Mato Grosso do Sul registra maior número de mortes por intervenção policial dos últimos dez anos

pm polícia militar
Foto: Valentin Manieri/Jornal O Estado de MS

De 1º de janeiro a 20 de março, 25 pessoas morreram, ao entrarem em conflito com os agentes

bate ao crime, apenas no primeiro trimestre de 2023, Mato Grosso do Sul registrou o maior número de mortes por intervenção policial dos últimos 10 anos. Segundo dados da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), de 1º de janeiro a 20 de março deste ano, 25 pessoas morreram, ao entrarem em conflito com os agentes do Estado. Destes, 14 foram mortos, na Capital.

Os dados começaram a ser enumerados em 2013 e, desde então, 2019 havia sido o ano com mais mortes durante confrontos com policiais militares, em Mato Grosso do Sul, com 18 mortes, entre os meses de janeiro e fevereiro. Em 2023, o Estado atingiu a marca de 22 mortes, no mesmo período.

Dos mortos em ações policiais neste ano, 23 pessoas são do sexo masculino, uma do sexo feminino e um não informado. Entre eles, há o registro de 12 jovens até os 19 anos, 11 adultos, um adolescente e um idoso. Ao todo, de 2013 até 20 de fevereiro deste ano, 323 pessoas morreram em ocorrências por intervenção de agentes do Estado. Dessas, 273 são homens, cinco são mulheres e 45 pessoas não têm o sexo informado, de acordo com os dados da Sejusp. A maioria das mortes é de jovens, seguido de adultos e 23 adolescentes. Outras 36 pessoas também não tiveram a faixa etária notificada.

Ao jornal O Estado, o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Antonio Carlos Videira, comentou sobre os números expressivos, registrados em MS, nos últimos meses e o perfil dessas pessoas. “Todos eles possuíam vasta ficha de antecedentes criminais. Durante o período em que estiveram presos, cumpriram pena principalmente por tráfico de drogas, roubos ou crimes violentos contra a vida. A grande maioria participava de facção criminosa, que atua nos países vizinhos, Paraguai e Bolívia, e também nos grandes centros consumidores de produtos ilícitos, principalmente cocaína e maconha.

De acordo ainda com Videira, essas pessoas tinham, no Estado, missões específicas de garantir o transporte, a logística ou a distribuição desses produtos ilícitos, como também produtos de contrabando.

O caso mais recente ocorreu na madrugada do dia 20 de março, no interior do Estado. Uma perseguição, entre a Polícia Militar de Aquidauana e um homem, de 32 anos, acabou em morte. Ele teria avançado para cima dos agentes com uma faca.

A perseguição teve início por volta das 4 horas da manhã, quando o homem tentou fugir dos policiais, se escondendo em uma residência. O dono da casa permitiu a entrada dos policiais, momento em que encontraram o suspeito tentando se esconder, em um dos cômodos da casa.

Em situação de confronto, o homem teria tentado agredir os agentes e os ameaçar com uma faca. Os agentes dispararam duas vezes, o atingindo. O homem chegou a ser socorrido e encaminhado para o hospital do município. Devido aos ferimentos, ele não resistiu. As armas dos policiais foram apreendidas e o caso será apurado.

Do total de mortes durante confronto com a PM, registradas no interior do Estado, no ano passado, 11 ocorreram nos municípios fronteiriços com o Paraguai. Este ano, foram cinco na região, até o momento.

Câmera na farda

Até o momento, não há previsão para a implantação de “body cam” – câmeras acopladas nos uniformes dos policiais militares – em Mato Grosso do Sul. O recurso já é usado em alguns Estados do país, para filmar as ações policiais.

Na cidade de São Paulo, um levantamento, feito entre dezembro de 2020 e novembro de 2021, mensurou o impacto da implementação das COPs (Câmeras Opcionais Portáteis) sobre as ocorrências de mortes por intervenções policiais, comparando 15 batalhões que adotaram as COP e 15 unidades que não implementaram as “body cam”.

Uma redução de 87% foi constatada no número de óbitos decorrentes de ações policiais, nas unidades em que foram implantadas as COP. Contudo, o estudo também indica que as câmeras podem reduzir o número de apreensões de armas e prisões.

Conforme o secretário da Sejusp, o Estado optou por ter o equipamento quando o governo federal destinar esse tipo de tecnologia para as polícias federais e os Estados, para que tudo seja feito de uma forma padronizada e interligada, em todo o país.

Por Brenda Leitte – Jornal O Estado de MS.

Leia a edição impressa do Jornal O Estado do MS.

Acesse as redes sociais do O Estado Online no Facebook Instagram.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *