Em pelo menos três cidades de Mato Grosso do Sul, listas com nomes de empresas que seriam apoiadores do PT, começaram a circular nas redes sociais, intituladas: “Lista de Comércio petista para não consumir em Campo Grande-MS”, “Comércio petista em Naviraí” e Lista de Comércio petistas de Dourados”, de acordo com a divulgação tais informações estariam sendo feitas para boicotar empresas que supostamente seriam apoiadores do partido.
Na Capital, pelo menos 30 lojas foram citadas na lista. Alguns dos estabelecimentos inclusive postaram notas de esclarecimentos em suas redes sociais, se mostrado apartidários e informando que seus colaboradores têm direito de escolha e que respeitam todas as opiniões. Eles informaram também que medidas cabíveis judiciais serão tomadas para tratar das notícias propagadas. Nas cidades de Dourados foram 56 citados na lista, entre lojas, empresas e profissionais autônomos. Já em Naviraí foram mais de 20 empresas.
O jornal O Estado, foi até o centro de Campo Grande para conversar com os comerciantes e saber como a notícia da lista impactou, grande parte dos comerciantes informaram que sabiam da existência da mesma, mas não quiseram se manifestar sobre o assunto.
Apenas o logista César Nogueira, 54 anos aceitou falar com a equipe, ele afirmou que independente de escolha política é uma atitude errônea da parte de quem criou essas informações, pois o país é democrático. “Primeiro que os comerciantes não fazem distinção de público, ninguém fica na porta da loja querendo saber em quem a pessoa vota para atender ou não”, afirmou.
A ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande) informou que tem conhecimento sobre a circulação de uma lista nas redes sociais com empresas que não seriam indicadas devido ao posicionamento político. A entidade não tem conhecimento da origem dessa listagem. A ACICG considera que a atitude gera prejuízo ao setor empresarial e repudia esse tipo de retaliação ou qualquer outra forma de boicote motivado por questões políticas.
O presidente da CDL (Câmara de dirigentes lojistas), Adelaido Vila, destacou que tais informações que estão sendo divulgadas e repassadas, se tratam de fake news. “A CDL Campo Grande está acionando o seu setor jurídico para tratar de todas as providências com o MPE (Ministério Publico Eleitoral), buscando os responsáveis por tal atitude discriminatória, podendo gerar inclusive danos a empregos, empresas e negócios”, disse.
Direitos Constitucionais
De acordo com a advogada Amanda Romero, o que está acontecendo, além de um ato antidemocrático de intolerância política, é um ato contra o livre comércio e liberdade de expressão.
O código eleitoral (legislação específica) prevê no crime de Injúria Eleitoral, expressa no Art. 326. “Aquele que se sentir vítima de referido crime, poderá registrar boletim de ocorrência, provocando a investigação pela autoridade policial, onde serão ouvidos aqueles que lhe forem atribuídos a autoria do crime, inclusive no meio digital (redes sociais)”.
Além disso, caso seja confirmada alguma espécie de Fake News, também poderá abrir direito de resposta aos ofendidos, sem prejuízo dos crimes cometidos, ou seja, poderão os autores sofrer mais um processo, na esfera criminal, eleitoral e também cível, de indenização.
Por Camila Farias – Jornal O Estado do MS.
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Oxe também é direito das pessoas comprar de quem se alinha com ela. País democrático ? Nem tanto né E onde está a notícia falsa ? ( falando em português)