Entretanto, advogada de defesa do candidato recebeu primeira intimação na última segunda-feira (19)
Por Rafaela Alves – Jornal O Estado do MS
O ex-prefeito Marquinhos Trad, candidato ao governo pelo PSD, foi intimado nesta quinta-feira (22), em Dourados, onde cumpria agenda, depois de ter afirmado que ficou sabendo pela imprensa sobre a intimação. Isso porque a equipe de reportagem do jornal O Estado teve acesso ao documento onde consta a assinatura da advogada de defesa de Trad, Andrea Flores. Ela recebeu a primeira intimação no dia 19 de setembro, última segunda-feira, às 13h30.
Entretanto, sobre a intimação, como disse o próprio ex-prefeito ao ser questionado se as advogadas teriam recebido o documento, “a intimação é um ato personalíssimo”, ou seja, somente a própria pessoa poderia assinar. Com isso, o documento só teria validade caso constasse em procuração que a advogada poderia receber por ele [a intimação].
O inquérito policial aberto no dia 18 de julho investiga Marquinhos pelos crimes de assédio sexual, tentativa de estupro, estupro e favorecimento à prostituição, supostamente cometidos no período em que esteve à frente da Prefeitura de Campo Grande.
No entanto, já era esperado que o ex-prefeito Marquinhos Trad não comparecesse à Deam (Delegacia Especializado de Atendimento à Mulher) para depor na quarta-feira (21). Isso porque, segundo informações, o candidato pretende protelar a oitiva para depois das eleições, no dia 2 de outubro.
Mas o fato de não comparecer à delegacia pode piorar a situação de Trad, uma vez que ele pode responder por mais um crime, o de desobediência, previsto no artigo 330 do Código Penal, que descreve a conduta criminosa como sendo o ato de não acatar ordem legal de funcionário público.
Repercussão
O caso ganhou repercussão nacional depois que o site nacional Metrópoles soltou a informação de que Trad estava sendo investigado por assédio sexual no dia 20 de julho. Inclusive, três dias depois, o portal trouxe outra matéria com trechos de uma conversa de WhatsApp entre uma das denunciantes e o ex-prefeito datados dos dias 11 e 12 de maio de 2020 e que inclusive faz parte da investigação da Polícia Civil.
Vale ressaltar que foi também ao portal Metrópoles que Marquinhos revelou que manteve relações extraconjugais, de forma consensual, fora da prefeitura, com, pelo menos, duas das denunciantes.
Mas foi diante dos relatos das mulheres que o denunciaram que no dia 9 de agosto foi realizada uma diligência no Paço Municipal, onde foi feito o reconhecimento dos possíveis espaços onde os crimes de assédio sexual supostamente eram cometidos e apreendidos dois computadores da recepção do gabinete para perícia.
Marquinhos Trad e suas advogadas seguem, nesses dois meses de investigação, com o discurso de que o inquérito policial aberto para investigar os supostos crimes contra a dignidade sexual não passa de uma armação política. Inclusive, chegou a dizer, em uma entrevista ao SBTMS, que punirá todos que estão “armando” contra ele, caso eleito. No entanto, Marquinhos já buscou na 3ª Vara Criminal de Campo Grande o afastamento da delegada, Maíra Pacheco Machado, sob o comando do inquérito policial. Mas sem sucesso.
Réu por coação, corrupção e favorecimento à prostituição
Vale lembrar que ainda pesa contra o ex-prefeito a prisão do ex-servidor lotado no gabinete de Trad, Victor Hugo Ribeiro Nogueira. Ele foi indiciado pelos crimes de corrupção ativa de testemunhas, coação no curso de processo e favorecimento à prostituição. O Ministério Público ofereceu denúncia, que foi acatada nesta quinta-feira (22) pela juíza contra Vitor Hugo.
Conforme decisão da Juíza da 3ª Vara Criminal de Campo Grande, a denúncia contra Vitor Hugo foi recebida, o que o torna, formalmente, réu pela prática dos crimes de coação no curso do processo, corrupção ativa de testemunhas e favorecimento à prostituição.
Cabe lembrar que Victor está preso desde o dia 1º de setembro; ele foi flagrado pelo sistema de câmeras de um cartório de Campo Grande acompanhando uma das possíveis vítimas do ex-prefeito a fazer documento que retira o depoimento de acusação dado dias antes.
Veja também: Marquinhos Trad desconversa sobre ter faltado no depoimento
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