Em MS, Corumbá tem maior possibilidade de deslizamentos provocados por temporais

Bombeiros
Foto: Divulgação

Estudo indica 24 cidades com risco de enchentes, inundações e movimentos de massa no Estado

Após a tragédia vivenciada no litoral de São Paulo, onde as chuvas provocaram desabamentos e inundações, a engenheira sanitarista e ambiental Dóris Garisto Lins informou ao jornal O Estado que em Mato Grosso do Sul, mesmo não tendo uma topografia que permita ocorrências de tais magnitudes, a cidade com a maior possibilidade de deslizamentos é Corumbá.

Além disso, o Mapa de Prevenção de Desastres, divulgado pela CRPM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais), mostrou que 22.331 pessoas vivem em área de risco em 24 cidades de Mato Grosso do Sul.

A engenheira salientou, ainda, que tudo isso decorre das inundações, além de serem consequência de uma série de ações do homem que não respeitam o espaço da natureza, então, com o tempo, ela toma o seu lugar de volta.

“Ocupação desordenada de áreas de risco, falta de planejamento habitacional, ocupação de áreas ribeirinhas são alguns dos fatores que podem acarretar deslizamentos e desabamentos”, disse.

Dóris ainda informou que, atualmente, existem ações que minimizam as cheias e mapeiam as áreas de risco. “É importante que esse mapeamento seja atualizado constantemente, e aqui em Campo grande está sendo atualizado o Plano Municipal de Saneamento Básico, que envolve água, esgoto, drenagem de água pluvial e a questão do lixo, que estão diretamente ligados às consequências dos períodos de chuvas”, explicou.

As afirmações de Dóris ficam claras no relatório divulgado pela CPRM do Ministério de Minas e Energia, que mostrou que o risco para inundação é muito alto em três pontos, localizados nos municípios de Miranda e Ponta Porã, com impacto para 278 pessoas. Em Miranda, o primeiro ponto de alerta fica às margens do rio com o mesmo nome da cidade, e o segundo fica na MS-339, que possui casas construídas nas proximidades, sendo atingidas pelas chuvas de maneira recorrente.

Já em Ponta Porã, o perigo mora na Rua Corumbá, no Jardim Aeroporto, com risco para 70 pessoas, às margens do Córrego São Estevão. O diagnóstico relata residências em ruas sem pavimentação, com pequenos comércios locais, igrejas, além de estação de captação de água.

Cabe destacar que o maior problema apresentado no relatório para os municípios do Estado se dá em relação às áreas com alto e muito alto risco a enchentes, inundações e movimentos de massa. Sendo assim, o levantamento indica que as cidades com risco geológico em Mato Grosso do Sul são: Anastácio, Aquidauana, Bataguassu, Batayporã, Bela Vista, Bodoquena, Bonito, Camapuã, Campo Grande, Corumbá, Costa Rica, Coxim, Dourados, Guia Lopes da Laguna, Itaquiraí, Ivinhema, Jardim, Ladário, Miranda, Mundo Novo, Nioaque, Ponta Porã, Porto Murtinho e Três Lagoas.

Conforme o Gerente de Planejamento e Reconstruções da Defesa Civil de Mato Grosso do Sul, agente Sandoval, cabe aos municípios realizar o mapeamento das áreas de risco. “Nós recebemos os planos de contingência, para só então, identificarmos as áreas mapeadas. Em 2022, recebemos os planos de aproximadamente dois ou três municípios”,disse. Manutenção dos córregos

O geógrafo, doutor em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional, Fabio Martins Ayres disse ao jornal O Estado que a manutenção dos córregos é um fator importante para reduzir o risco de alagamento e enchentes.

“Precisamos compreender que a drenagem urbana, é um sistema que acontece na micro (ruas e casas) e macro drenagem (rios e drenagens).

Entendo que o custo de obras de engenharia para a drenagem é muito cara e somente ela não é capaz de mitigar o problema, mas existe a necessidade da criação e implementação de instrumentos não estruturantes como: carta geotécnica, Plano Diretor de Drenagem e Plano Municipal de Saneamento Básico.”

Campo Grande tem 43 pontos de risco para inundações

Em contrapartida, outro fator que preocupa quem reside em Campo Grande, onde não existem pontos de desabamento, são as enchentes. De acordo com a Defesa Civil municipal, em dois anos, o número de pontos críticos cresceu 30,30% em Campo Grande, passando de 33 em 2020 para 43 locais até janeiro de 2023.

Na Capital, apesar do aumento, os pontos mais críticos, segundo o coordenador municipal da Defesa Civil, coronel Armindo de Oliveira Franco, continuam sendo a rotatória da Avenida Ernesto Geisel com a Avenida Rachid Neder, a região do Parque das Nações entre as Avenidas Afonso Pena, Dr. Paulo Machado, Mato Grosso e Nelly Martins e o ponto entre a Rua Joaquim Murtinho e a Avenida Ricardo Brandão, locais que devem ser evitados durante temporais.

Para a reportagem, o major Centurião, da Defesa Civil, informou que os maiores problemas enfrentados pela população da Capital em dias de temporais, além dos pontos críticos de alagamento já citados, são quedas de árvores que ocasionam falta de energia, e também destelhamento de casas, principalmente em áreas periféricas.

“Esses são nossos grandes problemas decorrentes de fortes chuvas, mas infelizmente, nós não temos poder sobre os fenômenos ambientais, então ficamos sujeitos a essas situações”, afirmou.

Questionado sobre de quem seria a responsabilidade diante dos fatos, o major disse que cabe à gestão municipal realizar ações de prevenção. “O Poder Executivo faz o possível para controlar esses problemas, mas existem pontos de alagamentos que só aparecem após uma quantidade excessiva de chuvas, então não conseguimos prever.”

Mapa

Foto: Divulgação

Por Tamires Santana – Jornal O Estado do MS.

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