A Justiça de Mato Grosso do Sul autorizou ontem (27) o empresário Fahd Jamil Georges, 79 anos, o “Fuad”, a deixar a cirurgia do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros) para realizar cirurgia emergencial no coração. É a primeira vez em 45 dias que o “Rei da Fronteira” sairá da sua cela desde que decidiu se entregar por ser ameaçado pelo PCC (Primeiro Comando da Capital). A decisão foi assinada pelo juiz da 1 ª Vara Criminal de Campo Grande, Roberto Ferreira Filho.
Segundo o despacho, a necessidade de uma cirurgia foi descoberta pelos peritos que realizaram os exames a pedido da defesa de Fuad e do Ministério Público Estadual para avaliar o pedido de prisão domiciliar por conta das necssidades especiais dele no cárcere.
Os exames constataram que o réu apresenta “doença arterial obstrutiva periférica”, alteração causada pela obstrução ou estreitamento dos vasos artérias. Ao indicar a cirurgia de urgência, o médico Alex Kanomata levou em consideração o “estado de estresse” do paciente.
“Considerando história clínica, as condições atuais do paciente, estando em situação de stress com possibilidade de alterações extremas de pressão arterial, exame físico e de imagens, está indicado correção cirúrgica (endarterectomia carotídea ou angioplastia com stent) de urgência, a fim de evitar acidente vascular isquêmico cerebral, este com risco de ocorrência de 10- 20% em situações normais”, disse Kanomata.
O médico que assina o laudo ainda afirma que Fuad também apresenta perda de memória recente e alterações comportamentais compatíveis com depressão e ansiedade, apesar de estar lúcido e consciente.
Assim que a cirurgia foi autorizada, a defesa de Fahd comunicou a necessidade de transferência do cliente para um hospital com capacidade para atender as necessidades cirúrgicas, o que deve ser feito nos próximos dias. Para garantir a segurança do réu, a unidade hospitalar não foi divulgada. O Estado não conseguiu contato com o advogado do empresário até a conclusão desta edição.
A autorização de Fuad para receber atendimento em um hospital vem um dia após o ex-deputado estadual e comandante da Polícia Militar, José Ivan de Almeida, 66, ser preso acusado de cobrar uma dívida de R$ 80 mil de dois empresários do ramo da construção civil que teriam pego dinheiro emprestado com a quadrilha chefiada pelo “Rei da Fronteira”. Um de seus sobrinhos, Patrick Samuel Georges Issa, 43, também foi detido na mesma ação.
O Estado apurou que a notícia deixou Fuad ainda mais abatido. O empresário vem tendo problemas de insônia, preocupado com o filho, Flávio Corrêa Jamil Georges, 36, que segue foragido e também está na mira do PCC.
Além dos advogados, Fuad recebe no cárcere a visita de poucos amigos e familiares. Muitos foram somente levar pertences ao “Rei da Fronteira”, entre eles o colchão especial onde ele dorme e o aparelho que o ajuda a respirar.
O caso
Fuad e seu filho são acusados por três crimes na Operação Omertá: organização criminosa dedicada ao tráfico de armas, milícia armada, corrupção de agentes públicos e assassinato. O “Rei da Fronteira” alega que sua vida corre risco se for levado para um presídio do Estado. Além disso, o seu advogado, Gustavo Badaró, completou afirmando que não há unidade com estrutura adequada no Estado para garantir o tratamento mais apropriado para seu cliente.
(Rafael Ribeiro)
