‘Não se pode tratar todos os aposentados da mesma maneira’,diz diretora-presidente do IMPCG

IMPCG
Foto: Marcos Maluf

À frente da pasta há seis anos, a diretora-presidente tratou de resolver
administrativamente o IMPCG e assegurar a previdência dos servidores públicos

A diretora-presidente do IMPCG (Instituto Municipal de Previdência de Campo Grande), Camila Nascimento de Oliveira, é um nome em destaque na gestão da prefeita Adriane Lopes (Patriota). Desde que assumiu o comando do instituto, em 2017, ela tem enfrentado e vencido uma série de desafios, demonstrando capacidade de liderança e compromisso com o serviço público. 

Camila Nascimento realizou uma espécie de reforma administrativa do IMPCG, implementando mudanças estruturais que otimizaram os processos e tornaram o instituto mais eficiente e transparente. 

Além disso, foi responsável pela condução da reforma da Previdência aos servidores municipais, uma medida essencial para garantir a sustentabilidade do sistema previdenciário municipal. Em entrevista ao jornal O Estado, a diretora do IMPCG destacou os efeitos positivos da reforma e da fixação da alíquota em 14%, para as contas públicas. 

“Costumo dizer que, num primeiro momento, talvez não seja visto com bons olhos para o servidor porque ele sente no bolso, diretamente, mas se torna uma boa medida, pois garante a seguridade. Hoje, o servidor tem a certeza de que vai se aposentar, no futuro. E sobre os cofres públicos, em pouco tempo, já houve efeitos, tanto na redução do déficit financeiro quanto no déficit atuarial. Foi uma reforma humanizada”, classifou Camila. 

Outro feito foi a reforma da sede do IMPCG, que passou por renovação completa, para proporcionar um ambiente moderno e funcional aos servidores e beneficiários. Essa iniciativa reflete o compromisso da diretora- -presidente, em oferecer um serviço de qualidade e valorizar o bem-estar daqueles que dependem do instituto. 

O IMPCG é responsável pela gestão do Servimed (Serviço de Assistência à Saúde dos Servidores Públicos Municipais), um serviço de assistência médica, odontológica e de exames, oferecido a todos os servidores municipais de Campo Grande. Como profissional da área da saúde, Camila Nascimento possui uma visão privilegiada para aprimorar o atendimento e ampliar os serviços disponíveis.

Sua gestão no IMPCG tem sido marcada por resultados positivos e por uma visão ampla, que busca sempre aprimorar os serviços oferecidos e promover o bem-estar dos servidores municipais. 

“ O SUS (Sistema Único de Saúde), para mim, é o melhor plano de saúde que existe, agora. Considero que a gestão do SUS tem que ser um pouco melhorada, só que isso é uma reação em cadeia. Isso vem muito de cima para baixo”, reforçou

O Estado: Qual o papel do IMPCG? 

Camila Nascimento: O IMPCG é uma instituição autárquica do município, – sem dizer que é como duas secretarias em uma. Isso porque a gente lida com a gestão da Previdência e do serviço de saúde do servidor municipal. A pasta tem receitas distintas, despesas distintas e CNPJ distintos. 

O Estado: Atende quantos servidores? Os familiares e agregados podem participar? 

Camila Nascimento: O serviço de saúde é optativo e teve essa mudança desde 2016. Ele atende tanto aos servidores oriundos de processo seletivo quanto os servidores efetivos. Também atende aos aposentados e aos servidores que trabalham na Câmara. Há uma pequena diferença na legislação, em relação à permanência, por exemplo. Os servidores de processos seletivos têm uma legislação um pouco diferente dos efetivos, mas todos eles são atendidos. E em relação à Previdência, possui, no quadro de aposentados, cerca de 6 mil servidores. Hoje, as vidas atendidas pela Servimed são de quase 37 mil servidores, dentre efetivos e contratados.

O Estado: Campo Grande passou por uma feforma da Previdência, em que a alíquota foi fixada em 14%. A mudança já trouxe efeito nas contas públicas? 

Camila Nascimento: Trouxe. Na verdade, nossa reforma previdenciária veio como atendimento à emenda constitucional 103, em nível nacional. Aqui foram feitas algumas alterações, para minimizar ao máximo os efeitos ao servidor. A gente trabalha muito junto e direto com o nosso Conselho da Previdência e com o Conselho da Saúde. Sobre a Previdência, nós passamos um ano estudando tudo isso, de modo que foi tudo muito estudado, cada regra, com todas as categorias que são representadas dentro do conselho e então nós chegamos num denominador, que foi o projeto de lei votado, que hoje é a nossa reforma da Previdência. Esse projeto foi muito discutido. Costumo dizer que, no primeiro momento, talvez não é visto com bons olhos pelo servidor, porque ele sente no bolso, diretamente, mas se torna uma boa medida, pois garante a seguridade. Hoje, o servidor tem a certeza de que vai se aposentar, no futuro. E sobre os cofres públicos em pouco tempo já surtiram-se efeitos, tanto na redução do déficit financeiro quanto no déficit atuarial. Foi uma reforma humanizada.

O Estado: Hoje, para um servidor se aposentar, ele precisa atingir quais requisitos e procurar quais órgãos públicos? 

Camila Nascimento: Cada caso é um caso, tais como o tempo de contribuição, onde foi que ele trabalhou, a função que exerceu, qual é o artigo que ele vai se enquadrar, se a categoria dele tem algum benefício diferente do outro, enfim. Cada categoria e cada servidor é muito diferente. A gente recebe muitas mensagens, do tipo, eu vou aposentar com quanto? Eu já posso me aposentar? Calma que cada caso é um caso. 

A reforma previdenciária veio fechar o cerco. Essa é a impressão. A gente vem, cada vez mais, individualizando tudo isso. Não se pode tratar todos os aposentados da mesma maneira. Cada servidor, de cada setor, de cada categoria, no momento dele de se aposentar, deve procurar sua chefia imediata. Por exemplo, ele entra no RH dele, inicia todo o trâmite. Esse processo vai para a Secretaria de Gestão, vai pro IMPCG com documentação anexada e há a homologação. A gente homologa, ele se aposenta, dentro de dois meses publica- -se a aposentadoria, no diário oficial. A homologação efetiva acontece depois de alguns anos, junto ao Tribunal de Contas. Então, é um processo muito demorado, pois a finalização desse trâmite todo é feito pelo Tribunal de Contas. A gente sempre orienta que o servidor procure o nosso setor, lá no IMPCG, porque é o órgão de competência. 

O Estado: Quais são os desafios, no comando do IMPCG? 

Camila Nascimento: São muitos, mas a gente está sempre pronto para superá-los. Trabalhar com saúde, além de ser uma dádiva, é uma área que nos exige muita atenção e disponibilidade. Nos dias de hoje, fazer gestão em qualquer situação já não é tão fácil como era antes, então, se tem novos pilares, se tem inovações dentro da gestão e se a gente não trouxer tudo isso para a administração atual, a gente fica no passado. Então, não evoluímos. 

E a meta do IMPCG é a minha meta: trabalhar sempre com transparência e muito próximo de todos aqueles que nos prestam serviços e para quem a gente fornece serviço. Nossos colaboradores, hoje, estão pela cidade inteira de Campo Grande, praticamente, já que o Servimed atende dentro de Campo Grande. A gente conhece todo mundo. A gente senta, conversa olho no olho e passamos todos os valores. É tudo muito próximo. Então, eles sabem a realidade do Servimed. O servidor municipal tem uma base salarial diferenciada e ele não pode pagar um valor exorbitante. Tudo isso é muito estudado. 

Sempre digo que o Servimed intermedeia essa relação do Executivo, de prestar serviço junto ao beneficiário, que é quem precisa deles. Então, a gente está sempre colocando na balança para trazer os pilares de uma gestão inovadora, para que consigamos sempre evoluir. Muitas coisas, que para mim são importantes, coloquei na nossa equipe como prioridade, então, realmente, a gente transformou isso. O Servimed foi profissionalizado. Ele não é um plano de saúde e nunca À frente da pasta há seis anos, a diretora-presidente tratou de resolver administrativamente o IMPCG e assegurar a previdência dos servidores públicos foi, porque é um serviço de assistência à saúde. Ele não é regido pela ANS (Agência Nacional de Saúde), como todos os planos. Por isso é diferenciado, tem normas próprias, regulamentos próprios e legislação própria. 

O Estado: É possível sonhar, um dia, com o IMPCG sendo referência hospitalar, como a Cassems é, hoje, para o MS? 

Camila Nascimento: Eles são diferentes, todo mundo tem essa imagem de que a Servimed é, para os servidores municipais de Campo Grande, o que a Cassems é para os estaduais. Mas, são diferentes. A Cassems, por exemplo, é efetivamente um plano de saúde, porque segue, obrigatoriamente, as regras da ANS. Nós, não. Então, a primeira diferença crucial é essa. A segunda, é que a Cassems atende todo o Estado, em todos os municípios e tem hospitais em outras regiões. Além disso, a base salarial dos servidores estaduais é muito diferente da base salarial dos servidores municipais. Não há como nos comparar com a Cassems. 

Se me perguntar se a Servimed vai se tornar uma referência dentro de Campo Grande, eu posso dizer que sim, porque atende à cidade, tem forma de fazer gestão com toda a equipe do instituto e, principalmente, consegueuma coisa que consideramos que estava perdida: a credibilidade. 

A diferença de quando assumi até agora é tão gritante que posso dizer que, dentro de Campo Grande, temos pediatria, todas as especialidades, todos os exames. Para ter uma ideia, no final do ano, nós aumentamos o rol de atendimento. Só em em laboratórios de análises clínicas, eram 209 exames. Agora, vai fechar a portaria de atualização do rol de procedimentos, que vão aumentar em mais 400 e tantos procedimentos. A gente não é regido pela ANS, mas estamos muito próximos.

O Estado: O que falta para o Servimed ser um plano de saúde? Camila Nascimento

A gente diz que é quase um plano de saúde. Burocraticamente, ainda não é. Por que isso? O primeiro passo é porque, para se tornar, precisa de uma quantidade de dinheiro em caixa, tem de ter recurso financeiro. Então, fazendo uma referência e uma comparação para exemplificar, teria de haver algumas folhas de pagamento em caixa para transformar isso e sermos regidos pela ANS, como um plano de saúde. Para o Servimed, é até vantajoso que não seja um plano de saúde, por conta do equilíbrio financeiro. Se não tivermos isso, não conseguimos prestar o serviço.

O Estado: Pelo extenso currículo na área da saúde pública, a população é carente de saúde de qualidade? 

Camila Nascimento:  Eu vou mais além. Não só Campo Grande, não só Mato Grosso do Sul, mas o país, como um todo. Eu venho da saúde, então, meus olhos brilham quando se fala de saúde. O SUS (Sistema Único de Saúde), para mim, é o melhor plano de saúde que existe. A gestão do SUS eu considero que tem que ser um pouco melhorada, só que isso é uma reação em cadeia, vem de cima. 

Muita coisa se passa por ali, então, isso acaba gerando dificuldade para a saúde, que é um desafio e sempre será. Primeiro, porque os todos os recursos que são investidos em saúde ainda são poucos. Outro ponto é que inovações são constantes e o recurso não consegue acompanhar. 

O terceiro ponto é sobre a adesão de pensamento das pessoas. Não precisamos ir longe, vamos citar o caso da vacina. Perceba, o quanto que isso causa discussão. Temos muita coisa positiva, por exemplo, as unidades de saúde, os profissionais que trabalham além da conta, se dedicam e, muitas vezes, são massacrados. A saúde vai ser sempre um desafio, mas é apaixonante.

O Estado: Qual a avaliação que é feita da gestão da prefeita Adriane Lopes? Camila Nascimento: 

Eu vejo, na prefeita, vontade de fazer dar certo. Sempre me dei muito bem com ela, desde quando ela estava na posição de vice-prefeita. Quando assumi, em 2017, na função, é que começamos a fazer os levantamentos sobre a situação do IMPCG e a prefeita me deu muito apoio. Então, ela sempre foi uma pessoa muito próxima. Tenho uma gratidão muito grande por ela, até mesmo pela permanência, por estar na gestão, eu não a conhecia antes, assim como também não conhecia o ex-prefeito (Marquinhos Trad). 

Vejo que ela enfrenta um grande desafio. Além da folha salarial, estragos da chuva, obras paradas, escassez de recursos e o peso de ser uma mulher, na política. Ela, com certeza, é subestimada de forma muito equivocada, no meu ponto de vista, porque é uma pessoa humana, humilde e que está tentando fazer dar o mais certo possível. Tenho total confiança de que ela irá se superar. 

Por Rayani Santa Cruz  – Jornal O Estado do MS.

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