No Brasil, oito imunizantes do calendário infantil registram alta em 2023
O Ministério da Saúde comemora o aumento na procura pelas vacinas de rotina em todo país, que sofreu uma queda bruta desde 2016, com piora nos anos pandêmicos. Para as crianças com um ano de idade, os imunizantes contra hepatite A, poliomielite, pneumocócica, meningocócica, DTP (difteria, tétano e coqueluche) e tríplice viral 1ª dose e 2ª dose (sarampo, caxumba e rubéola) registraram crescimento. Também houve aumento na cobertura da vacina contra a febre amarela, indicada aos nove meses de idade.
No Mato Grosso do Sul, a estratégia montada recebeu o investimento de R$ 7 milhões, enviados aos municípios de acordo com o mapa demográfico, para a realização de ações fora do horário e locais tradicionais de vacinação.
A queda na procura de vacinas foi tão séria que a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) lançou, em abril de 2022, um relatório afirmando que o Brasil tinha a segunda pior taxa de vacinação em bebês da América Latina, ficando atrás apenas da Venezuela.
Segundo o Observatório da Atenção Primária à Saúde da associação Umane, o país atingiu a menor cobertura em 20 anos em 2021, quando a média nacional ficou em 52,1%. Um exemplo foi a procura pela vacina BCG, aplicada em bebês para combater a tuberculose, que possuía cobertura de 120% e caiu para 60%.
Para o gerente de imunização da SES (Secretaria de Estado de Saúde), enfermeiro Frederico Jorge Moraes, houve uma mudança no comportamento da população, além da propagação de desinformações. Com isso, foi necessário pensar em outras formas de alcançar as pessoas e tentar mudar a situação.
“Acreditamos que a queda na procura foi uma soma de vários fatores, assim como a retomada. Para recuperar os números, fizemos uma campanha de comunicação forte e efetiva, disponibilizamos vacinas e oferecemos atendimento em horários e locais diferenciados. Tudo isso faz parte do projeto MS Vacina Mais, que teve investimento financeiro de sete milhões de reais para os municípios realizarem ações, pago de acordo com as metas e execução de cronogramas”, explica o gerente.
Segundo Frederico, a primeira fase do projeto recebeu a adesão de 74 municípios, que somaram a aplicação de 224 mil doses a mais. A segunda fase foi uma versão drive-thru, com bases montadas nas unidades militares, que resultou em mais de 20 mil doses aplicadas. Já a terceira consistiu em levar doses para as escolas e realizar atualização das cadernetas dos alunos. Os recursos financeiros enviados foram usados para pagamento dos servidores que atuavam, estilo horas extras, e custeio dos deslocamentos.
“Às vezes, podem considerar um aumento pouco significativo. Um exemplo é a [vacina] Tríplice Viral, que não atingia a meta fazia cinco anos, de uma doença aqui da fronteira, e agora atingimos a meta, já no mês de outubro. As coberturas das outras vacinas estavam na casa dos 60%, hoje estão em mais de 80%”, enfatiza o gerente.
Em nível nacional, conforme o Ministério da Saúde, ao comparar 2022 com 2023, a cobertura vacinal de hepatite A passou de 73% para 79,5%. O primeiro reforço da pneumocócica passou de 71,5% para 78%, neste ano. A polio alcançou 74,6% de cobertura, ante os 67,1% do ano passado. Entre as vacinas indicadas para menores de 1 ano de idade, a que protege contra a febre amarela foi a que apresentou o maior crescimento, passando de 60,6%, no ano passado, para 67,3%, neste ano, sendo que todos os Estados registraram aumento de cobertura vacinal.
Conforme dados da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) de Campo Grande, de julho a setembro de 2023, houve repasses de R$ 420 mil para a realização de ações. A quantidade de pessoas alcançadas ainda não pode ser estimada, pois não há os números consolidados do último ano.
Imunização contra dengue
O PNI (Programa Nacional de Vacinação), do SUS (Sistema Único de Saúde), anunciou que a Qdenga, vacina contra dengue desenvolvida pelo laboratório japonês Takeda Pharma, será incorporada ao calendário de rotina. Porém, ainda está na fase de elaboração dos protocolos que definem questões mais práticas, como envio das doses aos Estados, públicos prioritários e demais ações que envolvem a aplicação. (Com informações da colunista Mariana Varella, do UOL)
Incorporada vacina da covid-19 no Calendário de Vacinação
Desde o dia 1º de janeiro que a vacina contra a covid de crianças de seis meses a menores de cinco anos está no Calendário Nacional de Vacinação. Nas crianças, a recomendação do Ministério da Saúde é aplicar a primeira dose da vacina aos seis meses de idade, a segunda aos sete meses e a terceira, aos nove meses.
Além do Brasil, hoje, mais de 60 países autorizaram a vacinação de crianças a partir do final de 2021, a exemplo da Austrália, França, Itália, Israel, Canadá, Japão, Reino Unido, Portugal, Espanha, Indonésia, Peru, Chile e Uruguai. Segundo, o Ministério da Saúde a medida foi tomada com base em evidências científicas mundiais e dados epidemiológicos de casos e óbitos pela doença no país.
A pasta federal explica ainda que no Brasil, os números demonstram que as crianças não estão isentas das formas graves e letais da doença, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIMP). Conforme dados, entre janeiro e agosto de 2023, foram registrados 3.441 casos e 84 óbitos de SRAG por covid-19 na população menor de 1 ano de idade.
“A covid-19 é uma doença nova e é a que mais mata hoje, no Brasil e se espalha pelo mundo. Já tivemos 4 mil pessoas morrendo por dia, no nosso país. Hoje, depois da vacina, passamos a ter um controle maior. A média diária de óbitos é de 42 pessoas. Por isso, o alerta é importante e deve ser constante. A vacina é a principal medida de combate ao vírus e às formas graves da doença. As doses estão disponíveis em todas as Unidades Básicas de Saúde”, afirmou a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, do Ministério da Saúde, Ethel Maciel.
Esquema vacinal
A vacinação terá como foco as crianças de 6 meses e menores de 5 anos. Nessa faixa etária, o esquema vacinal completo contará com 3 doses, que deverão ser aplicadas seguindo os intervalos recomendados: 1ª dose para a 2ª dose: intervalo de 4 semanas; e 2ª dose para a 3ª dose: intervalo de 8 semanas. A criança que tiver tomado as três doses em 2023 não vai precisar repetir doses, neste ano.
Após os 5 anos de idade, apenas as crianças que integram os grupos prioritários é que receberão uma dose de reforço em 2024. São eles: imunocomprometidos; com comorbidades e deficiência permanente; indígenas; ribeirinhos; quilombolas; que vivem em instituições de longa permanência e em situação de rua. Esses grupos são os que têm maior risco de desenvolver as formas graves da doença.
Por Kamila Alcântara
Confira mais notícias na edição impressa do Jornal O Estado do MS.
Acesse as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram