Pacientes temem redução de atendimentos do Pronto-Socorro do Hospital Universitário

Hospital Universitário HU fachada
Imagem: Reprodução/Valentin Manieri
Redução também pode impactar a população de outras cidades que chegam em busca de consultas

Diante da possibilidade de o Humap-UFMS/Ebserh (Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian) não prestar mais atendimentos de urgência a partir dos próximos meses, pacientes temem ficar desamparados quanto à unidade. Com dificuldades de atender a todos que são designados para lá, como noticiado na edição de segunda-feira (24), os leitos do PAM (Pronto Atendimento Médico) da unidade estão em superlotação. A O Estado, pacientes relataram das dificuldades enfrentadas no hospital, em razão da falta de suporte diante do alto número de pacientes que chegam até a unidade.

Com vagas destinadas pelo sistema de regulação da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), pacientes de várias cidades do interior vêm até a Capital em busca de atendimento. Este é o caso de Rafael Figueiredo, 25 anos, que enfrentou problemas de saúde e teve de vir de Dourados, a 229 km de Campo Grande, para passar por um médico especialista em fraturas na área de ortopedia, oferecido pelo HU. “Não é fácil, nem barato, sair da própria cidade e vir para outra, para ser atendido. Vemos que está lotado, é muita gente precisando de exames e consultas, e nem consigo imaginar se fechar a área de pronto-socorro e reduzir os atendimentos de outras demandas. Sem dúvidas, a situação ficará mais crítica do que já está”, disse o jovem.

Embora os repasses estejam acontecendo, há cerca de 11 anos a tabela SUS não é ajustada, como já noticiado. Contudo, o número de pacientes não para de crescer e, conforme o hospital, não há mais condições de a unidade ser porta de entrada, principalmente em casos de vaga zero. “Aqui não pode fechar, não. Já precisei passar pelo PAM e, por experiência própria, me preocupo com essa possibilidade. Hoje faço exames e acompanhamentos aqui. A população precisa de atendimento, precisa ser recebida nesses momentos. Saúde é coisa séria, é caso de vida ou morte se não cuidar quando tem que ser cuidado”, destacou dona Elena Rocha, 52 anos.

A dona de casa ainda questionou sobre um novo planejamento, por parte do hospital, para que não deixem de prestar atendimentos à população e assim encontrem uma solução. “Esperamos que a gestão do hospital estude isso, veja bem, pois não é apenas deixar de atender aos pacientes, isso é sobre a vida das pessoas, que são encaminhadas para cá, porque estão precisando de assistência médica.”

De acordo com a unidade hospitalar, para viabilizar o fluxo de atendimento, seria necessário abrir mão da habilitação da RUE (Rede de Urgência e Emergência) no seu componente Porta de Entrada Hospitalar de Urgência.

Com a superlotação, pacientes tendem a ficar em macas nos corredores por falta de leitos e, além disso, demais problemáticas colaboram para a suspensão das atividades do PAM do hospital. Ouvida pela reportagem, Maevi Galdino, 30 anos, falou sobre a importância do setor, e a falta que faria sem os atendimentos. “A superlotação é real, a gente vê nos corredores, e até na demora nos atendimentos. Mas, se é ruim com ele, imagina sem. As autoridades precisam resolver isso para a população, com saúde não se brinca. Não viemos aqui a passeio. Sem atendimentos, ou até mesmo com a redução deles, para onde iremos? Tem aparelhos que só tem aqui, é referência em algumas áreas, e se diminuir isso, a população que vai perecer”, argumentou a doméstica, enquanto esperava por atendimento médico.

Superlotação é problema antigo

A situação crítica de superlotação não é novidade no Hospital Universitário. Desde o ano passado a unidade vem enfrentando problemas para atender aos pacientes, em razão da grande demanda de internações, para poucos leitos disponíveis. Em 2021, com pacientes no chão, o hospital chegou a informar que estava atendendo 1.000% a mais da capacidade, o que gerou a suspensão do pronto atendimento por determinado tempo.

Na época, não faltavam apenas leitos, mas também profissionais. Com a demanda geral aumentada, em razão dos índices de internação por COVID que estavam diminuindo, no entanto o hospital foi referência no atendimento durante a pandemia, e passou a ficar sobrecarregado com pacientes de casos diversos somados aos do novo coronavírus.

Por Brenda Leitte – Jornal O Estado de MS.

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