Semed admite que faltam profissionais para atender as crianças especiais

Semed
Foto: Nilson Figueiredo
Entretanto, chefe da Divisão de Educação Especial garante que os alunos não ficam desassistidos

Com o retorno das aulas presenciais depois de dois anos de pandemia da COVID-19 e aulas remotas, o número de crianças especiais matriculadas na Reme (Rede Municipal de Ensino) aumentou. Segundo a Semed (Secretaria Municipal de Educação), somente em um mês, de 8 de abril a 10 de maio, foram realizadas 100 novas matrículas para crianças especiais.

A rede possui hoje aproximadamente 3.092 alunos especiais, mais estudantes que o número de matriculados na maior escola da rede, a Padre Tomaz Ghirardelli, com 2,5 mil alunos. Do total, 1.339 são autistas; se comparado com o número de matriculados na rede em 2017, aproximadamente 350 alunos com o autismo, o crescimento foi de 282%.

Com isso, a pasta afirmou que realmente está faltando profissionais de apoio, entretanto a chefe da Divisão de Educação Especial, Lizabete Coutinho de Lucca, assegurou que, mesmo sem o profissional, o aluno não fica desassistido.

Foto: Nilson Figueiredo

“Peçamos à família que confie em nós e que aguarde, o profissional de apoio vai chegar. E enquanto ele não chega, nós temos o professor do atendimento educacional especializado, que é da sala de recursos, nos temos os técnicos da educação especial que ficam dentro das unidades, auxiliando essa criança, ela não vai ficar sozinha. Em momento algum deixamos esses alunos desacompanhados ou desprovidos, não é assim que funciona”, declarou.

Ainda nesta semana, segundo informação da secretaria, cerca de 70 profissionais de apoio devem ser contratados. Atualmente a Reme conta com 1.160 profissionais de apoio, que são eles: os AEIs (assistentes de educacional inclusivo), APEs (assistentes pedagógicos especializados) e os interpretes de libras. Lizabete destacou ainda que um profissional de apoio pode atender até seis crianças por sala e que esse quantitativo depende do comprometimento de cada aluno.

“É um profissional de apoio por sala e não por aluno. A gente avalia o nível de comprometimento das crianças que estão dentro da sala para ver o quanto de aluno com deficiência poderão ficar naquela sala. Claro que temos, por exemplo, os alunos com autismo grave, e nestes casos ele é o único aluno especial da turma”, disse.

A chefe da Divisão de Educação Especial salientou ainda que o profissional de apoio não é o professor do aluno especial; ele vai adequar as atividades, mas o conteúdo é de responsabilidade do professor regente.

“Nós somos uma rede regular de ensino, em que as crianças estudam em classes comuns e fazemos a inclusão dos alunos com deficiências, com transtornos e outras dificuldades. Nós não somos uma escola especial, como, por exemplo, a Juliano Varela. Então quando o pai matricula a criança na Reme, ele aceitou as regras e ele está fazendo a inclusão, os pais precisam entender que o professor do seu filho é o professor regente em sala de aula, não o profissional de apoio”, explicou.

Mães recorrem à Justiça para conseguir educadores especializados para autistas

Foto: Valentin Manieri

Além da falta de vaga para alunos especiais na Rede Municipal de Ensino, mães de crianças com autismo reclamam da ausência de profissionais com especialização em educação especial. Em entrevista ao jornal O Estado, a voluntária do Amar (Grupo de Apoio aos Pais e Familiares de Autistas) de MS, Lidiane Luz, relatou os desafios enfrentados pelas mães de crianças assistidas pelo grupo.

“São crianças com autismo severo, as mães estão bem cansadas, não tem vaga nas escolas, não tem acompanhantes em sala. A secretaria de educação não está tendo como acomodar essas crianças em sala, a Semed mostra que está fazendo as convocações, mas a gente sabe que isso não está acontecendo porque desde o começo do ano essas crianças estão sem suporte e já estamos em meados do segundo semestre”, relatou a voluntária.

Grace Kelly, 39, mãe de uma criança autista de 9 anos, conta que chegou a conseguir vaga na Reme, porém a pessoa que auxiliava o filho não tinha formação em educação especial. “Quase dois meses do pedido de matrícula e desde o primeiro dia foram informados e até hoje não possuem profissional capacitado. Chegaram a mandar alguns técnicos que não eram profissionais formados, cada dia uma pessoa diferente. No último dia que eu mandei ele pra escola às 7h, a técnica chegou às 8h. Meu filho voltou supernervoso pra casa aquele dia, nunca tinha me mordido e me mordeu duas vezes. Pro autista não tem condições essa rotatividade. E eles precisam de alguém para ensiná-los e não de uma babá que os leve apenas ao banheiro”, reclamou a mãe, que entrou com reclamação na Defensoria Pública de Campo Grande.

Texto: Rafaela Alves e Suelen Morales – Jornal O Estado MS

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2 thoughts on “Semed admite que faltam profissionais para atender as crianças especiais”

  1. E o estado procurando desculpas não ECONOMIZAR – sobrecarregando o profissional AEE, enquanto tem profissionais apoio no aguardo de vaga e volta ao trabalho !
    Pais lutem pelo direito dos filhos! Ter apoio educacional é direito e não favor !

  2. Os pais estão acomodados acreditam nas promessas,tem que ir no MP,fazer valer a lei Berenice Azambuja eu estudei fiz pós em inclusão e diversidade,me tiraram para colocar um AEI,o meu aluno já estava copeando do quadro,juntando as sílabas para formar palavras,retrocedeu e professor regente me contou que a AEI pegava na mão dele para escrever,fiquei muito mal quando me contaram! Quem perde é a criança 🤦💔💔💔😭😭😭😭😭😭

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