Consórcio tenta reunião com prefeitura e sindicato para evitar greve geral na sexta-feira

Tarifa de ônibus dourados
Foto: Valentin Manieri

Os trabalhadores do transporte coletivo decidiram nesta segunda-feira (3), após assembleia, realizar uma greve geral na sexta-feira (7). O motivo seria o não cumprimento do acordo do reajuste de salário por parte do Consórcio Guaicurus. O Consórcio, por sua vez, afirma não ter como pagar se a prefeitura da Capital mantiver o decreto que limita o reajuste das passagens em 5% e tenta uma reunião com as partes para discutir o tema.

De acordo o presidente do STTCU-CG (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo e Urbano de Campo Grande), Demétrio Ferreria de Freitas, um acordo para o reajuste salarial de 11,08% para os trabalhadores foi firmado em novembro de 2021, no qual o Consórcio se comprometeu com valor. Porém, agora, o reajuste não seria mais possível por conta do valor da passagem de ônibus.

“Ficou acertado [com o Consórcio] o seguinte: assim que saísse [o reajuste da tarifa de ônibus], eles nos pagariam retroativo ao mês de novembro”, disse. “Só que, com decreto [que limita reajuste] para 5% o aumento da tarifa, eles alegaram que não tem como cumprir o que foi acordado com a gente”, explicou.

Segundo Freitas, se não houver um posicionamento do Consórcio Guaicurus até quinta-feira (6), a Capital amanhecerá sem ônibus operando já na sexta-feira, e sem data para retorno. Se isso se concretizar, o transporte público deve atender apenas algumas categorias com o é o caso dos profissionais da saúde. Para a população em geral, não. “Já estamos avisando os segmentos”, disse.

O presidente do Consórcio Guaicurus, João Rezende, disse ao O Estado Online que busca uma reunião com o prefeito Marquinhos Trad para tratar do tema. “Temos que sentar com a prefeitura, com o sindicato, com a câmara [municipal]”, disse. “Estamos tentando uma reunião para amanhã”, completou.

Rezende destacou que vai procurar o sindicato para tratar da questão da greve, mas confirmou que não há condições de pagar o que foi acordado com o STTCU-CG. “Não temos como assumir compromisso financeiro sem ter receita para isso”, disse. O reajuste pedido pelo Consórcio é de 21,93%, o que elevaria o preço da tarifa para R$ 5,12.

Por sua vez, o diretor-presidente da Agereg (Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Campo Grande), Odilon Júnior, explicou para a reportagem que o cálculo apresentado pelo Consórcio está fundamentado, principalmente, na variação do preço do diesel e no reajuste do salário dos trabalhadores.

“A variação do diesel foi de 49% ao longo deste ano. Outro fator também é o reajuste salarial dos motoristas, que é 10%, isso pesa muito na tarifa”, explicou. “Agora, a Lei de Mobilidade permite que o prefeito vincule uma tarifa pública e uma tarifa técnica. Fica a critério dele a decisão”, disse, se referindo a uma possível reavaliação do decreto.

Decreto

Foi decretado na última quarta-feira (29) que as concessionárias que oferecem os serviços públicos de água, esgoto, terminal rodoviário e transporte coletivo só podem fazer reajuste até 5% em 2022. Com isso, a tarifa de ônibus que foi pedida pelo Consórcio Guaicurus, de R$ 5,12, cairia para R$ 4,41.

É este decreto que, segundo Rezende, impede que o Consórcio tenha receita para arcar com o valor acordado com o sindicato dos trabalhadores de transporte coletivo.

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