MPMS lança campanha contra feminicídio, com a presença do ator Raul Gazolla

Fotos: Marcos Maluf
Fotos: Marcos Maluf

Evento ampliou o debate sobre a necessidade de reduzir números de casos, no Estado

Na tarde de ontem (1º), o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) realizou o lançamento da campanha “Seu Silêncio Pode Matar Você”, em referência ao Dia Estadual de Combate ao Feminicídio, celebrado em 27 de maio. Além de representantes do Ministério Público, Prefeitura Municipal de Campo Grande e da primeira-dama do Estado, Mônica Riedel, o evento contou com a presença ilustre do ator Raul Gazolla,[ ex-marido da atriz Daniella Perez, que morreu assassinada com 18 facadas por um colega de trabalho, em 1992.

Na ocasião, foram apresentados dados sobre os casos de crimes contra às mulheres, no Brasil, e a apresentação mostrou que, a cada 6 horas uma mulher é morta, no Brasil. Além disso, em 2022, 28,6 milhões de mulheres, de 15 a 24 anos, sofreram alguma violência de seus parceiros. “Mato Grosso do Sul é um dos Estados que mais mata mulheres no país e esse evento tem como objetivo divulgar, para a sociedade, que o MP e a polícia estão à disposição para ajudar as mulheres que sofrem qualquer tipo de violência”, explicou Lívia Carla Guadanhim Bariani, titular da 19ª Promotoria de Justiça de Campo Grande, acrescentando que a sociedade precisa estar unida, para diminuir os números alarmantes.

A promotora ainda salientou as ações desenvolvidas, com a campanha. “Nós firmamos parcerias com diversas empresas, como com a Latam AirLines, então, hoje, todas as aeronaves da Latam que pousarem em Campo Grande serão conscientizadas sobre o combate ao feminicídio. Cabe ressaltar também a parceria com a Uber, que não vai cobrar nenhuma corrida que seja solicitada por mulheres com destino à Casa da MulherBrasileira”, disse. Aline Mendes Franco é coordenadora adjunta do Neid (Núcleo de Enfrentamento à Violência Doméstica) do Ministério Público e promotora de Justiça da Casa da Mulher Brasileira, e falou sobre a importância das medidas protetivas, ressaltando que mais de 85% das mulheres, que foram mortas por seus companheiros, não tinham medida protetiva. “Às vezes, essa mulher não quer prejudicar o companheiro, não quer que ele seja processado ou prejudicado no emprego, mas é importante lembrar que, para solicitar uma medida protetiva, não é necessário processá-lo criminalmente. A mulher pode ir à uma delegacia solicitar a medida e exigir que aquela pessoa saia de casa e fique longe dela, sem que seja preciso um processo judicial”, explicou.

Durante discurso, Aline acrescentou que são vários os motivos que levam uma mulher a se manter em um relacionamento agressivo. “O medo, a esperança de mudança, a dependência financeira e até a dependência emocional, as levam a ficar com homens agressivos, mas é uma atitude pode ter final trágico”, salientou.  No final da cerimônia, foram entregues homenagens a duas mães de vítimas de feminicídio.

 

EXPERIÊNCIA

Raul Gazolla é ator e era marido da atriz Daniella Perez, na época do seu assassinato, ocorrido em 28 de dezembro de 1992. O corpo da atriz foi encontrado em um matagal na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. De acordo com os legistas, ela foi golpeada com 18 facadas de punhal, que atingiram seu pulmão, coração e pescoço. O autor do crime foi também ator Guilherme de Pádua e sua esposa à época, Paula Nogueira Thomaz. Guilherme fazia par romântico e contracenava com a vítima. Gazolla marcou presença no lançamento e, para ele, o crime teria sido motivado por inveja, cobiça e vingança, pois o ator assediava Daniella em busca de uma participação maior de seu personagem, na novela “De Corpo e Alma”, escrita por Gloria Perez, mãe da jovem atriz. “O pior é que muitas mulheres, que estão sendo agredidas, nem sequer sabem que se trata de violência doméstica. Precisamos conscientizar os jovens e adultos que estão cometendo crimes contra mulheres por insegurança ou pelo falso sentimento de posse e confundem isso com amor. Quando se mata uma pessoa, você não acaba apenas com aquela vida, você destrói a vida de uma família inteira. Não podemos deixar que as vítimas caiam no esquecimento”, discursou.

Fotos: Marcos Maluf

Por Tamires Santana– Jornal O Estado do MS.

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