Trad negou ligação com servidor, mas nomeou mãe na Secretaria de Governo

No mês de maio deste ano, servidora teria sido transferida para trabalhar no Paço Municipal

O ex-prefeito Marquinhos Trad, candidato a governo do Estado pelo PSD, negou ligação com o ex-servidor preso por coação no curso do processo, corrupção ativa de testemunhas e favorecimento à prostituição, mas nomeou a mãe dele na Secretaria Municipal de Governo e Relações Institucionais em julho de 2021.

Segundo a edição nº 6.360 do Diário Oficial de Campo Grande, do dia 22 de julho do ano passado, onde foi publicada a portaria, ela foi nomeada ao cargo de gestor de projeto, a contar do dia 8 de julho, pelo então chefe do Executivo municipal, Marquinhos. Entretanto, dias depois, no Diário nº 6.376, de 5 de agosto, a servidora já foi designada pelo secretário Antônio Cézar Lacerda Alves para outro cargo: compor o Comitê de Relações Intersetoriais de Gestão Pública.

Mas não parou por aí, em março deste ano ela deixou a Secretaria de Governo e passou a compor o quadro de servidores da SAS (Secretaria de Assistência Social), conforme publicação no Diário Oficial de Campo Grande do dia 1º de abril. Mas a servidora não ficou nem dois meses, isso porque ela passou a ser lotada no gabinete da prefeita, conforme apostila publicada no Diário municipal do dia 20 de maio, que traz na mesma edição a decisão que torna a apostila de mudança para a SAS sem efeito.

A equipe questionou a Prefeitura de Campo Grande para saber se a mãe do ex-servidor segue lotada no Paço Municipal, mas até o fechamento desta edição não recebeu resposta.

Vale lembrar que foi ao fim do debate que ocorreu no dia 26, feito pelo SBTMS e Top Mídia News, que Trad, em entrevista ao jornal O Estado, afirmou que não tinha ligação com o ex-servidor preso. O ex-prefeito justificou ainda que ele nunca foi lotado em seu gabinete e ainda que era funcionário do município como os outros 27 mil servidores. “Em 2020, quando ele teve a primeira previsão, eu mandei e exonerei ele. De lá pra cá ele nunca mais retornou”, disse.3

Sobre o ex-servidor, o Ministério Público ofereceu denúncia no último dia 22 de setembro contra ele. Conforme decisão da juíza da 3ª Vara Criminal de Campo Grande, a denúncia foi recebida, o que o torna, formalmente, réu pela prática dos crimes. Ele está preso desde o dia 1º de setembro. Já Trad está sendo investigado desde o dia 18 de julho pelos crimes de assédio sexual, tentativa de estupro, estupro e favorecimento à prostituição, supostamente cometidos no período em que esteve à frente da Prefeitura de Campo Grande.

Intimações

Marquinhos já foi intimado duas vezes para depor na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), entretanto, como já era esperado, ele não compareceu na delegacia. O candidato a governo tenta protelar a oitiva para depois do pleito eleitoral, no dia 2 de outubro. Na primeira vez, marcada para as 14h do dia 21 de setembro, Trad alegou à imprensa que não havia sido intimado, no entanto o jornal O Estado teve acesso ao documento onde consta a assinatura da sua advogada Andrea Flores, com a data de recebimento da intimação do dia 19 de setembro.

A segunda intimação foi entregue pessoalmente durante agenda do ex-prefeito no município de Dourados, onde de forma manuscrita, abaixo da assinatura de recebimento, já alegou que não compareceria por motivos de agenda eleitoral em Três Lagoas. Inclusive, no mesmo dia, Trad tentou junto ao TRE e na 3ª Vara Criminal de Campo Grande prorrogar o depoimento para depois das eleições, mas o pedido foi negado. A juíza Eucélia Moreira Cassal deferiu em partes o pedido da defesa, autorizando apenas a mudança de dia e hora da segunda intimação, que era prevista para o dia 23, às 10h.

Por Rafaela Alves – Jornal O Estado do MS.

Veja também: Trad nega ligação com ex-servidor preso no dia 1º de setembro

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