Em dois anos, alagamentos na Capital saltaram de 33 para 43 pontos críticos

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Foto: Marcos Maluf

O alto volume de chuva aliado à falta de drenagem e de limpeza em bueiros agrava o problema  

Nos últimos dois anos, o número de pontos críticos com risco de alagamento e inundações em Campo Grande cresceu 30,30%, passando de 33 em 2020 para 43 até janeiro de 2023, de acordo com a Defesa Civil Municipal. O problema acende um alerta para toda a população, já que a previsão é de chuvas moderadas e fortes, com raios e rajadas de vento para os próximos dias. 

De acordo com o coordenador municipal de Proteção e Defesa Civil, major bombeiro militar Pedro Centurião Filho, a orientação é de que a população evite passar por esses locais em dias de chuvas intensas. 

“Nós temos 43 pontos de alagamentos que são pontos críticos aqui em Campo Grande. Depende da quantidade de chuvas, dos milímetros, para que eles alaguem. Diante disso, nós orientamos a que as pessoas não trafeguem por esses locais quando estivermos com chuvas intensas”, alertou. 

Segundo o major, as principais causas de alagamentos, além do volume elevado da água da chuva, são as inundações em razão da defasagem do sistema de drenagem da Capital e do aumento da impermeabilização do solo após pavimentação. 

Problema este que foi confirmado pela Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos), a qual, mesmo sem informar com que frequência ou em quais locais são feitas as limpezas e manutenções dos bueiros, adiantou que um plano de drenagem está sendo construído pela Planurb (Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano) e Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana), em parceria  com uma empresa especializada. 

“Os pontos de alagamento são muitos. A Sisep entra com o trabalho de manutenção, limpeza de bueiros, desobstrução de galerias, recomposição das vias danificadas, etc. Portanto, trabalha com resolução dos problemas de forma paliativa. A resolução do problema será a implementação e execução do Plano de Drenagem de Campo Grande, que está sendo construído. Posteriormente, a prefeitura terá de buscar no governo federal os recursos para essa obra que são de grande vulto”, revelaram em nota. 

Entre os 43 pontos críticos de alagamento destacam-se os seguintes pontos: Avenida Calógeras; Gunter Hans; Rachid Neder; Avenida Professor Luiz Alexandre com a Mato Grosso; Rua Ivan Fernandes com a Avenida Professor Luiz Alexandre; Avenida Campestre com a Thyrson de Almeida; Via Parque e rotatória da Coca. 

Nossa equipe de reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Campo Grande para confirmar quais seriam os pontos críticos de alagamento, bem como que ações estariam sendo executadas para sanar os problemas. No entanto, até o fechamento desta reportagem não tivemos retorno. 

Mas, conforme apurado pelo jornal e em parceria com a população, os alagamentos recorrentes a cada chuva ocorrem em bairros como Jardim Noroeste, Jardim Canguru, Jardim Imá, Los Angeles, Jardim Oliveira, Vila Nasser, Monte Castelo, Jd. Carioca e bairro Santo Antônio, entre outros. 

Por fim, o Corpo de Bombeiros Militar e a Defesa Civil, via Ciops (Centro Integrado de Operações de Segurança), emitiram um alerta de cuidado e prevenção para a população, principalmente para motociclistas e pedestres que trafegam por esses pontos críticos em dias de chuva. Confira: 

“Evite caminhar pelas ruas e perto das sarjetas para não cair em bueiros abertos. Se estiver de carro, fuja de áreas alagadas e busque o caminho mais seguro. Caso a água comece a tomar a rua e for possível sair do veículo em segurança, abandone-o e abrigue-se em locais altos. Não transite por locais onde não se consegue ver o solo/asfalto. Não arrisque e sempre mantenha a calma”, recomendaram.

Previsão do tempo

O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) emitiu um alerta de perigo (laranja) de tempestades em todo o Estado. São esperadas chuvas moderadas e fortes acompanhadas de tempestades com raios e rajadas de vento. Para hoje (1º), na Capital, a temperatura deve permanecer entre 22°C (mínima) e 29°C (máxima), com previsão de chuva de 20mm. 

“A condição permanece para todo o Estado com muitas nuvens com pancadas de chuva e trovoadas que podem  ser localmente fortes. O alerta laranja se mantém e com isso as chuvas podem ter valores significativos em boa parte do Estado”, afirmou o meteorologista do Inmet, Cleber Souza. 

Já segundo o Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima) são esperados acumulados significativos de chuvas, acima de 50 mm em 24h. E, conforme o meteorologista, Natálio Abrahão, na tarde de ontem (31) choveu 40,3 mm no bairro Carandá Bosque e 15,6 mm na região da Embrapa.

O meteorologista destacou ainda que o mês de janeiro de 2023 foi recordista no volume de chuvas dos últimos 25 anos. “Estamos concluindo o estuda, mas tudo indica que este será o janeiro mais chuvoso dos últimos 25 anos em Mato Grosso do Sul. Também é provável que o Pantanal volte a ter enchentes, estamos analisando”, apontou Natálio.

Bairros alagados

Conforme noticiado pelo jornal O Estado Online, choveu mesmo que seja rapidamente na Capital, diversos bairros sofrem com alagamentos. São eles: Los Angeles, Jardim Oliveira, Vila Nasser, Monte Castelo, Jd. Carioca e bairro Santo Antônio. Sem falar no sofrimento das famílias que convivem há anos com este problema. 

Na região dos Los Angeles, comerciantes afirmam que precisam tomar providências para não perder os produtos e não ter mais estragos. Vanessa Santana, 26 anos, e Mariana Rezende, 20 anos, são funcionárias de uma conveniência na Rua Valdir Ribeiro Soares com a Av. dos Cafezais e as duas repetiram a mesma frase: que quando chove “fecham o comércio, para não ter prejuízo. Fica impossível vender”. Tudo porque na frente do comércio alaga e venta bastante; elas fecham a conveniência para proteger o local de não ter mais estragos. 

Elas detalharam que a água sobe muito rápido e, rindo de nervoso, contam que o local se torna um verdadeiro “córrego prosa”. A chuva já arrancou forro, estragou a televisão do local e acabam sendo obrigados a fechar as portas para proteger a conveniência e precisam fechar até conseguirem abrir novamente, contou Rodrigo Pereira, proprietário.

Por Suelen Morales  – Jornal O Estado do MS

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