Consumidor não sente impacto com variação de preço do café

(Fotos: Cayo Cruz)
(Fotos: Cayo Cruz)

Menor valor encontrado na pesquisa é vendido a R$ 12,49

Entre os dias 09 e 10 de maio, o Procon Municipal de Campo Grande fez um levantamento, onde foi apontada uma variação de 59% nos preços do café na Capital. Ao verificar os valores de 43 produtos das principais marcas do mercado, em pelo menos 10 estabelecimentos comerciais, sendo seis supermercados e quatro atacadistas, a pesquisa constatou que o menor preço praticado nos produtos de 500 gramas foi de R$ 12,49 e o maior preço de R$19,90. Já nos itens de 250g, o menor valor encontrado foi de R$7,25 e o maior de R$11,49. No entanto, mesmo com as variações, profissionais do setor e consumidores não têm reparado as oscilações.

A aposentada Nilza Faria Lima, 79, argumenta que não tem sentido os preços aumentados. Conforme pontua, por morar sozinha, dois pacotes de 250 gramas são suficientes para utilizar durante o mês todo. “Eu compro duas vezes. Em 15 dias eu ocupo um, depois eu ocupo o restante. Eu gosto do caboclo porque acho ele mais forte. Eu sou sozinha, então dá para comprar bem. Eu faço uma vez por dia, só de manhã. O preço tá razoável e eu compro mais aqui [no Pires] porque é mais perto de casa”, explicou a aposentada.

O subgerente do Supermercado Pires, Mike Cabral, 28, argumenta que não tem sentido uma oscilação forte nos preços nos últimos quatro meses. Conforme argumenta, quando o preço sofre alterações, é sempre entre a faixa de R$ 0,20 a R$ 0,30 centavos. “A última vez tem uma alteração considerável, já deve ter uns três ou quatro meses. Aqui depende da marca, nossa média sempre está na faixa dos R$ 15 ou R$ 16, a maioria deles. Tem uns que são mais baratos e tem uns que são mais caros, depende da marca, da qualidade do café também”, esclarece o subgerente.

Conforme apurado no supermercado Pires, a reportagem do jornal O Estado verificou que o café Meridional e o café Brasil, de R$ 500 gramas, era vendido a R$ 14,49, já o café Agricultor era comercializado a R$ 14,90, enquanto o três corações era vendido a R$ 16,98 e o Café Brasileiro a R$ 14,89. No estabelecimento, o volume de recebimento mensal, fica em uma média de 50 a 70 caixas por mês, contendo 10 pacotes em cada uma, que de acordo com o subgerente, saem o mês inteiro. “Até os mais caros não costumam ficar parados não, sempre tem um bom giro”.

O subsecretário do Procon, José da Costa Neto, explica que a pesquisa é fundamental para orientar os consumidores sobre as opções disponíveis no mercado. “Observamos uma grande porcentagem na variação de preços, o que demonstra a importância de pesquisar antes de comprar. Além disso, é essencial lembrar que preço não deve ser o único fator considerado, a qualidade do produto também deve ser levada em conta”.

Cafés refinados e diferenciações

O gerente comercial do café Kanto de Minas, Julio Maia, explica que a variação de preços vem, sobretudo, da bolsa de valores. De acordo com os preços oscilantes na bolsa, isso resultará no consumidor final. Para ele, a qualidade do café é essencial para diferenciar valores. “O café é o seguinte, o preço varia de um valor para o outro, porque depende do café. Tem o café de mercado, tem o café puro, café especial e tem diferença. A gente tem o café que vem da fazenda, tem todo o processo da fazenda, que não tem mistura. O café pra ser especial ele tem que ser acima de 84 pontos e aqui a gente vende um café de 86 a 88 pontos, já compramos até 89 pontos, mas é difícil de achar”, esclarece o gerente.

Conforme pontua, existem diferenciações nos tipos de café comercializados. Geralmente o café de mercado é selecionado, mas não é puro, existem misturas e impurezas, que inclusive interferem no sabor. “Esse café selecionado, muitos que vendem no mercado tem mistura. Aí eles torram o café e fica aquela torra escura, bem preto, aí eles acham que o café é forte, mas não é. Eles torram muito para esconder a impureza e você não vê, por exemplo, toquinhos que vão no meio, as misturas como palha e toco”, destaca Maia sobre a qualidade do produto que vai de selecionado, a gourmet – geralmente encontrados em mercados, até chegar no especial, que é vendido no estabelecimento Kanto de Minas, que possui qualidades que variam e chegam a uma marca de R$ 29,90 a R$ 58,90.

Conforme revela Fernando Barbosa, presidente da Associação dos Cafeicultores do Sudoeste de Minas Gerais, o setor produtivo enfrenta desconforto devido à incerteza na quantidade que será colhida pela safra 2023/24, esse está resultando em rendimentos abaixo do esperado. “Tanto o café arábica quanto o conilon/robusta sofreram quebras significativas devido a altas temperaturas em dezembro, resultando na queda de uma porcentagem dos grãos no chão. O aumento dos níveis de blending nos cafés brasileiros foi uma resposta dos consumidores que aceitaram nas gôndolas essa mistura. Agora os produtores estão atentos às altas temperatura que vem a cada ano aumentando. Com a diminuição da oferta de robusta e conilon, os preços no Brasil subiram acima de mil a saca, levando os compradores a adquirirem papéis de compra na bolsa e impulsionando os preços. A notícia da redução na qualidade dos grãos nas peneiras, certamente trará mais insegurança ao mercado em relação aos preços. No entanto, o mercado é volátil e, assim como entra em compras na bolsa, também pode entrar em vendas”, expôs.

Por Julisandy Ferreira

 

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