MS tem 32,7% de candidaturas femininas nas eleições

Gisele Marques
Foto: Divulgação

Limite exigido é para um terço ser de mulheres, e todos cumpriram

Por Rayani Santa Cruz – Jornal O Estado

Mato Grosso do Sul tem 192 candidaturas femininas que concorrem a diversos cargos nas eleições deste ano. Em um universo de 587 candidatos, o número de candidatas ainda não chega a 50% de registros, mas é um avanço, já que neste ano são 32,7% de disputas femininas. 

Este ano serão duas mulheres candidatas a governadoras: Rose Modesto (União) e Giselle Marques (PT); duas candidatas a vice-governadoras: Viviane Orro (PSD) e Tânia Garib (MDB); e uma candidata ao Senado: Tereza Cristina (PP). Além disso, todos os partidos cumpriram a cota de gênero de 30% e garantiram postulantes à Câmara Federal e Assembleia Legislativa. 

Em consulta ao sistema de divulgação de candidaturas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) foi constatado que, até ontem (17), apenas 38 registros totais estavam considerados aptos e deferidos após o crivo do Tribunal Regional Eleitoral de MS. O sistema deve liberar e deferir/ou indeferir os registros até dia 12 de setembro, 20 dias antes do primeiro turno, em 2 de outubro.

Em Mato Grosso do Sul, as mulheres estão disponibilizando cada vez mais seus nomes para disputar espaços políticos. Além dos cargos na majoritária, uma candidata do PT disputa a primeira suplência, ao Senado; duas candidatas do PSOL e do PROS concorrem ao posto de 2ª suplente; 49 mulheres concorrem pela Câmara Federal e 136 mulheres concorrem a vagas da Assembleia Legislativa. 

Sobre a ocupação de espaços de mulheres na política, a candidata a vice-governadora Viviane Orro (PSD) destacou ao jornal O Estado que enxerga como uma evolução cultural, e essencial. Para ela, a sociedade ainda possui uma cultura bastante patriarcal, em que o gênero masculino predomina em cargos representativos de poder tanto na esfera pública quanto privada, e isso não é exclusividade apenas de MS. 

“É um processo sociocultural e isso vem sendo moldado e ampliado a discussão ao longo do tempo. A passos lentos, e de forma progressiva, a mulher vem ampliando seu espaço de representatividade na esfera política, no poder público e na iniciativa privada”, disse ela, que destaca a situação política do Estado, que tem poucas mulheres eleitas. 

Mudou a regra 

Viviane Orro quebrou paradigmas em Aquidauana e após 40 anos foi a primeira mulher a disputar a prefeitura da cidade, em 2020. 

“Temos poucas deputadas federais, temos uma deputada estadual, temos poucas prefeitas, e aqui em Campo Grande, graças à renúncia do Marquinhos Trad, a Adriane Lopes ocupou o cargo como primeira prefeita eleita democraticamente. E em Aquidauana não é diferente. Não temos nenhuma vereadora e há 40 anos uma candidata disputou a prefeitura, depois eu disputei como candidata ao Executivo.” 

A candidata pontua que é uma questão de capacidade de formação e conscientização de representatividade. Viviane Orro explica que em MS, por exemplo, a maioria dos afiliados em partidos é de mulheres, que provam o interesse feminino na política. 

“Não enxergo essa questão de representatividade como um desafio, vejo como capacidade das mulheres, e de nós mesmas acreditar em nosso potencial. Nós estávamos acostumadas a ver majoritariamente uma figura geralmente masculina ao olhar fotos, nas mesas de debates e pessoas que nos representam nas decisões. Então, a mulher ainda fica um pouco inibida, retraída quando tem esse convite para participar, porque ela não tem essa referência na vida dela, de ver mulheres representando. Isso é um processo de conscientização lenta e que a imprensa, o TRE, e órgãos de representatividade fazem muito bem. Assim, cada vez mais naturaliza-se essa situação e essa juventude vem forte nessa formação política”, disse a candidata, que enxerga como um processo de evolução as candidaturas femininas. 

Candidata a vice-governadora pelo MDB, a ex-secretária Tânia Garib pontuou ao jornal O Estado que a representatividade feminina ainda deverá ser muito trabalhada nos próximos anos. Ela destaca que o eleitorado feminino é sempre o maior e o desafio é grande: “Se você olhar as estatísticas, mulher não vota em mulher”. 

“O discurso não reflete a prática. Esse é um grande trabalho que temos de fazer. Mas não acho ideal [a ideia de] só mulher, ou ideal só homem. Deus fez o homem e a mulher com características muito especiais. Enquanto o homem é mais razão, a mulher é mais coração e o equilíbrio entre ambos deveria ser a tônica maior numa administração. Como é numa casa, num lar e num comércio. A ponderação e o bom senso é o mais importante. Existem mulheres, e homens com a mesma capacidade. Mas claro que essa questão da representatividade deve ser bem desenvolvida.” 

20 anos sem candidatas ao governo 

Durante participação na Rádio FM 107,1, a candidata a governadora Rose Modesto (União) afirmou que não iria deixar de ouvir o clamor das ruas e de ter a coragem de colocar seu nome na disputa. Ela reforçou que o PSDB já havia escolhido outra pessoa, e que ela não teria espaço. 

“Eu fui buscar outro caminho para lutar por este sonho que não era só meu. Até porque depois de 20 anos não havia nenhuma mulher que entrasse nesta disputa”, disse Rose, que também pontuou a luta contra a violência política de gênero. 

Pelo PT, a candidata Giselle Marques afirma que o partido foi o primeiro a eleger uma presidente da República, e destaca o posto ocupado por Dilma Rousseff. Marques destaca que a sigla sempre deu espaços políticos para as candidatas e para as minorias.

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