Jornal O Estado inicia série de reportagens sobre os prédios abandonados pela Capital

antigo Laboratório Central
Foto: Marcos Maluf

Primeiro imóvel visitado pela reportagem foi o edifício do antigo Laboratório Central, localizado na avenida Calógeras

Com o passar dos anos e o avanço da urbanização, Campo Grande foi ganhando novos prédios e ampliando o número de bairros. Contudo, um dos grandes desafios desse cenário está em trazer uma nova “vida” para prédios que foram significativos para o desenvolvimento da população da Capital. Para relembrar o passado, o presente e o possível futuro que cada um desses locais poderá ter, a equipe do jornal O Estado inicia, nesta terça-feira (10), uma série de reportagens especiais relebrando a história de importantes edifícios, que hoje encontram-se abandonados, à espera de um projeto de revitalização.

O primeiro visitado pela reportagem foi o prédio do antigo Labcen (Laboratório Central) de Mato Grosso do Sul, localizado na avenida Calógeras, ao lado da Casa do Artesão. Nas paredes que antes tinham avisos sobre exames e atendimento médico, hoje, dão lugar a pichações e ao desgate provocado com o passar dos anos e a invasão de moradores em situação de rua e usuários de drogas. As portas, que antes serviam para levar a esperança de cura e de tratamento, hoje foram trocadas por tijolos, na tentativa de evitar novos estragos.  

Quem passa pelo local confirma as péssimas condições em que o imóvel se encontra. Para o jornal O Estado, o comerciante Oelder Ramos, 34, contou que desde 2017 tem o ponto de salgados e sorvetes na avenida Calógera sem frente ao antigo Labcen. “É triste de se ver um prédio com essa estrutura, na região central, largado assim. Esse local abandonado gera insegurança para nós, trabalhadores, e para a população que precisa frequentar o centro”, detalhou.

Segundo o empreendedor, o ideal seria fazer do lugar um centro de esporte, academia popular ou, até mesmo, o hospital público prometido recentemente pela prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes. 

“Alguns meses atrás aconteceu um grande show do cantor Gabriel Sater. Em um único dia consegui pagar meu aluguel do mês. Só não acontece mais eventos por conta dos usuários de drogas que ficam espalhados pelas calçadas da avenida, é lamentável”, concluiu.

 

História local 

Engana-se quem pensa que a situação de desgaste e destruição do edifício é recente. Em 2017, o município chegou a responder ação civil pública devido às precárias situações em que os atendimentos estavam sendo praticados na unidade. 

Conforme o MPE (Ministério Público Estadual), a ação foi proposta após uma vistoria técnica ter identificado problemas que estavam comprometendo a qualidade da análise dos materiais, além disso, sem o espaço, estrutura e os materiais necessários, atendimentos estavam deixando de serem realizados. A capacidade da unidade era de 270 mil testes por mês. 

Diante desse cenário, no dia 31 de setembro de 2017, a prefeitura de Campo Grande inaugurou a nova unidade do Labcen, localizada na Vila Rica. Com a urgência em oferecer um novo espaço, o município chegou a informar que os atendimentos seriam 100% realizados, somente 30 dias após a mudança de estrutura. 

Na ocasião, o prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad, confirmou que a inauguração foi um alívio para os profissionais da saúde. “Mais importante do que pra gestão, esse novo prédio tem um significado maior para estes servidores, que há anos precisam trabalhar quase que 24 horas por dia em um lugar sem o mínimo de condições”, destacou, à época. Após a mudança, a situação do local piorou. Em agosto de 2022, a prefeitura de Campo Grande confirmou que estava produzindo os trâmites para a entrega do espaço para o Governo do Estado. Na ocasião e diante das reclamações dos moradores e consumidores do centro da Capital com os moradores em situação de rua e a comercialização de drogas, o município fechou com tijolos as portas e janelas, a fim de evitar o acesso ao edifício. 

 

Futuro do local

A reportagem procurou a FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul), atual responsável pelo prédio, que confirmou que está sendo elaborado um estudo técnico para a construção de um projeto executivo visando a restauração e destinação à cultura, por entender que o bem integra uma zona de interesse cultural e que mais um equipamento de memória e difusão ajudará na melhoria da região.

 

Por – Thays Scneider

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