Depois de enfrentar a notícia do feminicídio da filha adotiva, desejo de Simone é lutar pela guarda da neta

Simone com a filha Natalin. Foto: Arqivo pessoal.
Simone com a filha Natalin. Foto: Arqivo pessoal.

Três dias após ter a filha do coração, Natalin Nara Garcia de Freitas Maia de 22 anos, assassinada pelo marido na última sexta-feira(4) o desejo de sua mãe adotiva é o de terminar de criar a neta que ficou orfã aos 4 anos de idade.

A primeira lembrança que vem a memória da farmaceútica, Simone Vilela de Jesus é de ver a filha sentada no chão brincando com as crianças no último encontro na cidade de Sonora a 360 quilômetros de Campo Grande.

“A última vez que nos vimos foi no Natal. Foi muito divertido e ela como sempre era a alegria de todos. A ‘Naninha’ como a chamávamos carinhosamente aqui em casa, era molecona daquelas que sentava no chão para brincar com as crianças e sempre fazia todos rirem. Excelente mãe e exemplo de mulher. Meu desejo é repassar todos esses conceitos a minha neta também do coração”, Afirma Simone, mãe adotiva de Natalin.

A mãe de Natalin afirma que, além do crime que vitimou sua filha o que mais doi é a distância da neta.

“Vou tentar com a família biològica a guarda da minha neta. Minha intenção é conversar e explicar a situação. A única pessoa que a minha neta tinha presente, eramos nós aqui de casa. Desde o primeiro dia do nascimento dela. Ela Já perdeu o pai e já perdeu a mãe. E agora vou lutar para cuidar dela, assim como fiz com a Naninha”.

Mesmo sem ter parentesco sanguíneo, ela relembra com nostalgia a fase em que a filha mais velhas de três irmãs de 6 e 19 anos, foi morar na casa dela aos 12 anos de idade.

“Ela não era minha filha de sangue, mas me ajudava em tudo. Sempre esteve ao meu lado. Era minha confidente. Nos tornamos melhores amigas. Daquelas que ficavam a noite inteira conversando e parecia que o tempo não passava”, recorda.

Ao O Estado Online, a famaceutica diz que no último domingo(6), o acusado ainda ligou em seu telefone dizendo que Natalin havia desaparecido.

“No domingo ainda nos falamos e ele me disse que ela tinha desaparecido. Foi quando, como sempre, comecei a dar conselhos. Disse que ninguém era obrigado a ficar junto e que se necessário eles deveriam se separar”, enfatizou.

Simone relata que o casal tinha perfis diferentes e sempre brigavam e quando ela presenciava as brigas procurava conversar na tentativa de ajudar o casal.
“Eles tinham perfis completamente diferentes. Ela sempre alegre e sorridente. Ele sempre fechado e discreto. Nunca pensei que poderia passar por isso. Receber uma ligação dele e na sequência a Polícia Civil me dizendo o corpo de minha filhahavia sido encontrado jogado às margesn de uma rodovia”.

Sobre o perfil do genro, Simone diz que nunca imaginou que ele fosse capaz de comer tanta atrocidade.

“Ele nunca demonstrou decontrole. Sempre foi um bom pai e pelo menos na minha frente agia normalmente como qualquer ser humano. Niguém espera que uma pessoa que você cria com tanto carinho e dedicação seja morta dessa maneira tão cruel”, enfatizou.

A farmaceutica afirma que não tem ódio do acusado e que segundo ela o perdão vem de Deus.

“Se hoje ele fosse colocado em minha frente eu apenas perguntaria porque que ele fez isso e qual motivo de tanta frieza e crueldade?”. O Que vai acontecer com ele não é da minha alçada. Deus me deu a missão de amar as pessoas e não de julgar. Nada que eu disser irá justificar a atitude dele e nada que ele dizer vai explicar a morte da minha filha. Só queria acordar e ver que tudo não passa de uma mentira”.

Prisão
Sobre a prisão do acusado a Simone diz que é o mínimo que poderia ter sido feito. “A prisão dele é o mínimo. Pelo menos um momento de reflexão. Se vai durar 10,20 ou 30 anos, fica a cargo da justiça, mas ele precisa pensar no sofrimento que está nos fazendo passar”, diz.

O caso

Segundo as informações da Polícia Civil, amigos e familiares da vítima estavam a procura da jovem que sumiu na última sexta-feira(4). O principal suspeito é o marido, um militar da força aérea brasileira. A Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), começou as investigações e foram na residência do casal, na segunda-feira (7). Lá, encontraram o celular da vítima em cima do guarda roupas, com o autor alegando ter guardado.

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