Mudança nas regras pode encarecer preço das geladeiras, estima setor

geladeiras
Segundo o MME, novos parâmetros de eficiência energética deverão ser aplicados - Foto: Marcos Maluf

O preço ficaria acima dos R$ 5 mil, critica a Eletros

Ter uma geladeira nova é o sonho de muitos consumidores, mas novas regras de eficiência energética do MME (Ministério de Minas e Energia) devem deixar esse sonho distante da realidade dos brasileiros. E deve encarer ainda mais os valores para o consumidor final, assim prevê a Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), estimando que as geladeiras mais baratas do mercado custem em torno de R$ 5 mil.  

A resolução que torna mais rígidas as regras para a eficiência energética de refrigeradores e congeladores domésticos, de acordo com o governo, será definida em duas etapas para a transição. Sendo entre 2024 e 2025, e outra de 2026 a 2027. O governo acredita que com novos parâmetros, os produtos disponíveis nas lojas em 2028 sejam, em média, 17% mais eficientes que os atuais. 

No entanto, a nova regra gerou críticas por parte do setor de eletroeletrônicos. “É necessário considerar a realidade brasileira. Infelizmente, com as novas regras, o consumidor de baixa renda será o mais prejudicado e, consequentemente, a indústria e seus colaboradores”, defendeu o diretor da Eletros, Renato Alves. 

O setor estima que ao fim da segunda etapa, 83% das geladeiras que são hoje comercializadas estarão fora do mercado. Ainda conforme a associação, as geladeiras mais baratas vão custar entre quatro e seis salários-mínimos, algo em torno entre R$ 5.280 e R$ 7.920. 

Em Campo Grande, o cenário já preocupa o gerente da Gazin, José Ronildo da Silva, que garante que boa parte das vendas das geladeiras e congeladores custa, atualmente, abaixo de R$ 5 mil. Ele ainda aponta que caso as estimativas da Eletros ocorram, isso impossibilitaria o cliente de comprar o eletrodoméstico e que espera um respaldo por parte do MME. “Acredito que, de alguma forma, o governo deve assumir os prejuízos, caso essa nova regra ameace as vendas no setor. Que haja um respaldo, se não, imagina quantas empresas quebrariam, por que não trabalhamos com estoque pequeno”, ressalta.

Propostas do programa

Segundo o ministério, a ideia é retirar, gradativamente, do mercado os equipamentos de menor eficiência, que oneram o consumidor e o setor elétrico. O programa será feito em duas etapas – a primeira de 2024 a 2025 e a segunda de 2026 a 2027. 

Os prazos definidos têm como objetivo permitir que os fabricantes, importadores e comercializadores se adéquem aos novos índices. A medida foi publicada pelo MME, no último dia 8. 

O MME estima que, com a mudança na legislação, cerca de 5,7 milhões de toneladas de gás carbônico deixariam de ser emitidas até 2030. No mesmo período, a economia de energia elétrica seria equivalente ao consumo residencial anual de toda a região Norte ou do Estado de Minas Gerais. 

“O governo diz que a medida vai trazer a redução de bilhões de reais no consumo de energia. Isso é um equívoco, pois este resultado só será atingido se as pessoas conseguirem trocar seus produtos e, com este preço, não será possível”, rebate a Eletros. 

Segundo o governo, a medida gera obrigações apenas para os fabricantes, importadores e comercializadores dos equipamentos que, de acordo com as datas-limite definidas, não poderão mais fabricar ou comercializar equipamentos que não atendam aos índices de eficiência energética. 

“Os brasileiros que têm refrigeradores e congeladores em casa em ótimo estado de funcionamento não precisarão comprar um novo para estar de acordo com a resolução publicada”, indica a pasta. 

Nascimento diz que a associação é contrária à medida, mas favorável ao avanço rumo à eficiência energética. “A indústria de eletrodomésticos entrega, ano a ano, produtos mais eficientes. Temos frentes de trabalho em que estamos sempre buscando esta avanço”, indica.

Por Suzi Jarde.

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