A partir de agora, a unidade hospitalar só deve receber a pacientes com vagas reguladas pelo SUS
Devido à superlotação, o Humap (Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian) não irá mais atender pacientes na modalidade “vaga zero”, que permitia o acesso imediato ao Pronto Atendimento Médico de Urgência e Emergência em casos graves e com risco de morte. A partir de agora só darão entrada, os pacientes com vagas previamente reguladas pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e conforme a capacidade de lotação de 17 leitos.
De acordo com o hospital foi preciso reformular o atendimento de Emergência em função das constantes superlotações, que prejudicam o atendimento aos pacientes, sobrecarregam os profissionais e atrapalham o ensino da residência.
“Não vamos mais atender pacientes vaga zero porque essa tem sido a maneira que a Secretaria Municipal de Saúde tem utilizado, através da Central de Regulação, para enviar pacientes além da capacidade contratualizada dos hospitais”, informou o hospital em nota.
Com isso, o atendimento de pacientes com o quadro grave será feito somente por meio da regulação de vagas. O pronto atendimento médico do Humap conta com seis leitos de área vermelha (sendo 1 para trombólise), oito leitos de área amarela (sendo 4 leitos para AVC) e três leitos de área verde.
“Os pacientes críticos serão recebidos dentro do número de vagas. Nada mudará no atendimento destes casos. Continuaremos também com o atendimento da Unidade de AVC Agudo, Linha de Dor Torácica e portas abertas para a maternidade”, garantiu o hospital.
Além do problema da superlotação, o Humap também vem enfrentando dificuldades na compra de insumos para atender a grande demanda. “Os hospitais precisam se planejar para comprar medicamentos, insumos, enxovais, contratar profissionais. No caso do Humap, que é gerido pela empresa pública Ebserh, é preciso concurso público para contratação. As superlotações prejudicam o funcionamento adequado dos hospitais à medida que recursos materiais e humanos são consumidos além do planejado”, pontuou o HU.
Sobre a reformulação, o hospital defende que foi a maneira encontrada para garantir o encaminhamento de pacientes apenas via regulação. “Quando da repactuação do instrumento formal de contratualização, ocorrida em junho de 2022, foi definido um prazo para que a Secretaria Municipal de Saúde se organizasse em relação a essa demanda. A organização da regulação é responsabilidade do gestor do SUS.”
Por sua vez, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) disse que na reunião no Conselho Municipal de Saúde, ocorrida na quarta-feira (14), houve a sinalização do hospital em manter os atendimentos de forma plena por seis meses. Além disso, a secretaria garantiu que está buscando alinhar os fluxos de atendimento e a possibilidade de remanejamento e expansão de leitos nos hospitais conveniados.
As tratativas com o Hospital Universitário vem sendo intensificadas com o objetivo de garantir que os atendimentos não sejam interrompidos. A gestão entende a necessidade de buscar meios para que não haja impactos na assistência da população em razão de uma possível desabilitação do hospital da Rede de Urgência e Emergência. A Sesau reitera que todos os esforços serão desprendidos na garantia da manutenção e ampliação dos serviços com objetivo de proporcionar uma saúde pública de melhor qualidade para a população campo-grandense”, diz a nota da Sesau.
Por fim, o Hospital destacou que será possível otimizar a realização de cirurgias que são importantes também para a formação dos residentes. Além disso, oferecerá 212 leitos de internação para a Rede de Atenção à Saúde.
“Os impactos para residentes e pesquisadores será significativo com o fim das superlotações, haja vista que o Humap é um Hospital-Escola da UFMS, principal formador de médicos generalistas e especialistas do Estado e tem um potencial de atendimento de situações de média e alta complexidade”.
Vereador teme impacto na Saúde Pública
Ao O Estado, o vereador Victor Rocha (PP) disse que o Hospital Universitário deve sair da RUE (Rede de Urgência e Emergência) em fevereiro de 2023. Com isso, não haverá mais o pronto atendimento aberto para os atendimentos de urgência, somente para os procedimentos eletivos.
“Essa é uma decisão que já foi tomada e foi comunicada a Sesau, que vai ter que se reestruturar para não haver uma piora nos encaminhamentos aos hospitais. O que nós fizemos foi adiantar esse problema que tem pouco mais de dois meses para que os gestores da Sesau, a prefeita Adriane Lopes (Patriota) e sua equipe técnica tomem as devidas providências”, afirmou o vereador.
Sobre o impacto que o fechamento do pronto atendimento médico do Hospital Universitário pode causar na saúde pública da Capital, o vereador apontou a superlotação das Upas (Unidade de Pronto Atendimento) e a falta de um local para o encaminhamento de pacientes graves.
“Se não for feito nada, vai aumentar o tempo de espera dos pacientes que hoje são encaminhados das UPAs e dos Centros Regionais de Saúde para a Santa Casa, Hospital Universitário ou Hospital Regional. Tirando um deles da rede vai piorar a superlotação e o paciente ficará mais dias esperando por uma internação. Para resolver isso, a Sesau vai ter que ver uma ampliação ou um outro hospital, como o Pênfigo. O HU não está mais em discussão, eles vão fechar o pronto-socorro”, observou.
Por Suelen Morales – Jornal O Estado.
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