Após 11 horas de júri, ele foi condenado a quatro anos de reclusão e Jodimar, a cinco anos e três meses
Por Rafaela Alves – Jornal O Estado MS
Onze anos depois da morte de Marielly Barbosa Rodrigues o ex-cunhado, Hugleice da Silva, 38 anos, e o enfermeiro Jodimar Ximenes Gomes, 51 anos, foram condenados por causar a morte da jovem, à época com 19 anos, durante aborto e jogar o corpo em um canavial. Após o julgamento, que durou 11 horas, o júri considerou ambos culpados e Hugleice teve a pena total de 4 anos e Jodimar, de 5 anos e 3 meses. O regime de prisão estabelecido pelo juiz Cláudio Pareja, para os dois, é o semiaberto.
Entretanto o advogado de defesa de Hugleice, José Roberto da Rosa, afirmou a O Estado que já recorreu da decisão junto ao TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul). “Eu tenho o prazo legal de cinco dias, mas não quis perder tempo e entrei com o pedido já nesta sexta-feira (16)”, assegurou. Ele informou ainda que vai pedir redução da pena e transformar o regime semiaberto em aberto.
“Meu cliente foi condenado a pena de três anos pelo crime de aborto com resultado de morte e por um ano pelo crime de ocultação de cadáver, que esse um ano, inclusive, já está prescrito. Mas ele não estava quando começou o julgamento. No entanto, depois que o juiz estabelece a pena, passa-se a ter o direito de executar e neste caso o crime prescreveu, porque você usa a pena que o juiz aplicou e neste caso foi de um ano.”
O advogado de Hugleice explicou, ainda, que existem os marcos interruptivos dentro da contabilidade do tempo de prescrição e que, neste caso, o tempo é de sete anos e seis meses. “Funciona assim, você cometeu o crime, começa o gatilho da prescrição. Interrompe com recebimento da denúncia. Dispara o gatilho da prescrição. Interrompe no caso de crime contra a vida com a sentença de pronúncia. Dispara o gatilho da prescrição e interrompe com o acórdão do Tribunal de Justiça. Então o maior lapso temporal que nós temos aí é da data que o juiz recebeu a denúncia que é em 2011 até a data que foi proferida a pronúncia que é 2019. Então nós temos sete anos e seis meses de marco temporal”, esclareceu.
Já com a defesa do enfermeiro Jodimar, o advogado David Olindo, de Sidrolândia, a equipe não conseguiu contato para saber quais os próximos passos e se ele também recorrerá da decisão. Vale lembrar que ambos podem apelar para responder o processo em liberdade. Antes de o julgamento começar na última quinta-feira (15), o advogado destacou que provaria que seu cliente não teve participação nenhuma no crime, ou seja, era inocente.
Revelações
Existia muita expectativa com o julgamento, principalmente com o interrogatório de Hugleice e com a possibilidade de que ele revelasse quem era o pai da criança que Marielly estava esperando. No entanto, não foi isso que ocorreu. Em plenário na quintafeira (15), Hugleice reafirmou que nunca se relacionou com a cunhada, mas revelou que foi quem pagou para que o enfermeiro realizasse o procedimento. Sobre a paternidade, Hugleice garantiu que Marielly nunca divulgou, mas que chegou a receber ameaças de outros detentos quando esteve preso pela primeira vez para que deixasse quieta essa questão de quem seria o pai.
Acompanhe o caso: Caso Marielly: ex-cunhado e enfermeiro são condenados
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