Superlotação é apenas mais um dos problemas do Hospital Universitário

Foto: Em meio ao debate,
pacientes sofrem em
leitos improvisados, nos
corredores da unidade/Arquivo O Estaddo
Foto: Em meio ao debate, pacientes sofrem em leitos improvisados, nos corredores da unidade/Arquivo O Estaddo

Denúncias apresentam cirurgias canceladas, falta de médicos e embate por troca da superintendente

A superlotação é apenas uma ponta do iceberg no Humap-UFMS/Ebserh (Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian). Há falta de anestesistas, cirurgias foram suspensas, setor de hemodinâmica fechado e baixa rotatividade dos leitos. Nos últimos dias, algumas cirurgias foram canceladas e, em dois dias, três cirurgias ortopédicas não foram realizadas, sem motivos concretos. Além disso, a reclamação ainda inclui a falta de médicos anestesistas na instituição de saúde, o que pode acarretar cancelamento de cirurgias.

Denúncias apresentadas ao jornal O Estado apontam que o embate entre a reitoria da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) emperra a indicação na direção do HU. A atual, Dra. Andréa de Siqueira Campos Lindenberg, está no posto desde o dia 1º de janeiro de 2023 e conta com apoio do reitor, Marcelo Augusto Turine. O nome cotado para ser seu sucessor seria o do Dr. Izaias Pereira da Costa, que já atua como professor titular da Faculdade de Medicina da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), inclusive tem apoio da bancada federal e do ministro da Casa Civil, Rui Costa. 

O jornal O Estado visitou a PAM (Pronto Atendimento Médico) do HU e constatou filas nos corredores. Há pacientes esperando por horas para atendimento médico. Na maternidade, há superlotação e mães recebem atendimento pós-natal em leitos improvisados. Outra reclamação foi sobre o suposto fechamento do setor de hemodinâmica do HU. Segundo a denúncia, ele está fechado há alguns dias. A informação da suspensão dos serviços foi confirmada pelo próprio hospital, ao jornal O Estado. A reclamação ainda inclui a falta de médicos anestesistas na instituição de saúde, o que pode acarretar o cancelamento de cirurgias. Sobre os anestesistas, na matéria divulgada na edição passada, a assessoria de imprensa do hospital já havia confirmado o déficit de profissionais. 

Há falta de interesses de profissionais 

Em contrapartida, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) informou que ainda não foi notificada oficialmente da situação e esclareceu que a indisponibilidade de especialistas em áreas específicas e a falta de interesse de atuar em instituições públicas ou filantrópicas é uma realidade que atinge todo o país. “A composição e a devida manutenção do quadro funcional é de responsabilidade dos hospitais, não tendo estes profissionais vínculo com o município. Desta forma, é necessário que estas instituições estabeleçam políticas de incentivo para recruta mento destes profissionais”, explicou.

A secretaria ainda ressaltou que mantém diálogo aberto com todas as instituições conveniadas e prestadores de serviços e têm intensificado as tratativas para que haja a devida manutenção nos atendimentos.

‘Humap opera além da capacidade’

Em nota, o Humap-UFMS/ Ebserh informou que o setor de hemodinâmica está com os atendimentos suspensos por falta de materiais que foram fracassados no processo licitatório. Segundo o hospital, uma nova licitação foi aberta para aquisição desses materiais e alguns deles foram empenhados com previsão de chegada na próxima semana, sendo possível retomar a realização dos exames do setor.

Sobre a falta de anestesistas, o hospital confirmou que vem enfrentando essa situação há algum tempo. “Diversos concursos foram abertos para a especialidade, mas não existe o interesse por parte dos profissionais. O Humap possui contrato com uma empresa terceirizada de anestesia, no entanto, a mesma não possui o quantitativo necessário para os procedimentos no hospital. No próximo mês, um novo processo licitatório será aberto para contratação de uma nova empresa terceirizada de anestesia. Portanto, esse déficit de recursos humanos acaba impactando na realização dos procedimentos cirúrgicos do hospital”, esclareceu.

Em relação à falta de rotatividade de leitos, conforme a instituição, essa afirmação não procede. “O Humap vem operando além de sua capacidade, com leitos a mais que o contratualizado”, ressaltou. A equipe de reportagem procurou a Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), mas não obteve retorno até o fechamento desta edição. 

Turine versus indicação da bancada 

Em meio à crise de saúde, o Humap convive com um embate político, de quem vai comandar a superintendência do hospital. No posto por indicação do reitor Marcelo Turine, Andréa de Siqueira Campos Lindenberg vem sofrendo pressão para deixar o cargo. Há uma articulação para que seja trocada pelo médico concursado da UFMS, Dr. Izaias Pereira da Costa, ex-secretário de Saúde do Estado. A bancada federal tenta emplacar, mas encontra resistência, já que Izaias não é considerado da base política de Turine. O médico foi procurado pela equipe de reportagem para discorrer sobre o assunto, mas preferiu não se pronunciar.

Por Tamires Santana  Cruz– O ESTADO DE MS
Confira mais notícias na edição impressa do Jornal O Estado do MS.

Acesse também as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *