Na manhã desta terça-feira (21), o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) deflagrou a operação “Cartão Vermelho” em Campo Grande, com o objetivo de investigar um esquema de lavagem de dinheiro na Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS). A entidade, que recebe recursos tanto do Estado quanto da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), está sob suspeita de desvio de verbas públicas.
Desde as 6h, viaturas do Gaeco estão estacionadas em frente à sede da FFMS, localizada na Rua 26 de Agosto, no Bairro Amambaí. A operação também tem como alvo principal o presidente da federação, Francisco Cezário de Oliveira, de 77 anos, que reside no Bairro Taveirópolis também é alvo de buscas.
Francisco Cezário de Oliveira, um dos nomes mais influentes no futebol sul-mato-grossense, está em seu sétimo mandato consecutivo como presidente da FFMS. Sua liderança, que se estenderá até 2027, foi consolidada após uma conturbada eleição em 2022, marcada por disputas judiciais, que culminou na vitória de sua chapa única. Ao todo, Cezário já acumula quase 28 anos à frente da federação, com uma breve interrupção de oito anos durante os quais exerceu o cargo de prefeito de Rio Negro.
Em resposta à operação, o advogado da FFMS, André Borges, declarou: “Nessa fase qualquer investigação é sempre unilateral; logo ela será submetida ao necessário contraditório; devemos aguardar os esclarecimentos, que serão prestados, oportunamente”.
Em nota o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS, informou que a operação “Cartão Vermelho” é voltada ao cumprimento de 7 (sete) mandados de prisão preventiva, além de 14 (quatorze) mandados de busca e apreensão, nos municípios de Campo Grande, Dourados e Três Lagoas.
Durante 20 meses de investigação, foi descoberta uma organização criminosa na Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS) cujo objetivo era desviar recursos provenientes do Estado de Mato Grosso do Sul e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Os saques em espécie eram frequentes, limitados a R$ 5.000,00, para evitar alertar os órgãos de controle. No total, foram feitos mais de 1.200 saques, totalizando mais de R$ 3.000.000,00.
Além disso, havia um esquema de desvio de diárias de hotéis e outros serviços pagos pelo Estado para jogos do Campeonato Estadual de Futebol. Os valores desviados entre setembro de 2018 e fevereiro de 2023 ultrapassaram R$ 6.000.000,00. Durante as diligências, até agora foram apreendidos mais de 800 mil reais.
O nome da operação, Cartão Vermelho, é autoexplicativo e faz alusão ao instrumento utilizado pelos árbitros para expulsar os jogadores que cometem faltas graves durante as partidas de futebol.
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