Riedel une apoios e sai forte no primeiro ano de mandato

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Foto: Nilson Figueiredo/Jornal O Estado MS

Governador completa um ano de mandato e se consolida como líder político

Ao concluir um ano de mandato, o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), conseguiu se manter equilibrado do alto do trapézio. Por mérito pessoal ou pelo grupo que o cerca, encabeçado pelo ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB), Riedel emplacou a estratégia certa e continua a usá-la para minar qualquer oposição ao seu governo. Nada de novo até aqui, já que essa foi a receita de sucesso de seu antecessor, que continua dando certo. 

Já no segundo turno das eleições em 2022 trouxe, para seu lado, o PT (Partido dos Trabalhadores) e conseguiu conquistar parte do eleitorado bolsonarista, graças à estratégia de outra influência poderosa, a ministra Tereza Cristina (PP), que usou e abusou da sua influência sobre Bolsonaro, evitando que ele concentrasse seu apoio no candidato rival, considerado “bolsonarista, de fato! E não de foto”. No fim, o fato e a verdade confundiram o eleitorado, que acabou dividido, resultando na vantagem de quem já tinha do seu lado “a máquina na mão”. 

Após a vitória, Riedel passou a remar em águas tranquilas. Com as alianças conquistadas anteriormente, mirou os ex- -adversários e conseguiu, novamente, praticamente, a hegemonia. Além do PT, já conquistado, mas com quem negociou espaço no governo, que chegou a gerar turbulência com Zeca do PT, que chegou a chiar, mas acabou se conformando com as subsecretarias. No total, foram nomeados por Riedel, no início do ano, 9 nomes indicados pelo PT, entre eles, a bancada indicou o nome de Washington Willeman de Souza, como diretor-presidente da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural). 

Além disso, na época, o governador acomodou nomes ligados à ministra Tereza Cristina (PP) e Azambuja, nomeando Marcos Santullo na Funtrab (Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul) e Ademar Silva Júnior como secretário-adjunto da Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), apadrinhados de Tereza. Entre os de Azambuja, Rudel Espíndola Trindade Júnior, no Detran (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul), Maria do Carmo Avesani Lopez, na Agehab (Agência de Habitação Popular de Mato Grosso do Sul), entre outros. Parte desses nomes não permaneceu nos cargos, como, por exemplo, Marco Aurélio Santullo (PP). 

De ex-adversários a aliados 

Seu partido articulou a reaproximação de André Puccinelli (MDB), que tinha deixado uma sementinha no ninho tucano, com a permanência de Eduardo Rocha (MDB) no governo estadual e sua esposa, Simone Tebet, que acabou ministra no governo do PT. Outros adversários vieram, uns agora sabemos que nem tão adversários, como no caso de Adonis Marcos (PSOL), que aceitou um cargo logo no início do mandato de Riedel. E, temos ainda, Rose Modesto (União Brasil), que por meio de declarações deu sinais de seguir o mesmo curso do rio. Tem um alvo que ainda não está claro se foi atingido. Por mais que a senadora Soraya Thronicke (Podemos) esteja se esforçando para se reaproximar do PSDB, ainda não é certo se Azambuja irá lhe perdoar por entrar na Justiça contra ele. 

Elogios e apoios dos deputados 

Na Asssembleia, elegeu Gerson Claro (PP) como presidente da Casa de Leis. Recebe constantes elogios de Zeca do PT, algo que não se viu no passado. Dos 24 deputados, Riedel tem apoio de 22. Isso, sem falar na possibilidade do deputado Rafael Tavares (PRTB), que é 1º, entre os dois de oposição, a perder o mandato na Justiça, em 2024. Caso aconteça, Riedel teria apenas o deputado João Henrique Catan (PL) como crítico. O governador conseguiu elogios até de ministros do Lula, que estiveram no Estado anunciando recursos vindos do governo federal e tapando o buraco da ausência do presidente por aqui, reduto do conservadorismo. 

O que ficou faltando 

Na educação, apesar de conceder reajuste para professores, Riedel não igualou o salário de concursados e convocados, como sinalizou em campanha para os educadores. Ainda na educação, Riedel não resolveu a questão salarial histórica do setor administrativo, que recebe um dos menores salários. Mas, concedeu R$ 300 de vale-alimentação para servidores efetivos.

Também não cumpriu a promessa de dissolver as Escolas Cívico-Militares no Estado, o que assinou numa carta para a Fetems. Ao contrário, enquanto o presidente Lula pôs fim ao Pecim (Programa das Escolas Cívico-Militares), Mato Grosso do Sul manteve as quatro escolas estaduais no programa. No entanto, as escolas perderam o protagonismo visto nos anos anteriores. 

De acordo com a SED (Secretaria de Estado de Educação), o programa conta com quatro unidades escolares em território estadual, sendo duas em Campo Grande – a Professor Alberto Elpídio Ferreira Dias e a Marçal de Souza Tupã-Y – além de unidade educacional em Maracaju e outra em Anastácio (escola estadual Maria Corrêa Dias). O governo enfrentou onda de violência nas escolas, com brigas e episódios de esfaqueamento. 

Ainda no final do ano, Riedel foi surpreendido com as operações contra a corrupção do Gaeco, que o levaram a exonerar o adjunto da Casa Civil, Flávio Brito e o adjunto da Secretaria de Educação, Édio Castro. Além de outros servidores estaduais, também envolvidos. 

O ano foi encerrado com servidores aposentados protestando nas cerimônias e na Alems, contra os 14% de desconto na folha. Os protestos passaram despercebidos pela maioria da população e a questão ficou para trás, neste ano. 

Promessas cumpridas

Todos esses fatos fizeram de 2023 um ano tranquilo para o governador, que deve mostrar a que veio, realmente, no próximo ano. Mas, a “herança bendita”, como ele diz, de Reinaldo, possibilitou que ele cumprisse algumas promessas de campanha, entre elas, uma das mais populistas, o aumento do Bolsa Família. Com o apoio da Assembleia, conseguiu aumentar de R$ 300 para R$ 450 o valor do benefício, atendendo boa parte do eleitorado, que é carente. 

Anunciou também um pacote de redução de impostos. Aliado a isso, manteve o ICMS, que apesar de ser considerado um destaque desse primeiro ano pelo governo, há que ser avaliado, já que seu antecessor foi o responsável por um dos maiores “arrochos” no bolso do contribuinte, colocando o ICMS na lista do mais altos do país, no começo da pandemia por covid-19. O que permitiu que agora Riedel não alterasse esse tributo, diferente de outros Estados. 

Um dos maiores destaques do seu primeiro ano de governo, foi a aprovação da primeira legislação estadual, com o objetivo de proteger o Pantanal. O que rendeu os maiores elogios para o governador, que é biólogo de formação. A Lei do Pantanal determina regras para o cultivo agrícola, a produção pecuária e criou um fundo para programas de pagamento por serviços ambientais. 

Por –  Daniela Lacerda

 

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