Petrobras quer aumentar gasolina e preço pode chegar perto de R$ 6

Foto: Nilson Figueiredo
Foto: Nilson Figueiredo

Instabilidade no preço do barril está causando oscilação no combustível

Com o barril de petróleo cada vez mais caro no cenário internacional, a Petrobras estuda um novo reajuste nos preços dos combustíveis no mercado interno brasileiro. Com isso, em Mato Grosso do Sul, o preço pode se aproximar dos R$ 6, já que, conforme a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), a média está em R$ 5,59. 

O ex-diretor da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), Aurélio Amaral, falou sobre a possibilidade do novo reajuste dos preços do diesel e da gasolina. “A expectativa é que tenha um novo reajuste, para fazer um teste da nova política da Petrobras. Já que temos a necessidade de importar 30% da nossa demanda de diesel”, comentou.

O presidente do Sinpetro (Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência de Mato Grosso do Sul), Edson Lazarotto, ressalta que ainda se trata de especulações a respeito de um possível aumento e que, até o momento, não há nada confirmado. 

“Essa afirmação virá somente da direção da Petrobras, que tem se mostrado firme na posição de aguentar os preços atuais, mesmo defasados, com relação ao mercado internacional. Portanto, temos que esperar, porque não temos ainda conhecimento de como a Petrobras exercerá essa fórmula de reajuste. Em Mato Grosso do Sul, como nos outros Estados, continuaremos com a mesma situação de espera e com incertezas em nossos planejamentos, pois nunca saberemos o que pode acontecer no mercado no dia de amanhã”, pontua o presidente do Sinpetro.

Influência 

O barril tipo brent, que oscila entre US$ 90 e US$ 95, pode vir a romper a barreira dos US$ 100 e gerar instabilidades na política de preços nacional. 

O economista Eugênio Pavão explica que a influência do aumento nos valores vem da alta do barril de petróleo e da inflação que a guerra no Leste Europeu propicia. “O impacto da antiga política de preços estaria elevando fortemente os preços, mas, com a política atual, o impacto será menor, entretanto, a empresa responsável pelo combustível irá subsidiar a diferença entre o preço interno e o internacional. A conjuntura econômica internacional está sinalizando a alta das taxas de juros na Europa e EUA, como forma de controlar a inflação. O impacto da alta dos combustíveis no mercado internacional trará algum nível de alta da inflação nacional, que deve ser absorvida pela economia brasileira”, explica Pavão. 

Segundo o economista, os preços, ainda em 2023, podem aumentar. No entanto, eles estão fortemente atrelados ao aquecimento da economia, ao consumo de energia e da participação do etanol, que não depende do mercado internacional. “A tendência é de alta. Para não defasar tanto o preço interno como o externo, porém, o valor nominal vai depender da conjuntura, por exemplo, uma queda da inadimplência pode estimular o consumo, aquecer a economia e levar a aumentos dos preços internos, caso contrário, deve se manter no nível atual”, avalia.

Importadores afirmam que, atualmente, há uma defasagem dos preços internos no Brasil em comparação aos valores internacionais. No caso do diesel, a diferença seria de 13% a 14%. Já a da gasolina está na casa dos 10%. 

Segundo o economista Lukas Mikael, a decisão da Rússia em limitar temporariamente  a exportação de petróleo e diesel do país, para estabilizar o mercado interno, pode trazer efeitos sobre o Brasil, como, por exemplo, pressionar a Petrobras a aumentar os preços nas refinarias. 

“A companhia não importa diesel russo, mas pode ser afetada por uma reação em cadeia no mercado interno. A Petrobras consegue ter a defasagem dela tendo o mercado brasileiro abastecido com o diesel russo mais barato. Mas, em um mercado com menos oferta, logo o preço vai subir e a Petrobras será mais rapidamente pressionada a elevar o preço”, avalia

Histórico

No dia 25 de janeiro, começou a valer o aumento de R$ 0,23 na gasolina, saindo de R$ 3,08 para R$ 3,31, nas distribuidoras. Já no dia 1° de março, houve redução de R$ 0,13 nas distribuidoras, saindo de R$ 3,31 para R$ 3,18.

No dia 17 de maio teve queda de R$ 0,40 por litro, passando de R$ 3,18 para R$ 2,78 por litro. Depois, no dia 15 de junho, teve queda de R$ 0,13 por litro nas refinarias, passando a ser de R$ 2,66 por litro. No dia 16 de agosto começou a valer o aumento de R$ 0,41, chegando a R$ 2,93. 

Antes do último reajuste, a Diretoria Executiva da Petrobras aprovou, no dia 15 de maio, uma nova política de preços de combustíveis. Com isso, as referências de mercado serão o custo alternativo do cliente como prioridade e o valor marginal para a Petrobras. 

“A precificação competitiva mantém também um patamar de preço que garante a realização de investimentos previstos no Planejamento Estratégico. A Petrobras reforça seu compromisso com a geração de valor e com a sustentabilidade financeira de longo prazo, preservando sua atuação em equilíbrio com o mercado, ao passo que entrega aos seus clientes maior previsibilidade, por meio da contenção de picos súbitos de volatilidade”, diz parte da nota da Petrobras.

Por – Julisandy Ferreira

 

Confira mais notícias na edição impressa do Jornal O Estado do MS.

Acesse as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *