Na Capital, regiões do Anhanduizinho e do Lagoa concentram maior número de casos de violência doméstica

(Foto: Nilson Figueiredo)
(Foto: Nilson Figueiredo)

Com 50 mil atendimentos em um ano, mulheres pardas representaram 63,4% dos atendimentos

 

Campo Grande tem uma população feminina estimada em 467,2 mil mulheres, dessas, 10% precisaram de algum atendimento na Casa da Mulher Brasileira em apenas um ano, o que corresponde a cerca de 50 mil. Os dados são do Dossiê Mulher Campo-Grandense, divulgado pela Subsecretaria de Políticas para a Mulher de Campo Grande, divulgados ontem (8).

O sistema para monitorar os atendimentos usa como base o Sistema Iris, que funciona como um cadastro, onde um número de prontuário é criado quando a mulher precisa de atendimento especializado na Casa. Portanto, o perfil das mulheres apresentados no dossiê está baseado nos registros nesse sistema.

No último ano, pouco mais de 5 mil mulheres foram cadastradas no sistema, sendo que 15 mil foram atendidas na recepção com retornos e 189 mil tiveram encaminhamentos realizados nos setores integrados. Essa diferença nos números é porque a mesma mulher pode retornar constantemente ao local para atendimentos variados.

Com isso, a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) mapeou os dados e ficou claro que, das sete regiões metropolitanas de Campo Grande, o Anhanduizinho foi o com maior incidência de violência contra a mulher, totalizando 1.252 casos. A segunda região com a maioria dos casos de crimes contra mulher foi a do Lagoa, com 785 registros.

Foto: Nilson Figueiredo

Apesar dos números, a pesquisa leva em consideração a densidade populacional. “Tal observação não deve ser entendida como uma afirmação de que nessas regiões, a ocorrência de violência é maior, mas evidencia alguns fatores que podem contribuir para a maior concentração”.

O sistema de registros também traz o perfil das mulheres que necessitam de atendimento. De todas elas, 63,4% se consideram pardas, 30,1% estão na faixa etária de 21 e 30. “Verifica-se ainda que, conforme a idade vai aumentando, diminui a incidência de atendimento”.

Mesmo assim, houve o registro de 46 idosas vítimas, que merecem um olhar social atento. 28 delas se declararam viúvas e a maioria das violências sofridas por elas foram por aproveitamento de suas vulnerabilidades, comumente cometidas por netos do convívio diário.

“A pessoa idosa, em geral, fica mais vulnerável a situações como redução de autonomia, rupturas com o trabalho e com familiares e amigos, negação das vontades e da subjetividade, isolamento social, e a violências como negligência, maus tratos, subtração de bens, controle dos benefícios ou proventos por aposentadoria ou pensão, o que é considerado violência patrimonial”, destaca a pesquisa.

Os trabalhos realizados pela Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) também são observados. Em 2023 houve a redução de 38,5% dos crimes de feminicídios, quando comparado ao ano anterior, mas há aumento dos casos de ameaça e estupro, 2,6% e 2,7% respectivamente.

Já questões relacionadas à escolaridade e poder econômico, o dossiê mostra que 36,3% das mulheres atendidas possuem o Ensino Médio completo e apenas 8,6% concluíram a graduação. A renda dessas mulheres é majoritariamente composta por salário mínimo, pois 2,5 mil delas ganham apenas R$ 1.320, o que representa 36,9%.

Para mudar esse resultados, desde 2011 existe o Projeto Nova, que combate o abuso e exploração sexual em Campo Grande. Ele tem o objetivo de promover qualidade de vida às famílias envolvidas em violência sexual.

De acordo com a instituição, em 2023, 23 mulheres foram atendidas com as atividades psicossociais regularmente, por meio de atendimento em grupo e terapia individual nas terças ou quartas-feiras. Além disso, foram realizados 41 novos atendimentos para 10 mulheres com idades entre 18 e 60 anos, e 30 crianças e adolescentes de até 17 anos. Um homem entre 18 e 60 anos também recebeu atendimento.

 

Por Kamila Alcântara

Confira mais notícias na edição impressa do Jornal O Estado do MS.

Acesse as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram

 

Leia mais:

Ação serviços de saúdes acontecem hoje no Dia da Mulher em Três Lagoas com trailer no estacionamento do shopping

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *