Pesquisa é comandada pelo infectologista Julio Croda e ocorrerá em sete polos em todo o Brasil
Mato Grosso do Sul vai participar de mais uma pesquisa para o combate da COVID-19, com o estudo, de fase 3, para verificar a eficiência de um medicamento a fim de evitar a propagação e transmissão da doença. Os trabalhos ocorrerão de forma simultânea em sete centros no Brasil, sendo no Estado e no Rio de Janeiro, sob responsabilidade da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
O pesquisador e infectologista Julio Croda é o coordenador do estudo, junto com Margareth Dalcolmo. Segundo a Fiocruz, o estudo multicêntrico internacional está sendo feito com o medicamento Molnupiravir, fabricado pela farmacêutica MSD.
Para avaliar o uso da pílula como PEP (profilaxia pós-exposição), serão recrutadas e avaliadas pessoas que foram expostas ao vírus, que vivem com alguém que testou positivo para a COVID-19 nas últimas 72 horas e apresentam algum sintoma da doença, além de outros critérios específicos exigidos no protocolo de pesquisa.
Ainda conforme a Fiocruz, além de Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro, os outros polos da pesquisa estão distribuídos entre os estados do Amazonas, Rio Grande do Sul e São Paulo. O tratamento consiste no uso do medicamento, por via oral, duas vezes ao dia, durante cinco dias consecutivos. A etapa de fase 3 terá a duração de seis meses.
Molnupiravir
O medicamento, que está sendo desenvolvido pela MSD em colaboração com a Ridgeback Biotherapeutics, atua impedindo a replicação do vírus e tem potencial de ação em diversos vírus RNA, incluindo o SARS-CoV-2.
Recentemente, a MSD divulgou os resultados interinos de fase 3 de um outro estudo, no qual Molnupiravir foi usado como tratamento nos primeiros cinco dias de sintomas e demonstrou redução de aproximadamente 50% do risco de hospitalização ou morte em pacientes adultos não hospitalizados com o novo coronavírus leve a moderado.
O que se sabe sobre o novo medicamento?
Os testes realizados até o momento indicam que os pacientes que receberam o Molnupiravir até 5 dias após o início da manifestação dos sintomas do novo coronavírus tiveram metade da taxa de hospitalização e morte na comparação com aqueles que não tiveram acesso ao medicamento. Contudo, a eficácia total do remédio ainda não foi determinada, mas já se conhece que não funciona em pacientes com sintomas graves.
Vale lembrar, ainda, que este não é o primeiro teste de eficácia de medicamentos que incluem voluntários do Estado. Recentemente, a Fiocruz, por meio da supervisão do infectologista Júlio Croda, cancelou a pesquisa sobre a nova vacina contra o vírus, elaborada pela Sanofi. Até agora, o que se sabe é que não houve voluntários suficientes para levar à frente o projeto e, por isso, o estudo não obteve êxito.
(Texto de Mariana Ostemberg)