Projeto visa impulsionar a produção de leite no estado, e baratear o produto nas prateleiras

leite
Foto: divulgação

A pecuária leiteira de Mato Grosso do Sul vem passando por dificuldades e não é de hoje. Especialistas do agro apontam que profissionalização da atividade, investimento em tecnologia, entre outras ações podem mudar positivamente esse cenário, e refletir também nos preços do produto nas prateleiras. Nesta semana, a Frente Parlamentar do Leite da ALEMS (Assembleia Legislativa de MS) apresentou ao governador do estado, Eduardo Riedel, um projeto que tem como o principal foco: o melhoramento genético e a produção de leite.

“Essa movimentação da Frente parlamentar é muito importante. E me chama atenção ser um projeto voltado à genética, como uma das bases para melhoria da produtividade. E pode fazer a diferente, porque tem a pré-seleção”, afirmou Riedel.

De acordo com o economista do SRCG (Sindicato Rural Campo Grande – MS), Stanley Barbosa, o setor leiteiro é uma frente produtiva de muita importância para o nosso estado, sobretudo porque abarca uma parcela muito grande de produtores rurais, que vão desde o pequeno até o grande.

“Vejo, portanto, com muita seriedade esse esforço que o governo do estado vem fazendo junto aos parlamentares que apoiam o setor para incentivar a genética e consequentemente a produtividade da cadeia leiteira em nosso estado. Uma das grandes questões da produção leiteira em nosso estado é justamente a falta de competitividade, em que muitos produtores, sobretudo os pequenos, deixam a atividade por não conseguirem acompanhar os avanços tecnológicos que o mundo da ciência traz para o setor”, pontua o especialista no agro.

Questionamos ainda a Barbosa sobre os preços do produto fica ainda mais em conta para o consumidor final, nos supermercados. Tendo em vista que em média a caixinha de leite é vendida, em média, por R$ 4,45 de acordo com a pesquisa de preço realizada pelo jornal, em seis estabelecimentos de Campo Grande.

“É o que se espera, pois a partir de ações concretas no campo político, no sentido de melhorar a produtividade e estimular a cadeia leiteira, há um dinamismo maior na produção que se traduz em competitividade para pequenos e médios produtores, que antes não tinham, mas que passam a ter acesso a novas tecnologias. Ao mesmo tempo, parte deste incremento se traduz em preços e custos mais baixos nos demais elos da cadeia produtiva. A partir daí, alguns elos podem se beneficiar mais e outros menos, a depender da organização, do poder de barganha e de como estarão distribuídos os lucros ao longo da cadeia leiteira”, detalha.

Pecuária leiteira

O governador, Eduardo Riedel, se reuniu com o deputado estadual e coordenador da Frente, Renato Câmara, além do secretário executivo de Desenvolvimento Econômico Sustentável da Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Rogério Beretta, e outros representantes da área, para discutir sobre melhorias ao setor.

O projeto de melhoramento genético para pecuária de leite, foi desenvolvido por professores da UEMS (Universidade do Estado de Mato Grosso do Sul) – que também participaram da reunião –, voltado à melhoria do rebanho e, consequentemente, da produção.

“Vem atender o problema da pecuária de leite, que é a baixa produtividade do nosso rebanho. É muito interessante, importante dizer que a Câmara Setorial do Leite tem pronto para ser aprovado, um plano de fomento da pecuária de leite, o Proleite. Este projeto está alinhado com os objetivos do plano, é de melhoramento genético. É um ato que faz com que o rebanho melhore rapidamente e consiga aumentar os índices de produtividade e produção de leite no Estado todo”, afirmou Beretta.

A Frente Parlamentar do Leite foi criada para subsidiar com informações técnicas e dados estatísticos, as iniciativas legislativas de interesse da sociedade sobre o tema, em especial aquelas voltadas à produção, industrialização e comercialização do leite e seus derivados. E ainda para estimular a atividade de produção leiteira no Estado.
“Sabemos que os produtores de leite enfrentam dificuldades e o cenário é desestimulante. Nossa intenção é mostrar uma alternativa. Estamos vendo o projeto como uma maneira de virar essa chave”, afirmou Câmara
Bovinocultura de leite nos últimos 7 anos

Um levantamento feito pelo departamento técnico do Sistema Famasul avaliou as cadeias produtivas na bovinocultura de leite e corte em Mato Grosso do Sul.
Entre 2015 e 2022 o leite registrou valorização de 185,76%. De acordo com a consultora técnica, Eliamar Oliveira, anualmente, apresenta-se uma distinção clara entre período de safra e entressafra.

“Este é um comportamento padrão no ano. Nos meses mais chuvosos, em que o pasto apresenta melhor qualidade, a quantidade de alimento para as vacas é abundante e propicia aumento da produção, o preço médio do leite é menor. Quando ocorre a redução das chuvas, há o prejuízo no desenvolvimento dos pastos, diminui a capacidade de alimentação para o rebanho, consequentemente reduz a produção e os preços se elevam”, analisa.

Em sete anos de observação, os preços dos meses mais secos do ano superam em média 12,4% os valores dos meses mais chuvosos. A produção de leite sofreu redução significativa de 45,42% neste período, entre 2015 e 2022.

As razões da queda podem estar relacionadas à falta de estímulo ao produtor que decide migrar para uma atividade mais rentável e a predominância de pequenas áreas e baixa escala de produção.

Em Mato Grosso do Sul, cerca de 55% da produção de leite em Mato Grosso do Sul é oriunda de áreas de até 50 hectares, segundo o Censo Agropecuário de 2017 do IBGE. “As atividades da cadeia produtiva nessas áreas, necessitam de desenvolvimento de sistemas produtivos aprimorados em disponibilidade de alimentação para o rebanho, manejo reprodutivo e melhoramento genético para garantir volume de produção constante”, destaca a consultora.

Por Suzi Jarde.

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