UPAs não terão mais farmácias depois de Sesau receber determinação por escrito, do Ministério da Saúde

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Foto: Divulgação

As farmácias das UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) de Campo Grande estão com os dias contados. Isso porque, das seis unidades da Capital, apenas três estão com farmácias funcionando e, até o fim deste ano, todas estarão fechadas. A determinação, que não é nova, parte do Ministério da Saúde e deverá ser cumprida.

Ao jornal O Estado, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) afirmou que, com exceção da UPA Universitário, onde não há mais farmácia, e da UPA Vila Almeida, que está em reforma, as demais unidades de urgência contam, atualmente, com serviço de dispensação externa de medicação. O município conta com seis UPAs e quatro CRSs (Centros Regionais de Saúde).

“Cabe esclarecer que este tipo de serviço contraria a portaria de funcionamento das UPAs, uma vez que, conforme a regulamentação do Ministério da Saúde, este tipo de unidade não deve contar com farmácia. No passado, foi ventilada a possibilidade de abertura das chamadas ‘farmácias satélites’, que funcionariam em horário diferenciado, para atender a demanda eventual”, ressaltou.

Ainda conforme a secretaria, o fechamento das farmácias, nas Unidades de Pronto Atendimento, não apresenta um desfalque para a população, tendo em vista que o serviço é disponibilizado em todas as unidades básicas e de saúde da família.

“É importante ressaltar que a população conta com 74 unidades básicas e de saúde da família espalhadas pelas sete regiões e distritos do município, que contam com farmácia para a retirada de medicamentos de uso contínuo, além das unidades especializadas, como o CEM, CAPS, Cedip e CTA, onde são dispensados (entregues) medicamentos de uso controlado e para tratamento de doenças específicas”, esclareceu.

As farmácias das unidades dos bairros Moreninha, Santa Mônica e Coronel Antonino ainda funcionam. No entanto, a orientação é para que os usuários procurem as farmácias das UBSs (Unidades Básicas de Saúde). Conforme o secretário de Saúde, Dr. Sandro Benites, a medida não é nova e o ministério sempre orientou a não ter farmácia em UPA, por meio de portaria.

Com isso, o município precisará se adequar, já que recebeu, por escrito, a determinação. “As farmácias que já não estão funcionando, vão continuar sem funcionar, seguindo o protocolo do ministério. A procura tem que ser na unidade básica e a tendência é fechar a das outras UPAs, também. Isso é em todo o país, não apenas aqui, na Capital. É certo que elas irão fechar ao longo do ano e, provavelmente, vamos pedir ao ministério para que pelo menos uma fique aberta, mas, até o momento, a informação é de que não poderá. A determinação é que sejam fechadas as três que ainda restam. Vamos recorrer sobre isso”, salientou o secretário.

De acordo ainda com Sandro, Campo Grande será a primeira capital a receber uma visita técnica do Ministério da Saúde ainda neste semestre, o qual deverá verificar diversas situações, inclusive a permanência ou não das farmácias nas unidades.

Usuários

Nas UPAs, a medida tem desagradado a população e algumas unidades não tem passado a informação de que o fechamento será permanente, aos pacientes. Na Vila Almeida, um recado colado na parede informa que a farmácia está em reforma e que deverá ser reaberta.

No Universitário, apesar de alguns usuários afirmarem que a farmácia está fechada há tempos, outros pacientes ainda ficam surpresos com a notícia. Elda Souza, de 57 anos, é uma das que não sabia da situação.

“Confesso que eu não sabia do fim das farmácias na UPA. Lá dentro não tem uma placa ou cartaz avisando isso, estamos sabendo apenas da reforma, crentes de que voltaria a funcionar. Hoje é minha irmã que está internada e com certeza precisará de remédios, como faremos agora e daqui pra frente?”, questionou a radialista.

Sem acreditar na mudança, o gerente de loja Valdeir Rodrigues, de 46 anos, relatou ser usuário da Unidade de Pronto Atendimento com frequência. “Temos criança pequena e como vai ficar, nos fins de semana e no período da noite, quando as UBS estão fechadas? Não dá para esperar até segunda-feira para pegar remédio no posto, doente não espera. Aí cabe a nós comprar os remédios, nas farmácias, mesmo sem condições, muitas das vezes. Para fechar as farmácias nas UPAs, precisam pensar, antes, na população, que passa pela consulta e já vai até a farmácia pegar medicamentos”, reclamou o pai de família.

Aguardando do lado de fora da unidade do Universitário, enquanto um parente recebia atendimento médico, o pedreiro Antônio Marcos, de 43 anos, recebeu a notícia, pela reportagem.

“Até agora, eu nunca tinha ouvido falar que a farmácia vai fechar. Já era difícil conseguir o medicamento quando tinha farmácia aqui, imagina agora, que não vai ter mais. Cada dia que passa, a saúde fica mais precária para quem não tem condição de arcar com as despesas em um hospital particular. Agora, é esperar e ver como vamos ter que nos virar, para pegar os remédios”, finalizou.

Por Brenda Leitte  – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul

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