O ex-funcionário é réu por coação, corrupção ativa de testemunhas e favorecimento à prostituição
O ex-prefeito Marquinhos Trad, candidato a governo pelo PSD, questionado pela prisão preventiva do ex-servidor municipal, por crimes de coação no curso do processo, corrupção ativa de testemunhas e favorecimento à prostituição, afirmou que não tem nenhuma amizade e nega a rede de prostituição dentro da Prefeitura de Campo Grande.
Marquinhos justificou, durante entrevista a O Estado, ao fim do debate realizado nesta segunda-feira (26) pelo SBTMS e Top Midia News, que o ex-servidor nunca foi lotado em seu gabinete e ainda que era funcionário do município como os outros 27 mil funcionários. “Em 2020 quando ele teve a primeira previsão, eu mandei e exonerei ele. De lá pra cá ele nunca mais retornou. Portanto, ele é mais amigo do Carlos Alberto de Assis e do Riedel do que meu”, disse.
Vale ressaltar que o Ministério Público ofereceu denúncia no último dia 22 de setembro contra o ex-servidor. Conforme decisão da Juíza da 3ª Vara criminal de Campo Grande, a denúncia foi recebida, o que o torna, formalmente, réu pela prática dos crimes. Ele está preso desde o dia 1º de setembro.
Já Trad está sendo investigado desde o dia 18 de julho pelos crimes de assédio sexual, tentativa de estupro, estupro e favorecimento à prostituição, supostamente cometidos no período em que esteve à frente da Prefeitura de Campo Grande.
Marquinhos já foi intimado duas vezes para depor na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), entretanto, como já era esperado, ele não compareceu na delegacia. O candidato ao governo tenta protelar a oitiva para depois do pleito eleitoral, no dia 2 de outubro.
“Eles tiveram desde julho para me ouvir e querem me ouvir faltando três, quatro dias das eleições com uma agenda completa. Eles foram lá em Dourados, se eles fossem tão eficientes assim para combater o crime, se eles fossem tão rápidos pra dar o reajuste às forças de segurança, se eles fossem tão rápidos para descobrir a verdade”, indagou.
Na primeira vez, marcado para as 14h do dia 21 de setembro, Trad alegou à imprensa que não havia sido intimado, no entanto, o jornal O Estado teve acesso ao documento onde consta a assinatura da sua advogada Andrea Flores, com a data de recebimento da intimação do dia 19 de setembro.
A segunda intimação foi entregue pessoalmente durante agenda do ex-prefeito no município de Dourados, onde de forma manuscrita abaixo da assinatura de recebimento já alegou que não iria comparecer por motivos de agenda eleitoral em Três Lagoas.
Inclusive, no mesmo dia, Trad tentou junto ao TRE e na 3ª Vara Criminal de Campo Grande prorrogar o depoimento para depois das eleições, mas o pedido foi negado. A juíza Eucélia Moreira Cassal deferiu em partes o pedido da defesa, autorizando apenas a mudança do dia e hora da segunda intimação que era prevista para sexta-feira (23) às 10h.
Marquinhos Trad e suas advogadas mantiveram nesses dois meses de investigação o discurso de que o inquérito policial aberto para investigar os supostos crimes contra a dignidade sexual não passa de uma armação política. Inclusive, chegou a dizer, em uma entrevista ao SBTMS, que punirá todos que estão “armando” contra ele, caso eleito.
No entanto, Marquinhos já buscou na 3ª Vara Criminal de Campo Grande o afastamento da delegada, Maíra Pacheco Machado, sob o comando do inquérito policial. Mas sem sucesso.
Caso Proinc também faz parte de armação, diz ex-prefeito
Um outro inquérito policial envolvendo a gestão de Marquinhos Trad também foi aberto para investigar possíveis irregularidades dentro do Proinc (Programa de Inclusão Profissional). O programa sempre foi tema de discussão, mas ganhou força com o inquérito que investiga o ex-prefeito pelos crimes contra a dignidade sexual, uma vez que a moeda de troca supostamente seria o emprego na prefeitura municipal, segundo informações preliminares.
A investigação que é presidida pela delegada titular do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), Ana Cláudia Medina, começou as oitivas do inquérito no último dia 16 de setembro. Questionado sobre se poderia também ser intimado a depor por este inquérito, Marquinhos garantiu que esse também não passa de uma armação política.
“Mais uma armação, eles viram que a questão do assédio não deu certo, eles partiram para o Proinc, mas está tudo correto. O que nós fizemos no Proinc foi humanizar. O programa, que é uma lei de 2010, que foi elaborada para ajudar as pessoas acima de 45 anos na sua grande maioria, para obter uma vaga no mercado de trabalho porque eles não conseguiam ter”, explicou.
O candidato a governo do Estado ainda assegurou que fez muitas mudanças dentro do programa. “Primeira coisa, não tinha limite de contratação quando eu entrei, tinham quase oito mil e eu limitei a 9% do número de funcionários públicos. Criei uma junta de exame para saber se de fato aquela pessoa preenchia os requisitos. Fui mais além, eu criei 5% de vagas para mulheres vítimas de violência doméstica e criei 5% de vagas para ressocialização e reeducação, está tudo no Ministério do Trabalho”, finalizou.
Por Rafaela Alves – Jornal O Estado do MS
Veja também: Trad é intimado durante agenda em Dourados, após negar ter sido notificado
Leia a edição impressa do Jornal O Estado do MS.
Acesse as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram.