El Niño: número de focos de incêndio é 168% maior neste ano

queimadas pantanal
Foto: Marcos Maluf

Em 40 dias, Mato Grosso do Sul registra 424 focos de incêndio

Mudanças climáticas acendem alerta para o aumento nos casos de incêndios em Mato Grosso do Sul. Durante o mês de fevereiro e março, a previsão é de que a situação persista, com chuva escassa, propiciando os incêndios em diversas áreas de mata.

Pesquisa do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) mostra que os casos de incêndio no Estado aumentaram em 168%, quando comparado ao mesmo período do ano passado, de primeiro de janeiro a vinte e um de fevereiro. O número superou até mesmo os anos de 2022 e 2021.

Dados mostram ainda que em 2021 foram 14 casos, 2022 ao todo foram 312 focos, já em 2023 chegando a 158. O número de focos detectados pelo satélite de referência mostra 424 no Mato Grosso do Sul, 5,7 % de todo país, quinto no ranking, desses 151 são na cidade de Corumbá, região pantaneira onde se concentram grandes incêndios.

Este ano, o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul já atuou em dois incêndios de grandes proporções, na Serra do Amolar – no Pantanal -, e na região do Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro, em Miranda.

Conscientes da necessidade de uma maior capacitação, durante dois dias os instituições como a Semadesc, Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), Corpo de Bombeiros, Cemtec, brigadistas, Ibama, ONGs e representantes da cadeia produtiva da pecuária e florestas debateram no Centro de Convenções Rubens Gil de Camilo, no 1º Seminário de Incêndios Florestais 2024 de MS, novas medidas de prevenção preparação, resposta, responsabilização e reabilitação ambiental. O seminário é o primeiro de uma série de eventos previstos para ocorrer em 2024 pela Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação).

Mudanças climáticas

Com influência direta do fenômeno El Niño, a situação climática extrema e atípica em Mato Grosso do Sul pode contribuir para a ocorrência de incêndios florestais no Pantanal e nos outros biomas do Estado – Cerrado e Mata Atlântica.

As chuvas estão abaixo da média em todo o Estado desde dezembro de 2023, e a previsão é de que o déficit de precipitação persista e provoque danos ambientais, com ampliação de área seca e intensificação de casos de incêndios florestais.

O meteorologista Vinícius Sperling, do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul), explica que em todo o Estado, com as chuvas abaixo do esperado há quase três meses, a situação deve se agravar nos próximos meses. Os dados são consolidados a partir do monitoramento de 48 municípios, com informações do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico) e Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais). “Em dezembro de 2023, tivemos chuvas abaixo da média histórica em 39 municípios analisados. Já em janeiro deste ano, a situação não foi diferente, em 41 municípios houve déficit de precipitação. Sem acúmulo de água no solo, os rios estão com níveis mais baixos, é reflexo da falta de chuva”, pontua o meteorologista.

O El Niño alterou as condições de temperatura e precipitações, com anomalias que provocaram situações extremas – de máximos e mínimos volumes – de chuvas, umidade relativa do ar, além de calor.

Fabiano Morelli, pesquisador do Programa de Monitoramento de Queimadas por Satélites do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), explica que em dezembro de 2023, boletim mensal sobre o fenômeno El Niño já apontava previsão de condições mais secas do que o normal durante o mês de janeiro deste ano. “A análise explica toda a situação do El Niño. A quantidade de chuvas tem sido abaixo do esperado em toda a região central do Brasil, e a temperatura está acima da média. O fenômeno age nos períodos secos e quentes, mantendo a situação assim no centro do País, e provocando precipitações intensas, com inundações e enchentes no sul”, explicou Morelli.

O relatório do Inpe, elaborado em conjunto com Inmet, ANA e Cenad (Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres), apresentou o monitoramento e previsões sobre o fenômeno em 2023, e também informou sobre possíveis impactos este ano.

Por Kamila Alcântara e Thays Schneider.

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