Prefeita Adriane Lopes reforça que semanalmente pede ajuda ao governo do Estado para cobrir custos da saúde
Pacientes do interior de Mato Grosso do Sul que precisam de atendimento médico especializado diariamente são enviados para a Capital para que passem por consultas com médicos especialistas e façam exames de alta complexidade. Na edição anterior do Jornal O Estado foi noticiado o trabalho executado pela Casa de Apoio de Campo Grande que oferece alimentação, transporte e um lugar para descanso, garantindo dignidade a quem enfrenta dificuldades de saúde longe de casa.
Na manhã de ontem (12), a equipe de reportagem conversou com os pacientes que utilizam o serviço, que evidenciam tanto a gratidão pela assistência recebida, quanto as dificuldades enfrentadas nas cidades de origem, onde faltam equipamentos e estrutura para procedimentos mais complexos.
Segundo José Echeverria,73, que veio desde a cidade de Porto Murtinho, distante 438 km de Campo Grande, para tratar um problema no coração. Em seu município existe atendimento médico, mas nem tudo pode ser resolvido lá. “No caso de coração, tem que vir aqui. Lá não tem muita coisa”, relata. A viagem foi tranquila, e ele soube da Casa de Apoio por meio da assistência médica de sua cidade.
Na mesma situação está Silvia Mônica,42, que mora em Costa Rica, município distante 327 km da Capital, e busca tratamento para um problema na coluna. “Os exames que dá pra fazer lá, a gente faz. Os que não dá, eles mandam a gente pra cá”, explica. Sua consulta estava marcada para as 16h30, e dependendo do horário do atendimento, ela poderia precisar pernoitar na Casa de Apoio.

Os exames que dá para a gente fazer lá, a gente faz. Mas tem alguns que só fazemos aqui (Campo Grande) Silvia Mônica, 42 anos, moradora de Costa Rica-MS – Foto: Nilson Figueiredo
Quem também é de Costa Rica e veio para a Capital em busca de uma consulta foi Ione Felix da Silva, 60. Em seu caso, ela seria atendida por um médico cirurgião devido ao desgaste no osso do quadril. Para ela, a limitação estrutural da cidade é o principal problema. “Lá tem médico que pode operar, mas não tem o recurso. Falta centro cirúrgico, falta equipamento”, afirma. Ainda assim, ela reconhece avanços, como a instalação de uma unidade de hemodiálise na cidade.

Lá não tem muita coisa, preciso de consulta para um tratamento do coração e tem que vir para cá José Echeverria, 73 anos, morador de Porto Murtinho – Foto: Nilson Figueiredo
Casa de Apoio
Além da assistência médica, os pacientes destacam o papel fundamental da Casa de Apoio na estadia em Campo Grande. Para Ione, o local representa um grande alívio para quem não pode arcar com despesas de hospedagem e alimentação. “Aqui a gente come, dorme, é bem tratado. Essa casa é uma grande ajuda pra nós, porque quem é pobre não tem como pagar hotel e comida”, destaca.
Outro ponto positivo apontado pelos pacientes é o transporte oferecido pela Casa de Apoio. “Se não tivesse, a gente teria que pagar Uber ou mototáxi para ir e voltar do hospital. Aqui eles levam e buscam no horário certinho”, acrescenta Ione.
Além do suporte básico, a Casa de Apoio também funciona como um espaço de acolhimento emocional. A paciente conta que sofre de depressão e que a convivência com outras pessoas na mesma situação a ajuda a enfrentar os desafios. “Aqui a gente conversa, faz amizade, e percebe que sempre tem alguém com um problema maior. Isso aqui é uma terapia”, afirma.
Apesar das dificuldades, os pacientes reconhecem o esforço das prefeituras e dos profissionais de saúde de suas cidades. Muitos acreditam que, com mais investimentos em estrutura e equipamentos, poderiam realizar mais tratamentos sem precisar se deslocar da cidade de origem.
Prefeita pede ajuda ao Estado
Em entrevista à Rádio Difusora Pantanal, na manhã de ontem (12), a prefeita Adriane Lopes (PP) reforçou que a Capital não negará os atendimentos aos moradores de outras cidades, mas reforça que é necessário um maior apoio do governo do Estado e dos prefeitos para que juntos auxiliem nos custos dos tratamentos destes pacientes.
” Temos 956 mil habitantes e 1,4 milhão de cartões SUS. Eu tenho batido na porta do governador Eduardo Riedel semanalmente pedindo ajuda para Campo Grande, porque fazemos parte do Estado e, se não bastasse, temos 1/3 da população e atendemos às cidades do interior. Eu conversei com um prefeito ontem e ele me disse: ‘Prefeita, eu mando todos os dias para Campo Grande 40-50 pessoas que fazem hemodiálise e atendimentos de alta complexidade. Se fechar a porta, vai morrer muita gente no meu município’. E eu então disse que não vamos fechar as portas, mas eu não posso prejudicar os munícipes de Campo Grande, vou atender, mas vou mandar a conta para os prefeitos”, reforça.
Por Roberta Martins
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