[Por Camila Farias – Jornal O Estado de MS]
No Aero Rancho e no Iracy Coelho pacientes alegam falta de profissionais e dificuldade em obter tratamento
Os moradores de Campo Grande estão preocupados com a situação que estão as UBS, sem médicos e com a falta de remédios os pacientes passam meses para conseguir agendar uma consulta com clínico geral e ainda mais tempo para conseguir marcar um exame em qualquer especialidade médica.
Na edição de ontem (24) do jornal O Estado revelou a dificuldade enfrentada na UBS Moreninhas, onde pacientes relataram a falta não só de médicos mas também de medicamentos na farmácia da unidade, da falta de comunicação, além do tempo de demora para o atendimento que é de até três horas.
Na tarde de ontem (24), a reportagem do O Estado percorreu outras duas UBS (Unidade Básica de Saúde), para conversar com a população e verificou que a situação das Moreninhas não era isolada.
Na UBS Aero Rancho, foi informado à reportagem que não havia nenhum médico atendendo no período vespertino, mas que ocorreu uma falta excepcional e que sempre há, pelo menos, um profissional em cada período para atender a toda a população do bairro. Quanto à falta de remédios não souberam dizer, pois a farmácia da UBS e UPA (Unidade de Pronto Atendimento), são integradas.
O aposentado José Belo, 74, se diz muito revoltado com a saúde do posto local, pois existem diversas salas vazias e a população precisa atravessar a cidade para conseguir realizar um exame. “Médico até tem, mas para a pessoa fazer um exame tem que atravessar a cidade. Estou com um monte de exames para fazer, raio-x, ultrassom da mão… E um posto grande desses, com um monte de salas vazias! por que não coloca um aparelho de raio-x aqui? Os outros postos todos têm, mas não podem atender a gente, aí eu tenho que ir do outro lado da cidade para poder fazer o exame. Remédio também sempre falta aqui”, desabafa.
Para a auxiliar administrativa, Higimary Brites, 36, o problema é a demora para conseguir marcar consultas e exames, além de faltar sempre o medicamento que os médicos costumam passar.
“É questão de dois meses para conseguir agendar uma consulta, depois mais dois meses para conseguir fazer os exames e sem falar que os médicos sempre passam o ibuprofeno e nunca tem na farmácia”, declara.
Por outro lado, a UBSF (Unidade Básica de Saúde da Família), do bairro Iracy Coelho, não sofre com a falta de médicos, mas a demora no atendimento e a dificuldade em encontrar remédios de uso contínuo é o que preocupa os moradores do bairro. Dona Dalva, 72, é hipertensa e necessita de medicamento controlado, mas explica que por diversas vezes não conseguiu encontrar o tratamento na farmácia do posto.
“Os remédios às vezes faltam, mas como é de uso contínuo eu acabo tendo que comprar. Para marcar consulta também demora meses, hoje, por exemplo, vim tentar encaixe e já estou aqui há mais de quatro horas esperando o atendimento”, afirma Dalva.
Vale lembrar, que o Secretário Municipal de Saúde, José Mauro, negou a falta de médicos e de medicamentos. Segundo ele, as ausências podem ser pontuais. “Há vários indicadores de melhoras, que hoje eu posso afirmar que não temos essa falta de profissionais médicos. O que acontece sazonalmente são os períodos de residência dos médicos que saem para estudar fora de Campo Grande. Estamos com 92% do estoque de medicamentos completos na Capital. Alguns medicamentos não estão em falta, e sim foram proibidos pela Anvisa”, contou ao O Estado na quarta-feira (23).
A questão da saúde é um problema recorrente em Campo Grande e apontado por muitos que utilizam os serviços médicos. De acordo com uma pesquisa indicada pelo Instituto Ranking Brasil a área da Saúde é a que concentra os maiores problemas do município e a campeã de reclamações com 25,50%. Em segundo lugar ficaram os impostos 22,20%, e em terceiro lugar a inflação (Custo alto de vida) 20,10%. Ao todo, foram ouvidos 1.000 campo- -grandenses com idade acima de 16 anos, entre os dias 18 e 22 de março de 2022.