Professor deseja que Capital seja cidade de leitores

Sendo personalidade na “Cidade Morena”, Ronilço Guerreiro tem uma missão com a Capital, que é a de transformar a Campo Grande em uma cidade de leitores. Criador de projetos como o “Livros Carentes”, “Gibiteca”, “Gibicicleta” e a mais recente “VanTeca”, desde 1995 esse sonhador batalha para fomentar o hábito da leitura nos campo-grandenses, esteja ele onde estiver.

Com inúmeras ações sendo realizadas quase que simultaneamente, Ronilço conta que: “o projeto cresceu muito e muitas vezes temos dificuldades para retirar livros e até abastecer os terminais, pois não recebemos ajuda financeira para pagar as despesas e temos dificuldades até com o combustível da Vanteca. Graças a Deus temos uma população ativa que nos ajuda abastecendo os terminais de ônibus com livros. São voluntários, que chamo de padrinhos e madrinhas das estantes dos terminais”.

Sobre a primeira iniciativa, que recebeu ajuda das embaixadas da França e Austrália após uma gravação em fita, o que começou com 120 gibis, de acordo com Ronilço: “a Gibiteca hoje tem um acervo de mais de vinte mil exemplares, são HQ’s antigas e de valor histórico muito grande, bem como ganhamos muitos livros. Estamos precisando de estantes e de um contêiner para guardar os livros. Atualmente temos uma funcionária que é cedida pela prefeitura, bem como as contas de luz, água e telefone do projeto são pagos por amigos e pelo meu salário de professor”.

“Eu costumo dizer que sou o resultado do não que disse a todos os nãos que recebi na minha caminhada. Eu não desisto jamais, pois acredito muito na cultura e educação como ferramenta de transformação social. Como professor eu sempre digo: Se for para desistir, devemos desistir de ser fracos né.. por isso sigo neste sonho: Fazer de Campo Grande uma cidade de leitores”.

Fã de quadrinhos, revela ainda que: “em 1995 muitas pessoas viravam a cara quando eu falava de gibi, falavam que era de péssima qualidade, que não era literatura e que não iria dar certo. Foi desafiador, mas sempre acreditei que através dos quadrinhos poderíamos incentivar à leitura, pois os quadrinhos são coloridos, textos curtos e que prende a atenção das crianças e adolescentes”.

“Agora tenho uma mania de ‘esquecer’ livros nos carros. Um dia esqueci um livro em um carro no Comper ceara, no final da tarde recebi uma mensagem de uma senhora dizendo: ‘Você deixou um livro no meu carro hoje la no Comper, quero te agradecer, pois estou passando por sérios problemas na minha vida, estou desempregada, briguei com meu marido e meus filhos estão me condenando. Entrei no per para pegar uma bebida forte para tomar com um remédio, queria dar um ponto final na minha vida. Quando cheguei no carro encontrei um livro de Augusto Cury que falava sobre vida, superação… fiquei lendo o livro dentro do carro e chorei muito. Hoje se estou de pé foi graças aquele livro’”, lembra ainda Ronilço.

De todo seu trabalho, o profissional da educação conta que: “queria fazer mais, mas não tenho estrutura, pois sou professor, trabalho no Senai há 16 anos, entro 13h e saio as 22h… só posso atuar no período matutino e nos finais de semana. Mas o que mais me alegra e poder provocar nas pessoas o amor pelo livro e principalmente ser referencial para muitas pessoas que querem criar algum projeto. Tenho recebido mensagens do Brasil todo de pessoas pedindo informações, perguntando como consegui realizar o projeto, ou seja, viramos referência”.

“Eu aprendi que não é que as pessoas não gostam de ler, e que o livro não chega nas mãos do leitor. Por isso sigo em frente, quero democratizar o acesso ao livro, para quem sabe mudar as pessoas e as pessoas mudar o mundo. Sou um ativista da cultura e educação, pois no lugar onde não existir investimentos e atrativos na área cultural, com certeza a violência vira espetáculo”, destaca Ronilçço Guerreiro.

Finalizando, o professor diz: “eu só tenho agradecer e principalmente perceber que as pessoas colaboram muito, atualmente a própria população esta abastecendo os terminais, isso é fantástico. Mas precisamos que mais pessoas se envolvam no projeto, colocando livros nos terminais, ajudando na organização das estantes, mantendo limpas e não jogar lixos nas estantes. Ah… precisamos também que as pessoas peguem livros mas depois devolva. Livros parados não contam histórias”.

(Texto: Leo Ribeiro)

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