Jogo do Bicho: Retaliações são apontadas em meio à investigação do Gaeco

Foto: Pelo menos cinco dos
presos passaram a
noite na delegacia da
Garras, na Capital/Marcos Maluf - CG News
Foto: Pelo menos cinco dos presos passaram a noite na delegacia da Garras, na Capital/Marcos Maluf - CG News

Neno Razuk e assessores são alvos da operação que mira a disputa por monopólio

Quatro assessores parlamentares do deputado estadual de Mato Grosso do Sul, Neno Razuk (PL), foram presos pelos policiais da Garras (Delegacia Especializada Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), durante a Operação Successione, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), do Ministério Público, na manhã de ontem (5). 

Ao todo, foram cumpridos dez mandados de prisão temporárias e 13 de busca e apreensão nas cidades de Campo Grande e Ponta Porã, inclusive, na residência do deputado. 

Conforme divulgado pelo Ministério Público, as investigações revelaram a forte atuação de uma organização criminosa responsável por diversos roubos praticados mediante o emprego de arma de fogo e em concurso de agentes, em plena luz do dia e na presença de outras pessoas na Capital, no contexto de disputa pelo monopólio do jogo do bicho. 

Ainda segundo as investigações, a organização criminosa tem grave penetração nos órgãos de segurança pública e conta com policiais para o desempenho de suas atividades, revelando-se, portanto, dotada de especial periculosidade. Informações de agentes da Segurança Pública, que optaram por não serem identificados, indicam que, desde então, a disputa teria promovido, inclusive, retaliações entre servidores envolvidos na investigação. 

Vale lembrar que tudo começou em 16 de outubro, quando equipes da Garras (Delegacia Especializada Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros) apreenderam 700 máquinas do jogo do bicho no bairro Monte Castelo, em Campo Grande. Na ocasião, a denúncia de um suposto sequestro foi a chave para a apreensão. No local, dez pessoas foram flagradas na casa que era alugada pelo major G. Santos, no bairro Monte Castelo e funcionava como um clube de pôquer. Segundo eles, estavam apenas jogando baralho. 

Desde então, as investigações passaram por diversas deleapreensão, encaminhando e protocolando o expediente na Delegacia-Geral da Polícia Civil em 20 de outubro de 2023. Ocasião em que a DGPC (Delegacia- -Geral da Polícia Civil) também teria atuado dentro do prazo regulamentar de cinco dias e, após manifestação da Assessoria Jurídica da Polícia Civil, o delegado-geral, que decidiu encaminhar as investigações para o Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), que daria, por intermédio da Decco (Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado), condução as investigações. 

Questionado sobre o seu envolvimento, o deputado estadual Neno Razuk (PL) descartou qualquer ilegalidade e promete colaborar com a Justiça. 

“Fui acordado de maneira infeliz com a polícia dentro de casa, estou ciente da minha inocência. Na minha residência não havia nada de ilegal e tudo será devidamente esclarecido. Enfatizo, ao dizer que não tenho nenhuma relação com o jogo do bicho. Estão querendo colocar nas minhas contas algo que não é meu”, reforçou ele, que ainda confirmou que de sua casa foram retirados dois aparelhos celulares, tablet e uma arma legalizada.gacias. Em 24 de outubro, em nota oficial, a Polícia Civil informou que o delegado titular da Garras teria deliberado, no prazo de cinco dias após a  Na manhã de ontem, na sede do Gaeco, o jornal O Estado MS conversou com os advogados César Lopes e Rhiad Abdulahad, que inicialmente atendem o deputado Neno Razuk e estudam colaborar na defesa dos assessores presos. Eles lembram que o parlamentar chegou a ser investigado na Operação Omertà, em setembro de 2019, mas não foi encontrada ligação e que todos os envolvidos são inocentes. 

“Conversamos com nossos clientes, que estão tranquilos, porque não houve a exploração do jogo [do bicho]. Se existe alguém que precisa ser responsabilizado por isso não são essas pessoas e o tempo vai provar isso. Respeitamos as instituições, o trabalho sério da força-tarefa, mas temos certeza, é cristalino, de que não são eles que exploram o jogo do bicho na Capital. Já aconteceu, no passado, operações nesse sentido, em que ficou comprovado [o não envolvimento]. Temos certeza de que essa será mais uma e que os verdadeiros culpados serão responsabilizados”, disse Abdulahad. A prisão preventiva dos investigados é de 30 dias. 

Pelas redes sociais, o deputado federal Marcos Pollon, presidente do PL em Mato Grosso do Sul, se pronunciou sobre caso, dizendo que “acabo de tomar conhecimento de fatos lamentáveis envolvendo um parlamentar do PL em meu Estado. Que a Justiça prevaleça, apuradas as devidas responsabilidades e que os responsáveis sofram os rigores da lei”.

Entre os presos está o major da reserva da Polícia Militar, Gilberto Luiz dos Santos, o G. Santos, que trabalha como assessor parlamentar no gabinete de Neno, além do seu filho, Júlio César. Gilberto foi encaminhado para o Presídio Militar e Júlio para a Garras, onde recebeu a visita do advogado Santos Júnior.

“Não posso dar nenhuma informação agora, por não ter conhecimento do que ele responderá. Outro aspecto importante é que as operações do Gaeco são baseadas em provas técnicas, de coleta de dados, então o advogado tem que falar de algo analisado com profundidade”, declarou o advogado para O Estado MS.

Operação Successione 

O nome da operação faz alusão à disputa pela sucessão do controle do “jogo do bicho” em Campo Grande, com a chegada de outros grupos criminosos que migraram para a Capital após a Operação Omertà.

Por – Kamila Alcântara e Michelly Perez 

 

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