Desorganização, tumulto e vazamento de provas marcam processo seletivo da SED

Foto: Reprodução
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Foi realizado neste domingo (17) em Campo Grande, o processo seletivo para cadastro reserva para professores temporários da SED (Secretaria de Estado de Educação). A realização da prova foi cercada por tumulto, calor e até vazamento do caderno de questões.

Em vídeos divulgados em grupos de professores, a faculdade Uniderp, um dos locais de prova, estava com a entrada completamente lotada de candidatos, que tentava passar pela catraca que dá acesso às salas de aula. O processo seletivo foi realizado pelo Instituto Avalia.

Além disso, antes do fim da prova, houve um vazamento do caderno de questões, divulgado em grupos de conversas do WhatsApp. A reportagem teve acesso à prova, que foi escaneada e mostrava às questões de ‘Conhecimentos de Legislação Educacional’, ‘Conhecimentos Pedagógicos’ e ‘Conhecimentos Específicos’.

Segundo o edital do processo, a prova teria duração de três horas, o candidato só poderia se ausentar, em definitivo, da sala após uma hora do início da aplicação, não sendo permitido a saída, em qualquer momento, com o caderno de questões, “de modo que será fornecida pelo Instituto Avalia folha específica para rascunho, na qual o candidato poderá anotar, manualmente, as alternativas marcadas na respectiva Folha de Respostas, permitindo sua posterior conferência a partir do Gabarito Oficial Preliminar da Prova Escrita Objetiva”. Exemplares da prova só seriam disponíveis para consulta por meio da página oficial do certame.

A reportagem também recebeu prints de conversas de grupos de candidatos, que denunciavam a falta de organização no processo, o vazamento da prova, falta de cadeiras, salas de aula lotadas, fiscais despreparados e até falta de ventiladores ou ar condicionado. A máxima registrada ontem em Campo Grande foi de 36,4°C.

“Lugar mal organizado, abriram o portão após às 13h, por isso aquele inferno para entrar”, relata uma candidata. ” Na minha sala, começamos a prova depois de 20 minutos atrasados dos demais, por conta de falta de cadeira para pessoas que escrevem com a mão esquerda. Desorganização total, […] a fiscal, quando começou a entregar o caderno, já mandou começar a prova quem ia recebendo”, relata outro.

Em outra conversa, candidatos denunciam a atitude despreparada dos fiscais. “A fiscal externa entrou na sala de avaliação com celular ligado, nas mãos e dizendo que tinha recebido mensagem da Avalia para permitires os candidatos saírem com o gabarito, pois a instrução era outra […] fora a fiscal de sala que só parou de tagarelar depois da revolta da sala”.

“Eu fiquei totalmente desestabilizada para fazer a prova, calor, super cheio, perdida, a sala quente e ar não funcionava direito. E o que mais me indigna é que sabiam a quantidade de pessoas”, desabafa outra.

Um candidato que não quis se identificar, reiterou para a reportagem que houve muitos erros na condução da prova. “Informaram que teríamos que esperar até o final da prova para levar o rascunho do gabarito. Em momento algum isso estava exposto no edital. Depois (devido à repercussão negativa), voltaram e disseram que após 1 hora de prova poderia levar”, disse. O candidato também disse que na sua sala problemas como ventilador fora de funcionamento foram identificados.

Outra candidata, que não quis se identificar, disse que a entrada foi muito desorganizada. “Os aplicadores, mal instruídos, começou atrasada, pouco tempo para encontrar a sala, pois havia muitas pessoas. Liberaram somente o portão principal, as pessoas se espremia para poder entrar, não colocaram a vista, cartazes mostrando as salas, somente foram indicando os blocos”. As questões, segundo eles, foram complexas, apresentando dualidade de respostas e perguntas confusas.

Retorno

O Instituto Avalia divulgou nota sobre o processo e sobre o vazamento da prova, repudiando a prática de vazamento, e deve apurar e responsabilizar criminalmente a conduta do responsável.

“O Instituto nega veementemente o vazamento das provas ou a quebra de sigilo do material, que permaneceu sob guarda e escolta. Afirmamos que, em hipótese alguma, qualquer candidato tenha escaneado a prova dentro da sala de aula. O que ocorreu é que, decorrido mais da metade do tempo de prova, uma pessoa mal-intencionada, descumprindo o edital e as instruções recebidas, conseguiu sair com um exemplar das provas e compartilhá-la nas redes sociais”.

Ainda segundo a nota, o instituto reforça que o vazamento “não coloca em risco a lisura do certame, uma vez que era impossível a comunicação dos candidatos em sala com o meio externo”, e que os candidatos, ao saírem para os banheiros, passavam por detector de metais.

“O Instituto AVALIA reitera seu compromisso pela lisura e isonomia nos processos seletivos que
realiza, em especial o certame ao qual esta nota se refere, e informa que atuará em conjunto com os
órgãos de segurança do estado do Mato Grosso do Sul para apurar, identificar e punir o candidato
infrator, que utilizou de meio ilícito para retirar o exemplar da prova do local de aplicação. Tal atitude criminosa não ficará impune”, finaliza.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação da SAD (Secretaria de Administração), organizadora do processo seletivo, e não obteve retorno até o fechamento da matéria. O canal segue aberto para manifestação da pasta.

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