O ex-ministro da Saúde general Eduardo Pazuello já admitiu informalmente ao comandante do Exército, general Paulo Sérgio, que errou ao participar da manifestação política ao lado do presidente Jair Bolsonaro, no Rio de Janeiro, no domingo.
Apesar disso, por conta da tramitação e da legalidade do processo interno, segundo militares ouvidos pela coluna, o general deverá formalizar suas explicações ao comando que, só depois deste procedimento, decidirá o futuro do ex-ministro na Força.
“Só haverá uma decisão depois de ouvir o Pazuello. É o rito das questões disciplinares, não se pune sem oferecer o direito de defesa”, afirmou um general quatro estrelas.
Ontem à noite, em um grupo de mensagens que reúne generais quatro estrelas, muitos atualmente do Alto Comando, a reação era de “forte indignação” pela atitude de Pazuello.
Era praticamente consenso que o Exército tem que adotar uma “punição exemplar”, já que a participação de um general da ativa em ato político pode abrir um precedente muito perigoso, nas palavras dos militares.
De acordo com o artigo 45 do Estatuto Militar, oficiais da ativa não podem participar de atos políticos.”Imagina se no ano que vem coronéis da ativa resolvem começar a subir em palanques. Isso não pode acontecer”, avalia um militar de alta patente.
A cobrança agora é que para que o comandante “cumpra seu dever” dada a gravidade da situação, que “ultrapassou todos os limites”. Além da passagem para a reserva, desejo antigo dos militares, há ainda quem defenda que o ex-ministro receba, no mínimo, algum tipo de advertência. A expectativa é que uma decisão final sobre Pazuello seja tomada entre amanhã e quarta-feira.