Imagens de drone são peça-chave na investigação sobre acidente que matou 6 pessoas na BR-163

Peritos utilizaram o drone desde as primeiras horas de investigação no local - Foto: Marcos Maluf
Peritos utilizaram o drone desde as primeiras horas de investigação no local - Foto: Marcos Maluf

Equipamento auxilia no mapeamento de área, identificação de vestígios e reconstrução do sinistro

 

Além de fiscalizar o trânsito de Campo Grande, os drones estão sendo usados para localizar vítimas de acidentes e até mesmo, auxiliam no trabalho das equipes de perícia na elucidação de sinistros. Uma dessas ocorrências foi a registrada ontem (10), quando seis pessoas morreram em um grave acidente envolvendo uma carreta bitrem, um caminhão-baú, uma carreta carregada com porcos e um carro Chevrolet Onix A BR-163, Cerca de 3,4 km após a praça de pedágio de Anhanduí, distrito de Campo Grande.

Equipe da perícia da Polícia Civil contou com ajuda de um drone para localizar os corpos de Daniel Lopes e Fernanda Lopes, casal que seguia no carro de passeio para Santa Catarina. O drone também foi usado para localizar a sexta vítima da tragédia que foi encontrada nove horas depois.

Em meio aos destroços que restaram após o acidente, fato que chamou a atenção de quem passou pelo local foi o de ver o trabalho das equipes de perícia com o auxílio de um drone captando imagens aéreas do sinistro e tentando localizar possíveis vítimas. Para o Jornal O Estado, Dr. Emerson Lopes dos Reis, Diretor do Instituto de Criminalística da Polícia Científica explicou que a utilização destes equipamentos ajuda não só na obtenção de imagens, mas também, em conhecer as dinâmicas dos fatos.

“O uso de drones na perícia, principalmente, em locais abertos como os de acidentes de trânsito constitui uma ferramenta muito importante por que ele dá ao perito a possibilidade da visão que ele não teria em solo, uma vez, que o drone sobrevoa e faz as imagens do alto, o que facilita muito a identificação de vestígios, a identificação da dinâmica do acidente, e o perito ainda pode fazer um mapeamento aéreo, uma reconstrução aérea fotogrametria de forma que ele consegue ter toda a cena de forma reconstruída em três dimensões, toda em escala. Com isso, ele consegue tirar todas as medidas que ele precisa do local e além de trazer uma maior qualidade na visualização da cena do acidente para que ele possa realizar a sua análise e chegar a conclusão de quem deu as causas do acidente”.

Uma das exigências prescritas em contrato com a CCR MS Via era a de duplicar os trechos incluídos na concessão. contudo, o trecho em que houve a colisão não é duplicado e não conta com sistema de monitoramento por câmeras. Além disso, existem placas que sinalizam que a ultrapassagem na região é proibida. Em entrevista ao Jornal O Estado, Sergio Ejzenberg, Engenheiro e Mestre em Transportes pela Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo), destaca que a duplicação de rodovias ainda é uma das medidas que ajudam a reduzir o número de acidentes fatais. “A duplicação de rodovias aumenta a capacidade de escoamento do tráfego e de cargas, além de aumentar a segurança viária. As ultrapassagens passam a ser feitas com segurança e conforto”, destaca.

Sobre este tipo de infração, Sergio Ejzenberg ressalta que elas normalmente, acabam em morte. “Ultrapassagens em locais proibidos são frequentemente coibidas com a morte. A morte é mais cara que a multa. E é mais dolorosa que a pontuação no prontuário do condutor”. finaliza.

Delegado que atendeu a ocorrência, Willian Rodrigues, da Depac Cepol, disse que o motorista do caminhão dos porcos tentou a ultrapassagem e acabou batendo nos outros veículos que vinham no sentido contrário.

Quem passou pelo local pôde ver cerca de 210 porcos espalhados pela via, parte deles mortos outros agonizando, além disso parte de uma carga de milho ficou pelo local e produtos alimentícios. O trânsito ficou congestionado durante todo o dia, funcionando em pare e siga, caminhoneiros precisaram esperar no sol e sem almoço até que a pista fosse liberada parcialmente. Foram necessários três caminhões munck e dois guinchos para retirar os destroços dos veículos.

21 pessoas nos primeiros 90 dias de 2024
Conhecida como Rodovia da morte, a BR-163 já matou 21 pessoas em 2024. A primeira vítima foi em 10 de janeiro Lourdes Terto Celestino, de 67 anos, morreu após ser atropelada por uma motocicleta, na Avenida Industrial, prolongamento da BR-163, área central da cidade de Itaquiraí, a 405 quilômetros de Campo Grande.

Diogo Neves do Nascimento, de 19 anos, morreu no dia 14 de janeiro durante acidente de trânsito na rodovia federal BR-163, km-783, sentido Pedro Gomes e Sonora. Ele perdeu o controle da motocicleta Honda CG 160 Fan que conduzia, sofrendo diversas fraturas.

Ainda em janeiro José Domingos Gaudêncio, de 43 anos, morreu após colisão frontal entre dois carros, na BR-163, na região do Bairro Taquaral Bosque, na saída para Cuiabá, em Campo Grande.

Antônio Carlos Barbosa, de 69 anos, foi arremessado para fora do carro que conduzia durante capotagem e morreu na BR-163, em Nova Alvorada do Sul, a 116 quilômetros de Campo Grande. O condutor desviou de um porco do mato na pista, quando ocorreu a capotagem.

Já em fevereiro Mauro Marcio dos Santos Lili, de 40 anos, foi identificado como o condutor do ônibus que se envolveu em acidente de trânsito na rodovia federal BR-163, trecho entre Juti e Naviraí.

Colisão entre dois caminhões deixou uma pessoa morta e outra gravemente ferida, no início da tarde desta sexta-feira (16), na BR-163, próximo a cidade de Jaraguari, a 47 quilômetros de Campo Grande.

No dia 20 de fevereiro Astor João Braganholo, de 64 anos, morreu no hospital após ser atropelado por um carro, na BR-163, distrito de Prudêncio Thomaz, em Rio Brilhante 161 quilômetros de Campo Grande.

Alex Barbosa Santana, 33, e Patrícia Brito Valensuela,34, morreram no local do acidente. No anel rodoviário da BR-163 no quilômetro 469, em frente ao posto de combustíveis, na região do Jardim

No último dia de fevereiro a motorista da caminhonete Toyota Hilux que bateu de frente com um caminhão e morreu carbonizada na BR-163 foi identificada como Simone de Fátima Oliveira, 37. Ela estava no veículo com o marido, Jucinei de Jesus Ferreira, e uma criança de 5 anos. Ambos não resistiram aos ferimentos.

Já em março um homem de 25 não identificado morreu em Campo Grande, após ser atropelado no quilômetro 481 da BR-163, próximo do viaduto que dá acesso à saída para a cidade de Ribas do Rio Pardo.

Fernando de Oliveira Nogueira, 24, morreu na BR-163, em Mundo Novo, distante 463 quilômetros de Campo Grande, após bater a motocicleta que conduzia em um trator de obras, que estava a serviço na rodovia.

No dia primeiro de abril, Marciano Felippsen Gomes, 32, foi atropelado na rodovia federal BR-163, trecho entre o município de Ponta Porã/Dourados e acabou morrendo.

Relicitação
A BR163 é considerada a mais perigosa por quem costuma trafegar por ela. O trecho da BR-163 em Mato Grosso do Sul tem 847,2 km e está entre as divisas com o Paraná e Mato Grosso, abrangendo ainda 14 cidades. Cenário de muitos acidentes e mortes, o CPPI (Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos) e o Ministério dos Transportes aprovaram a prorrogação do processo de relicitação da BR-163 no Estado, por dois anos, contando a partir de 12 de março. A decisão atende recomendação da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).

Ligando as cidades de Mundo Novo, Itaquiraí, Naviraí, Caarapó, Rio Brilhante, Campo Grande, Bandeirantes, Rochedo, Jaraguari, São Gabriel do Oeste, Camapuã, Rio Verde de Mato Grosso, Pedro Gomes e Sonora, do número total de extensão, apenas 150,4 km foram duplicados, uma das propostas apresentadas pela CCR MSVia, quando assumiu a rodovia, ainda em 2013.

CCR MS aponta redução de acidentes 

Em nota a CCR MS Via afirmou que a concessionária reduziu em 35% os acidentes nos trechos críticos da rodovia em 2023, comparado ao ano de 2022. Também houve redução de 26% no número de vítimas fatais em 2023, se comparado com o ano de 2013, quando a rodovia ainda não era concessionada.

Em seus 845,4 quilômetros, a rodovia conta com 17 bases operacionais do SAU (Serviço de Atendimento ao Usuário), com mais de 80 viaturas estão à disposição dos usuários, oferecendo serviços de socorro médico e mecânico, 24 horas por dia.

 

Por Thays Schneider e Michelly Perez

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