MS sofre com a falta de contraste e exames já estão sendo suspensos

hospital evangelico contraste
Foto: Nilson Figueiredo/OEstadoMS
O medicamento é utilizado para um melhor diagnóstico por hospitais e clínicas de imagem

Por Suelen Morales e Camila Farias – Jornal O Estado do MS

Exames e cirurgias que necessitem da substância contraste correm o risco de serem suspensos na Santa Casa de Campo Grande e no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul. A SES-MS (Secretaria de Estado de Saúde) confirmou que o medicamento estava em falta. Já nas clínicas particulares da Capital, os exames que utilizam o contrate estão suspensos por tempo indeterminado.

O secretário de Estado de Saúde, Flávio Britto, informou a O Estado que a situação para aquisição do medicamento é bastante preocupante. “Nós estamos tentando realizar a compra e já oficializamos e entramos em contato com a Marinha do Brasil e com a Receita Federal, onde fomos informados que aconteceu uma apreensão de contraste e então nós estamos pedindo a doação para Mato Grosso do Sul. A Marinha também parece que está pedindo a doação para ceder ao hospital universitário e, consequentemente, para ceder para nós também, para o nosso hospital regional”, relatou.

De acordo com o secretário, os processos não param e as tentativas de compra continuam sendo feitas, mas a questão da doação é uma outra medida que pode ser adotada nesta situação. A atuação é para tentar trazer para o Estado, ou para a Marinha, as unidades dessa apreensão.

Conforme uma clínica de Campo Grande, que preferiu não se identificar, informou que o contraste está em falta há quatro meses. O medicamento, que é utilizado para a realização de exames como tomografia e ressonância, começou a faltar nos últimos quatro meses, momento em que a clínica passou a fazer o racionamento do produto e a utilizá-lo somente em casos de urgências, como em pessoas com câncer ou tumores.

Atualmente o local suspendeu definitivamente os exames, pois o produto está em falta até mesmo para a compra, mas pretendem voltar assim que o fato se normalizar. Além disso, a clínica revelou que o valor de um frasco de 100ml de contraste custa de R$ 70,00 a R$ 100,00 e será necessário recomeçar aos poucos.

Por sua vez, o Hospital Evangélico de Campo Grande alegou que passou pela escassez do medicamento há alguns meses, mas que agora a situação já foi regularizada. “Ficou um tempo em falta, só que agora já normalizou. Durante a escassez nossos radiologistas adotaram um protocolo em que alguns exames davam para ser feito sem o contraste. Então não tivemos de dispensar pacientes. Além disso, não temos pacientes de emergência, nossos pacientes são todos ambulatoriais”, ponderou.

Falta de insumos

Conforme o presidente do CRF-MS (Conselho Regional de Farmácia de Mato Grosso do Sul), Flávio Shinzato, a escassez global de insumos em razão da pandemia da COVID-19 é um dos motivos pela interrupção das cadeias de produção e distribuição de medicamentos, bem como da substância contraste.

“Apesar de o tema não estar diretamente ligado ao conselho, temos a informação de que há falta de contraste nas clínicas de imagem. Isso ocorre da mesma forma em que é a falta de medicamentos porque as origens são de matéria importada e o mercado internacional está com falta desse material. Então isso afeta também os medicamentos especiais. O contraste nada mais é que um medicamento”, apontou.

Uso de produto

Os exames com contraste, conhecidos também como contrastados, têm como objetivo distinguir os tecidos e órgãos. As substâncias usadas atuam de formas diferentes em determinadas estruturas, tornando mais visíveis as possíveis lesões, tumores, entre outras células anômalas que estejam presentes.

Se não fosse esse método, não seria possível essa distinção, pois nem sempre as imagens são nítidas o suficiente. Já com o contraste, o comportamento diferente das organizações celulares viabiliza um diagnóstico mais preciso.

Os contrastes dos exames de radiologia e diagnóstico por imagem podem ser de três substâncias: bário, iodo e gadolínio. O raio X e a tomografia, em geral, utilizam bário ou iodo, ao passo que na ressonância magnética é utilizado o gadolínio.

Orientação do Ministério da Saúde

Em julho deste ano, o Ministério da Saúde junto com as sociedades médicas brasileiras, orientou a racionalização do uso de contraste iodado para exames e procedimentos médicos, até que o fornecimento do insumo seja normalizado.

“A escassez de meios de contraste ocorre de forma global, em razão de interrupção nas cadeias de produção e distribuição do insumo causada pela pandemia da COVID-19. Dessa maneira, a fim de auxiliar e minimizar os danos relacionados à falta do produto, a pasta recomenda otimizar o uso dos meios de contraste, priorizando procedimentos em pacientes de maior risco e em condições clínicas de urgência e emergência”, informou em nota.

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