Explosão de sintomas respiratórios faz Sesau recomendar retorno de máscaras nas escolas

e1c5ba94-db2d-41b1-a2f0-80a5ad180235

Comunicados devem ser enviados para famílias a partir da próxima semana

Com o aumento do número de casos de doenças respiratória na última semana, em Campo Grande, a Semed (Secretária Estadual de Educação) enviou um comunicado as escolas e aos pais recomendando medidas para sanear o quadro atual. Com a mesma preocupação, algumas escolas particulares também orientam as crianças para a prevenção da transmissão das doenças. Além disso, a secretária de saúde, Rosana Leite, alerta sobre os cuidados com as crianças recém-nascidas.

A Prefeitura de Campo Grande, por meio da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), notou a alta procura por atendimento em decorrência a viroses e quadros respiratórios, na última segunda-feira (22), com isso aumentaram o número de efetivo nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e no CRSs (Centro Regionais de Saúde). Além disso, outras medidas emergenciais também foram adotadas, como o acionamento imediato da EMAC (Equipe Móvel de Ação em Crise).

“Na segunda-feira nós tivemos aquela explosão de casos, mais de 2.500 atendimentos num dia, mais do que o habitual. As pessoas perderam o hábito de se cuidarem, usar mascara, se estão com o nariz escorrendo, não adotam a medida necessária para não transmitir para outras pessoas”, conta a secretária municipal de saúde, Rosana Leite.

O jornal O Estado visitou uma escola da REME (Rede Municipal de Ensino) para saber a opinião dos pais a respeito do comunicado. Contudo, a diretora se limitou a dizer que ainda não havia passado o informativo aos pais, mesmo com a orientação sendo envida pela Semed. “Recebemos o comunicado ontem (25), mas ainda não passamos para os pais. Hoje (26), conversamos com os alunos a respeito do assunto e semana que vem informaremos os pais e responsáveis”, alega.

Na mesma unidade escolar, duas mães confirmam não saber do comunicado, mas afirmam que se for necessário vão adotar as medidas indicadas. A pedagoga, Rosângela Assis, estava em frente a escola, esperando seu filho de 11 anos sair, diz saber que há um aumento no número de casos de gripe e acha que as recomendações são importantes para frear essa alta.

“Eu sei da importância dos cuidados, meus filhos tomaram a vacina e durante a pandemia nos prevenimos conforme as orientações. Normalmente, quando meu filho apresenta algum sintoma eu não levo para escola, ele fica em casa, justamente para não transmitir para outra criança”, conta a pedagoga.

Outra mãe, a Jéssica do Carmo, foi pegar seu filho de seis anos na escola, e comenta sobre a preocupação que sente por ter uma criança pequena. “Se realmente passarem essa recomendação iremos seguir, as crianças são propicias a ficarem bastante doentes, quem é mãe sabe como é sofrido cuidar delas nesse período. Acho importante ter essa medida, até mesmo para não espalhar o vírus”.

Essa recomendação de usar as máscaras dentro da escola, não é para todas as crianças, são para as mais grandinhas, principalmente, se tem sintoma gripal. Na realidade, essa recomendação é para qualquer pessoa, se tiver em uma unidade de saúde, por qualquer motivo que você vai no hospital, tem que usar máscara. Outro ponto fundamental, é lavar as mãos, todas aquelas medidas impostas na pandemia, ficar em ambiente arejado, entre outras que já estamos cientes. Importante reforçar porque a gente tá passando por um aumento muito grande de doenças respiratórias.

Estamos com muitos bebês, menos de dois meses, recém-nascidas, com casos de doenças respiratórias. Tivemos, nesta quinta-feira (25), um caso de um bebê de 28 dias, com sintomas de gripe. Atualmente, os pais têm o habito de levar os recém-nascidos para as aglomerações, perdeu-se aquela nossa cultura, que o bebezinho ficava em casa nos primeiros meses de vida. O sistema imunológico do bebê é muito frágil, temos percebido esse aumento de casos nessa faixa etário.

Procura em hospitais

Informativo da Prefeitura, dados coletados da CURG (Coordenadoria da Rede de Urgência da Secretaria Municipal de Saúde), aponta que de um dia para outro o número de pessoas em busca de atendimento quase dobrou. No domingo (21), foram registradas 3.975 consultas, já na segunda-feira (22) esse número aumentou para 6.445, ou seja, 2.470 pessoas a mais. Em relação ao dia anterior, houve um aumento de 46% no atendimento adulto sintomático e 28% no infantil.
Ainda foram contabilizados, no dia 21 de abril, 854 pacientes adultos atendidos, enquanto no dia 22 de abril foram 1.593. Já em relação ao atendimento infantil, foram 638 no domingo e 658 na segunda-feira. Devido esse aumento na demanda, a Sesau envio um número expressivo de profissionais, na segunda-feira foram deslocados 20 profissionais da EMAC para as unidades durante o período diurno, sendo 15 clínicos e 05 pediatras, somados aos 72 médicos escalados. As seis UPAs e quatro CRSs concentraram 91 médicos ao longo do dia.
Rede particular também revelam aumento na demanda de doenças respiratórias, por esse motivo também tiveram que ampliar o número de profissionais, assim como fazer a readequação do espaço físico e dispor cabine digital para agilizar o atendimento.
“No mês de abril, em específico, nas últimas duas semanas, aumentou a quantidade de sintomas respiratórios leves, consequentemente, a procura no pronto atendimento e teleatendimento, tanto na parte adulta, tanto na parte infantil. Os principais sintomas são tosse, cogestão nasal, dor no corpo, febre. Entre as doenças em alta, o mais comum é a influenza, mas a maioria dos sintomas são leves, não requer internação”
A secretária municipal de Saúde, Rosana Leite de Melo, alerta para um aumento no número de casos de viroses respiratórias e gastrointestinais, o que reforça a importância dos cuidados diários e a manutenção da chamada etiqueta respiratória.
“É importante que a população entenda que estamos registrando muitos casos de doenças respiratórias e que aquelas medidas já conhecidas, como a higienização adequada das mãos, uso de máscaras em casos de pessoas com sintomas, além da vacinação, por exemplo, precisam ser reforçadas. É fundamental que haja esse cuidado”, disse.
Questionada sobre as doenças com a maior incidência, a secretária confirmou que são os casos de rinovírus, covid e influência. “A maioria não é especificada, ou seja, a gente não consegue fazer um diagnóstico, mas o rinovírus, covid, influência, vírus respiratórios estão causando várias internações”, pontua.

A médica alerta para os sintomas e orienta os pacientes com comorbidade e falta de ar a procurarem atendimento médico com emergência. “A população que ficamos mais preocupados são pessoas que tem comorbidades, que são outros fatores de riscos e podem agravar o estado. Na população infantil era esperado o aumento de casos, e alguns casos necessitam a internação, pelo fator de riscos nas crianças. Nas outras populações percebemos que não houve aumento na internação, porque a maioria dos sintomas são leves, e quando acontece são por conta de outras doenças que o paciente já apresentava”.

Surto de VSR aproxima-se da covid-19 em óbitos de crianças

s dados divulgados pela FIOCRUZ (Fundação Oswaldo Cruz) afirmam que a VSR (Vírus Sincicial Respiratório) responde por 57,8% do total de incidência e mortalidade de síndrome respiratória aguda grave. O aumento expressivo envolve casos recentes e as vítimas mais suscetíveis são crianças de até dois anos idade. Outros vírus respiratórios que merecem destaque nas crianças pequenas são o rinovírus e o Sars-Cov-2.

O crescimento da influenza A, infecções relacionadas ao respiratório humano, aproxima-se do percentual de óbitos provocados pela Covid-19 nas últimas quatro semanas, revela a Fiocruz. Segundo dados epidemiológicos, a prevalência de óbito foi de 32% de influenza A, influenza B com 0,3%, vírus sincicial respiratórios 10,8%, enquanto a Sars-CoV-2/Covid-19 53,9%. Apesar disso, a Covid-19 ainda tem amplo predomínio na mortalidade de idosos, que também é a faixa etária que mais se destaca em relação às mortes por SRAG.

Por Inez Nazira e Ana Cavalcante

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *