Em MS, 85,9% das famílias que recebem Auxílio Brasil são chefiadas por mulheres

Crianças
Foto: Marcos Maluf/O Estado Online

Percentual representa 174.967 lares

Em Mato Grosso do Sul, a maioria das famílias beneficiadas com o Auxílio Brasil é chefiada por mulheres. Do total de 203.712 que receberam o pagamento em setembro, 174.967 foram destinados para mulheres, ou seja, 85,9%. Os dados são da Secretaria Nacional de Renda de Cidadania do Ministério da Cidadania.

Neste mês, o Estado ocupa o 5° lugar no recorte dos estados que possuem mulheres como responsável. Mato Grosso do Sul fica atrás de Goiás (88,2%); Rondônia (87,8%); Tocantins (86,4%) e Mato Grosso (86%).

Ainda conforme a secretaria, a região com o maior percentual de lares chefiados por mulheres é o Centro-Oeste, com 86,8% das famílias protagonistas do sexo feminino. Em seguida, aparecem as regiões Norte (83,2%), Sul (83,1%), o Sudeste (81,7%) e o Nordeste (80,4%).

Na comunidade do Mandela, a equipe do jornal O Estado encontrou a Sandra Micaela dos Reis Araújo, de 34 anos, que sustenta seis filhos sozinha. “A situação já era difícil, mas por conta dos preços elevados de tudo, está cada vez pior. Faço de tudo para conseguir sobreviver, pois preciso cuidar e alimentar meus filhos.”

Atualmente, Sandra está desempregada e não consegue emprego, pois tem de cuidar das crianças. “Às vezes consigo fazer diária, mas mesmo assim não consigo arcar com todos os custos do ‘barraco’, ainda mais com os pequenos”, lamenta.

Ela conta que, nas vezes em que foi chamada pelo pai de algum dos filhos, foi para receber apenas R$ 50. “O que vou comprar e fazer com esse valor. Hoje em dia não se compra mais nada. Então, prefiro criar meus pequenos sozinha, é sofrido, mas vamos batalhando a cada dia. Meu filho mais velho, de 15 anos, faz ‘bicos’ para não atrapalhar os estudos. Mas já falei que o principal para ele é estudar”, afirma.

Outro exemplo é a empregada doméstica Daiane Duarte do Espírito Santo, de 41 anos. “Não consigo comprar nem 50% do que eu comprava antigamente.” Daiane é divorciada e mora com as duas filhas, de 9 e 16 anos.

De acordo com ela, o salário que recebia proporcionava comprar várias coisas para as filhas, mas, atualmente, a situação está bem diferente. “Lembro que ia ao mercado e fazia uma compra de R$ 400 para o mês e comprava bastante coisa, mas agora não dá. Compro o básico para o dia a dia, que é o arroz, feijão e ovo.”

Na visão da economista do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Andréia Ferreira, o cenário é desafiador.

“As mulheres acabam trabalhando mais em condições precárias, ganhando menos e responsáveis por mais atribuições e, ainda, quando trabalham. No qual, na maioria das vezes, os homens não assumem a paternidade e não ajudam financeiramente. Cabe destacar também que o Auxílio Brasil não é sequer o valor de um salário-mínimo”, dispara.

Auxilio

Foto: Nilson Figueiredo

Nacional

A pesquisa mostra que oito a cada dez responsáveis familiares que receberam o Auxílio Brasil em setembro deste ano são mulheres. Em termos de repasses, as mulheres são protagonistas do gerenciamento de R$ 10,19 bilhões dos R$ 12,47 bilhões que serão investidos neste mês.

Levando em conta o programa como um todo, o valor médio recebido por família em setembro é de R$ 607,52.

De agosto para setembro, 453 mil famílias foram incluídas e o Auxílio Brasil chegou ao patamar inédito de 20,65 milhões de famílias contempladas.

Por Marina Romualdo – Jornal O Estado

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