Cores verde e amarelo invadem a Capital em ano de Copa e eleições

bandeira brasil copa eleições
Imagem: Reprodução/Valentin Manieri
O uso da bandeira reacende o sentimento de patriotismo e amor pela nação

Por Suelen Morales – Jornal O Estado do MS

As cores da bandeira do Brasil retornaram às ruas de Campo Grande neste ano de eleições e de Copa do Mundo. O verde e amarelo já invade casas, comércios, carros e motocicletas em diferentes bairros da Capital. Mais do que um artigo de decoração, o uso da bandeira representa para muitos um sentimento de patriotismo e de amor pela nação brasileira.

O presidente da República e candidato à reeleição, Jair Messias Bolsonaro (PL), faz o uso recorrente das cores da bandeira do Brasil aliado aos slogans: “Brasil acima de tudo” e “Deus, pátria e família”. Desde as eleições de 2018 o país passou a viver o fenômeno chamado de bolsonarismo, em que o uso das cores verde e amarelo se torno parte importante e identificatória de seu eleitorado.

Para entender mais sobre como a população está vivenciando este ano com Copa do Mundo e eleições o jornal O Estado percorreu as ruas da Capital, passando pelos bairros Jockey Club, Carandá Bosque, Chácara Cachoeira, Centro e Vila Carvalho, conversando com os compatriotas sobre este fenômeno nacionalista.

O militar da reserva Hermenegildo Basual Filho, 73, hasteou a bandeira do Brasil na frente de sua residência no bairro Jockey Club e colocou uma faixa em seu portão com a imagem de Bolsonaro. “Durante muito tempo após o regime militar nós perdemos um pouquinho daquela identidade, do civismo e patriotismo. Bolsonaro é o único candidato que como eu coloquei aí, leva o lema Deus, pátria e família. Ele é um candidato cristão, ama a pátria e defende a família, os valores da família. Minha família, meus filhos seguem toda essa diretriz, são todos cristão, graças a Deus!”, contou o militar.

Compartilhando do mesmo sentimento de patriotismo e ansioso para as comemorações da Copa do Mundo, o comerciante Leonardo Correia, 41, levou a decoração do Brasil para dentro de sua loja. “O nosso patriotismo reacendeu, ressurgiu com o Bolsonaro presidente. Ele que levantou a bandeira, defendeu a nossa pátria, porque a gente já tinha esquecido. E também junto vem a Copa do Mundo que vai ser um evento relevante e estaremos torcendo pelo Brasil. Hoje mesmo encomendei uma outra bandeira, maior ainda, de 3×2 metros, pra colocar na vitrine da loja”, revelou.

Percurso histórico

No entanto, a simbologia do uso da bandeira e de suas cores não surgiu apenas com Bolsonaro. Esse fenômeno foi vivido durante a ditadura militar e no governo de Fernando Collor, em 1989, como explicaram os profissionais em sociologia e história ao jornal O Estado.

Conforme a etimologia do termo, “patriotismo” que tem suas origens no latim “patriótis”, tem o significado de “do mesmo país”, “terra natal” ou “terra paterna”. E, por muito tempo na história, o amor à pátria foi considerado somente o apego ao solo. Mas isso mudou e passou a assimilar noções de tradição, costumes, orgulho da própria história e até símbolo político-partidário.

De acordo com o professor de história Marcelo Garcia Rosa, o uso de símbolos nacionais em momentos históricos sempre foi recorrente. “Durante a ditadura militar, muitas vezes o regime utilizou da bandeira e do patriotismo como instrumentos de dominação política e social. Dois exemplos desses momentos foram as Copas de 1970 (auge dos ‘Anos de Chumbo’ da ditadura) e na de 1978 (ditadura já em decadência). Porém, em 1983 e 1984, anos finais do Regime Militar, o povo brasileiro, quase que geral, utilizou desses símbolos, principalmente a camisa amarela da seleção pra pedir eleições direitas para presidente da República. O movimento das Diretas Já”, relembrou.

Ainda segundo o professor, nessa época não havia a bipolarização característica de hoje. “Todos viam com orgulho a camisa canarinho. Tanto que a seleção mais amada por toda essa geração é a de 1982. Atualmente os símbolos nacionais, incluindo as cores da bandeira, foram apropriadas pela extrema-direita com finalidade de valorização do Governo Bolsonaro. E infelizmente hoje isso fez com que muitos se recusassem a usá-los”, observou Marcelo.

Para o sociólogo Paulo Cabral, a bandeira nacional tem uma simbologia própria feita por ocasião da proclamação da República e que possui uma forte influência do positivismo que norteava muitos dos republicanos. “O verde simboliza a natureza, a riqueza vegetal do país, o amarelo seria o ouro, um dos ciclos econômicos mais importantes, o azul representando o céu com as estrelas se referindo a cada unidade federada e o branco que representa a paz”, explicou.

Cabral relembrou ainda que, nas escolas, havia o hastear a bandeira e cantar do Hino Nacional. “Continua sendo um símbolo nacional, a bandeira é de todos os brasileiros. Existe até o Hino da Bandeira, que a gente aprendia na escola. Era um hino que algumas vezes vinha no verso dos cadernos de brochura que nós usávamos, sempre muito reverenciado”, recordou.

Veja também: Eleições marcam história da democracia no Brasil com muitas variantes polêmicas

Leia a edição impressa do Jornal O Estado do MS.

Acesse as redes sociais do O Estado Online no Facebook Instagram.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *