que se dedica ao garimpo.

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