MS registra média de 15 mil novos diagnósticos de obesidade mórbida mensalmente

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Uma nova pesquisa apresentada no Congresso Internacional sobre Obesidade deste ano, mostra que, se mantidas as tendências atuais, as taxas de obesidade aumentarão em meninos e meninas de todas as idades nos próximos 20 anos. Em Mato Grosso do Sul 152.522 pessoas foram diagnosticadas com obesidade mórbida. Em 2024, o número de novos registros já ultrapassa os 67 mil até maio, média de quase 15 mil pessoas por mês.

A obesidade infantojuvenil é uma das questões de saúde pública mais importantes da era moderna. Pesquisas indicam que, se comparadas a crianças com peso normal, crianças com excesso de peso são mais propensas a desenvolver problemas de saúde quando jovens, como diabetes tipo 2, asma, hipertensão e distúrbios metabólicos. Contudo, a carga epidemiológica da obesidade em crianças e adolescentes no Brasil em anos futuros ainda não havia sido projetada. Assim, o objetivo do estudo foi fornecer as tendências esperadas no aumento da obesidade infantojuvenil no Brasil no período de 2024 a 2044.

Para o Jornal O Estado, a Nutricionista Priscilla Zimerman explica que a obesidade entre crianças e adolescentes é um problema crescente em muitos países, e vários fatores contribuem para o aumento dessa condição, hoje em dia as crianças quase não saem para brincar, a maioria passa muito tempo em frente as telas (televisão, computadores, tablets e smartphones) substituiu o tempo que antes era dedicado a atividades físicas ao ar livre.

“Quase não se vê mais crianças jogando bola, correndo atrás de pipas, andando de bicicleta, e essa exposição exagerada acaba afetando as crianças e adolescentes em vários níveis emocionais como depressão, ansiedade e para aliviar esses sintomas muitos recorrem a comida, que por muitas vezes não são nada saudáveis, como biscoitinhos, balas, chocolates, refrigerantes, essas guloseimas todas que conhecemos.”, pontuou.

A nutricionista afirma ainda que nem para realizar as principais refeições eles largam o celular, isso contribui com o aumento de peso, porque leva à distração durante as refeições, fazendo com que eles não prestem atenção ao que e a quantidade que estão comendo. Isso pode resultar em comer em excesso, pois a sinalização de saciedade do corpo pode ser ignorada. A publicidade direcionada a crianças de produtos alimentares ultraprocessados é uma influência poderosa.

“As crianças são mais suscetíveis às mensagens de marketing que promovem lanches e refeições com alto teor calórico, e que os pais acabam cedendo a suas vontades, porque está na mídia e não percebem que é nocivo a saúde das crianças”, finalizou.

Os autores fizeram um estudo de modelagem, que estimou as tendências nacionais da obesidade infantojuvenil de 2024 a 2044 com base nas tendências dos grupos de estudo brasileiros. A projeção de como o Índice de Massa Corporal mudará ao longo do tempo para crianças, adolescentes e adultos assumiu que o aumento médio do IMC para cada faixa etária continuaria nos próximos 20 anos.

Nos próximos 20 anos, os autores preveem que, se nada for feito, a prevalência de obesidade infantojuvenil aumentará em todas as faixas etárias para ambos os sexos, seguindo os padrões observados em grupos de estudo brasileiros de 1985 a 2019. Estima-se que a prevalência de obesidade em meninos de 5 a 9 anos aumente de 22,1% para 28,6% entre 2023 e 2044, enquanto nas meninas dessa faixa etária a projeção é que aumente de 13,6% para 18,5%.

No mesmo período de 20 anos, a porcentagem de meninos de 10 a 14 anos vivendo com obesidade aumentará de 7,9% para 17,6%, enquanto a porcentagem de meninas com obesidade na mesma faixa etária aumentará de 7,9% para 11,6%. Finalmente, a prevalência de obesidade entre os meninos na faixa etária de 15 a 19 anos aumentará de 8,6% para 12,4% nos próximos 20 anos, enquanto a prevalência entre as meninas dessa idade aumentará de 7,6% para 11,0%.

“Os resultados do estudo apoiam a necessidade urgente de políticas públicas para prevenir e tratar o sobrepeso e a obesidade no SUS (Sistema Único de Saúde) e demonstram prováveis impactos epidemiológicos da obesidade infantojuvenil no Brasil, se não forem tomadas medidas apropriadas. Além de abordagens no âmbito do SUS, para resolver efetivamente essa questão, é essencial implementar políticas fiscais e regulatórias que promovam ambientes alimentares mais saudáveis, especialmente para crianças e adolescentes”, afirmam os autores da pesquisa.

 

Por Thays Schneider

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