Prefeitura quita duas parcelas do Reviva de uma conta a ser paga até 2042

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Foto: Nilson Figueiredo/Jornal O Estado MS

Dos 56 milhões do empréstimo, é pago 1,9 milhão de dólares por ano, aproximadamente R$ 10 milhões

Mais uma herança deixada pelo ex-prefeito Marquinhos Trad é a dívida com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) sobre o financiamento do Reviva. O empréstimo feito foi de 56 milhões de dólares e, até o momento, teve duas parcelas pagas pela prefeitura, um total de 1,970 milhão de dólares, aproximadamente R$ 10 milhões. A amortização da dívida começou a ser feita em setembro de 2022.

Conforme o município, o valor da parcela é fixado em 985 mil dólares e são duas por ano (nos meses de março e setembro).

A terceira parcela vence em setembro deste ano. O financiamento feito em dólares encarece o projeto e ainda deixou um conta a pagar até 2042, ou seja, para as próximas seis legislaturas. A prefeita Adriane Lopes esteve em Brasília, na semana passada, para prestação de contas do andamento do programa com BID.

Ao jornal O Estado, ela afirmou que em seu mandato cumprirá com os pagamentos e explicou como tem feito para arcar com a quitação das parcelas, que são pagas em dólar, com recursos próprios, advindos da arrecadação municipal. “É um valor alto, a nossa equipe tem um planejamento, a minha equipe da Secretaria de Finanças, junto com a Catiana, do Planejamento Estratégico, vem trabalhando pontualmente para que a gente tenha esse valor agregado, para poder cumprir com o contrato”, assegurou a prefeita.

Com o valor do empréstimo e pertencentes às obras do Reviva, segundo a subsecretária de Gestão e Projetos Estratégicos, Catiana Sabadin, ainda não foram concluídas a Vila dos Idosos (em execução), Cadastro de Drenagem e o projeto de Tecnologia da Informação – Cidade Inteligente, ambos em licitação.

“Já foram finalizadas a requalificação da rua 14 de Julho, em 2019, e a revitalização da área central, em 2022, junto com a revitalização do Corredor de Transporte da Rui Barbosa”, acrescentou.

Conforme a prefeitura, o contrato do Reviva Campo Grande encerra em dezembro de 2023 e, com isso, como dinheiro está em caixa, o que extrapolar o prazo contratual será executado com rendimentos da conta.

Revitalização

O Programa Reviva Campo Grande começou com a revitalização do centro e, especificamente, da rua 14 de Julho, considerada a principal rua da região central. As obras nas vias começaram em junho de 2018. A empresa Engepar Engenharia venceu a licitação para executar a revitalização pelo custo de R$ 49,2 milhões, mas o contrato milionário precisou de um termo aditivo e passou a custar mais de R$ 60,4 milhões.

O dono da empresa, Carlos Clementino, afirmou, em entrevista ao jornal O Estado, que não teve problemas para receber pelo serviço prestado e que, inclusive, além da 14 de Julho também foi vencedor de uma das etapas de requalificação do quadrilátero central pertencente à segunda etapa do programa.

“Os pagamentos eram feitos a partir das medições dos serviços e nunca, durante o tempo de obra, tivemos dificuldade em receber. Olha que essa foi uma obra bastante complexa e com muitos detalhes”, disse.

A obra teve duração de 17 meses e foi planejada com o conceito de devolver a rua aos pedestres, tirando da 14 de Julho o status de via de passagem. “Quando pensamos na requalificação da via, imaginávamos justamente que a população se apropriasse do espaço urbano, com novas formas de curtir a região.”, disse Catiana, sobre os novos usos da 14 de Julho.

Na via foram instaladas ilhas de descanso, com lugar para sentar, lixeiras especiais, todo um mobiliário direcionado ao bem-estar. E dentre as inovações do projeto, está a instalação de rede de wi-fi em toda a via e câmeras de segurança em cada quadra.

Além da requalificação de dez quadras da rua 14 de Julho, entre as avenidas Fernando Corrêa da Costa e Mato Grosso, o Reviva Campo Grande fez investimentos nas vias transversais, que vão da avenida Calógeras até a rua Padre João Crippa, e da avenida Fernando Corrêa até a Mato Grosso. As ruas passaram por intervenções, junto ao Corredor de Transporte da Rui Barbosa. Etapa entregue no ano passado.

O investimento foi de R$ 100 milhões, na execução de 30 km de recapeamento e reconstrução de 35 km de calçadas, adaptadas às regras de acessibilidade. Todo o perímetro recebeu nova sinalização de trânsito e o plantio de 1.711 árvores, reforço da iluminação pública e mobiliário urbano incluindo lixeiras, bicicletários, abrigos de táxis e ônibus. Trechos de 25 ruas, que somam 80 quadras, receberam asfalto novo, substituindo o pavimento feito há 30 anos. Em toda a área de intervenção no microcentro, foram implantados 6,5 km de drenagem, eliminando problemas de alagamento.

A ACICG (Associação Comercial e Industrial de CampoGrande) avalia que a revitalização do Centro tem sido importante para deixar a região mais atrativa para investimentos e agradável para quem trabalha, consome nos estabelecimentos ou apenas passa pela localidade. Entretanto, a Associação afirma que houve pontos negativos e impactos na fase de obras, prejudicando muitos comércios.

“Nos últimos anos, a região sofreu com a redução de movimento, diante do crescimento de comércio nos bairros periféricos, bem como outros fatores, como preço dos aluguéis dos imóveis após a revitalização e a falta de estacionamento. A ACICG avalia que será necessário que o poder público invista em novas estratégias para dar continuidade às melhorias”, disse, em nota.

Neste sentido, a prefeita Adriane Lopes garantiu que o município está empenhado em trazer as pessoas de volta para o centro da cidade. “O impacto aconteceu, mas agora estamos na fase de buscar caminhos pra trazer de novo a população pro centro, fazer com que a economia do centro volte a ser pujante e os comerciantes tenham novas possibilidades”, finalizou.

 

[Rafaela Alves – O ESTADO DE MS]
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