Estado é rota de entrada de entorpecentes e o País monitora a presença de substâncias como os nitazenos
Mato Grosso do Sul segue como um dos principais pontos de entrada de drogas no Brasil, devido à sua extensa faixa de fronteira com o Paraguai e a Bolívia. Em 2024, a Receita Federal apreendeu cerca de 5,7 toneladas de entorpecentes no Estado, incluindo 5 toneladas de maconha e derivados, como haxixe e skunk, além de 700 kg de cocaína e 1 kg de MDMA. Contudo, o alerta agora se estende para uma nova ameaça: os nitazenos, uma categoria de NSP (Novas Substâncias Psicoativas) que chamou a atenção de autoridades nacionais e internacionais.
O MJSP (Ministério da Justiça e Segurança Pública) apresentou na última sexta-feira (24), em Brasília (DF), um estudo inédito que detalha os riscos e a presença dos nitazenos no Brasil. Essas substâncias são opioides sintéticos com alta potência, podendo ser milhares de vezes mais fortes que a morfina. Embora a circulação confirmada dos nitazenos esteja concentrada no eixo Sul-Sudeste, as autoridades sul-mato-grossenses permanecem atentas, dada a posição estratégica do Estado como corredor para o tráfico internacional.
Riscos e monitoramento de novas substâncias
Os nitazenos foram desenvolvidos na década de 1950 como potenciais analgésicos, mas nunca chegaram a ser comercializados devido ao alto risco de abuso e overdose. Recentemente, sua presença foi identificada em 95% das amostras analisadas pela Polícia Civil de São Paulo entre julho de 2022 e abril de 2023. No entanto, ainda não há registros oficiais de apreensões dessas substâncias em Mato Grosso do Sul.
Apesar disso, outras drogas continuam sendo motivo de preocupação local, como a maconha proveniente do Paraguai e a cocaína boliviana, que frequentemente passam pelas cidades de Ponta Porã, Corumbá e Dourados antes de serem distribuídas para outros estados ou exportadas para a Europa.
Além das drogas conhecidas, especialistas alertam para a crescente diversificação do mercado ilícito, com a introdução de substâncias sintéticas e adulteradas. Em outros estados, o metonitazeno, principal nitazeno identificado no Brasil, já apareceu em forma de vegetal seco, indicando uso por inalação. Essa tendência reforça a necessidade de vigilância constante.
“Ainda não detectamos nitazenos em Mato Grosso do Sul, mas o estudo nacional destaca a importância de anteciparmos estratégias para evitar uma possível disseminação. Estamos reforçando parcerias entre a Polícia Federal, Receita Federal e outros órgãos para monitorar o mercado de drogas na região”, destacou a SEJUSP (Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Estado) em nota oficial.
Combate ao tráfico e ações integradas
As operações em Mato Grosso do Sul seguem em ritmo intenso. A Receita Federal, em colaboração com as Forças Armadas, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal, tem intensificado a fiscalização nas fronteiras. Ponta Porã e Corumbá são os principais pontos de entrada de drogas devido à proximidade com países produtores.
Além disso, ações nacionais como o PNID (Programa Nacional de Integração de Dados Periciais sobre Drogas) e o SAR (Subsistema de Alerta Rápido sobre Novas Drogas) têm fortalecido o monitoramento e a troca de informações sobre substâncias como os nitazenos.
Por Roberta Martins
Confira as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram